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DO ADOECIMENTO AO TRATAMENTO: ATUAÇÃO DO PSICO-ONCOLOGISTA NO TRATAMENTO DE ADOLESCENTES COM CÂNCER

Foto do escritor: Gilsom Castro MaiaGilsom Castro Maia

Atualizado: 22 de jun. de 2020

FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS (FMU) - CURSO DE PSICOLOGIA



GILSOM DE CASTRO MAIA

ORIENTADOR: Prof.ª FERNANDA INSAURRALDE


DO ADOECIMENTO AO TRATAMENTO: A ATUAÇÃO DO PSICO-ONCOLOGISTA NO TRATAMENTO DE ADOLESCENTES COM CÂNCER.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo verificar a atuação do psico-oncologista no atendimento psicológico a adolescentes com câncer, a importância da intervenção do psicólogo no contexto oncológico, bem como a eficácia destas intervenções. O objetivo da pesquisa será aprofundar os estudos sobre a importância das intervenções e atuações psicológicas em adolescentes com câncer, tendo como justificativa compreender os benefícios percebidos pelo paciente a partir da atuação deste profissional. O método de pesquisa deste estudo foi construído por meio de revisão bibliográfica realizada nas bases de dados da SciElo, PePSIC, SBPH e Google Acadêmico entre os anos de 2000 e 2016.

Palavras chave: Câncer, adolescente, intervenção psicológicas, atuação do psicólogo, aspectos emocionais e psicooncológica.

INTRODUÇÃO

O interesse de realizar esta pesquisa surgiu da importância do atendimento do psico-oncologista ao paciente adolescente com câncer, pois o processo de adolescência é uma fase com muitas transformações, principalmente psicológicas, físicas e sociais. Este estudo teve como objetivo contribuir com o atendimento do psico-oncologista e compreender a vivencia do adolescente com câncer.

Segundo o Ministério da Saúde o câncer é considerado como a terceira causa de morte em crianças e adolescentes entre 1 e 14 anos de idade, mediante a incidência das variáveis psicológicas relacionadas a essa doença, os aspectos psicossociais do tratamento percebemos a importância de estudos na área para constatarmos o aumento de sobrevida e da possibilidade de entendimento das necessidades globais da criança e do adolescente. (Rodrigues e Camargo, 2003; Patenaude e Kupst, 2005 apud Motta e Enumo, 2010).

O CÂNCER

De acordo com os estudos realizados (INCA, 2010) o câncer pediátrico representa de 0,5% a 3% dos tumores da população em geral, sendo que os mais comuns no cenário internacional são: as leucemias, os linfomas e os tumores do Sistema Nervoso Central. No entanto, a leucemia é o tipo com maior prevalência na população infantil, ocorrendo geralmente em pacientes abaixo de 5 anos de idade e o câncer infantil acomete cerca de cem a cada milhão de crianças (Instituto Nacional do Cân­cer [INCA], 2010 apud Scannavino; Sorato; Lima; Franco; Martins; Morais; Rezende e Valério, 2013).

O câncer é uma doença que se caracteriza pela perda do controle da divisão celular e a capacidade de invadir outras estruturas orgânicas (metástases), pois essas células tendem a ser muito agressivas e invasivas, determinando a formação de tumores, desencadeados a partir de um crescimento celular desordenado. O tratamento para o câncer pode ser a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia ou o transplante de medula óssea, sendo necessária, em muitos casos, a combinação dessas modalidades (Instituto Nacional de Câncer, 2009 apud Christo e Traesel, 2009).

Atualmente a alta incidência do câncer, coloca esta doença como um dos principais males da humanidade, independentemente de sexo, idade ou classe social. A frequência dos tumores no sexo masculino é de próstata, pulmão, estômago, cólon e reto e esôfago, enquanto no sexo feminino, predominam os cânceres de mama, colo uterino, cólon e reto, pulmão e estômago. (Landsksron, 2008 apud Christo e Traesel, 2009).

Nosso organismo é uma obra quase perfeita, que ao se relacionar com o outro e com o mundo, pode provocar alterações significativas para si próprio e para o meio ambiente e a partir disso, ocorrerem alterações inesperadas de saúde e doença. A saúde e à doença é um diálogo entre o corpo e a mente, onde o trabalho, o estresse, o acordar, o dormir, o passear são experiências emocionais que oferecem suporte para o funcionamento imunológico que estão interligados, diretamente, ao fator genético da saúde, mas que também existem fatores externos como: fumo, exposição ao sol, dentre outros que também contribuem negativamente. (Liberato, 2008 apud Christo e Traesel, 2009).

O câncer age sobre a vida dos pacientes nos mais diversos âmbitos, bem como nas pessoas relacionadas ao paciente, fazendo com que o campo da psico-oncológica vá além dos aspectos médicos, devido as suas características e necessidades de tratamentos agressivos e de longos prazos (Bearison & Mulhern, 1994; Herman & Miyazaki, 2007; Lourenção et al., 2010).

DO ADOECIMENTO AO TRATAMENTO: A PERCEPÇÃO DO ADOLESCENTE

Ao ser diagnosticado com câncer, o paciente passa a se confrontar com questões ligadas à morte, gerando nele um sentimento de vulnerabilidade e perda de controle sobre a própria vida. (Apud Fonseca e castro, 2016)

A possibilidade da morte, mobiliza a estrutura psíquica do paciente oncológico, mesmo quando existe grandes chances de cura, levando a um repensar na vida, originando mudanças de valores, revisão de pensamentos estabelecidos, descobertas de talentos, tudo isto pode trazer um enriquecimento na vida do paciente. (Veit, Chwartzmann e Barros, 1998 apud Grant e Traesel, 2010).

As pessoas também passam a incorporar estratégias de enfrentamento que podem estar centradas no problema ou na emoção, quando centradas no problema, o paciente busca administrar ou até mesmo alterar o problema ou o seu relacionamento com o ambiente que o cerca, no grupo centrados na emoção, as estratégias de enfrentamento tentam substituir ou regular o impacto emocional que a doença provoca. (Apud Fonseca e castro, 2016). Proporcionando o surgimento de processos defensivos, contribuindo com que os pacientes procurem não confrontar conscientemente com o seu problema e a sua realidade ameaçada, assim como estratégias voltadas para a realidade, buscando adaptação, remoção ou até mesmo uma tentativa para abrandar a fonte estressora. (Apud Fonseca e castro, 2016)

O diagnóstico em crianças com câncer traz muitas dificuldades, pois é necessário a criação de novas referências afetivas no período de internação para suavizar os sentimentos trazidos pelas limitações físicas do processo de tratamento, pois é mais fácil de se pensar em uma doença grave em adultos. (Gramacho, 1998 apud Grant e Traesel, 2010).

Quando se vê o sofrimento do pequeno doente o cuidado passa a ser cheio de inquietações, insegurança e impotência do cuidar e dos profissionais de saúde envolvidos. O cuidador sente a necessidade de compreender e imputar uma causa, para que a doença faça sentido e permita a compreensão do seu aparecimento, na tentativa de promover um alivio de suas aflições. (Apud Grant e Traesel, 2010).

Algumas vezes a doença é pensada pelos cuidadores como algo fatal e inevitável ou algo que aconteceu por falha sua, trazendo consigo, em muitos momentos, alguns sentimentos como medo, angústia e impotência para doente, familiares (Valle, 1997 apud Grant e Traesel, 2010).

O acompanhamento psicológico terá o intuito de evitar depressões, apoiar o paciente e seus familiares durante o tratamento, com intenção do reforço para a adesão ao tratamento, visando o melhor funcionamento do sistema imunológico para proporcionar uma melhor qualidade de vida. (Veit, Chwartzmann e Barros, 1998 apud Grant e Traesel, 2010).

A PSICO-ONCOLOGIA

A psico-oncologia é uma área da psicologia direcionada ao cuidado do paciente com câncer, atuando para minimizar os sentimentos de angústia e ansiedade do paciente (Christo e Traesel, 2009).

A oncologia é considerada a área da medicina que estuda o câncer e a psico-oncologia é uma área da psicologia direcionada ao cuidado do paciente com câncer, atuando para minimizar os sentimentos de angústia e ansiedade do paciente (Christo e Traesel, 2009).

A medicina e a psicologia estão inter-relacionadas, promovendo a psico-oncologia, tendo como objetivo ampliar o conhecimento para o atendimento e assistência integral do paciente oncológico. Sendo necessário levar em consideração todos os aspectos do paciente, sejam eles físicos, emocionais, espirituais, sociais ou culturais, proporcionando a qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas no processo do adoecimento; na prevenção do câncer, diagnóstico, tratamento, cura ou a terminalidade em qualquer das fases da doença (Bifulgo e Figueiredo, 2008 apud Christo e Traesel, 2009).

ATUAÇÃO DO PSICO-ONCOLOGISTA

É fundamental o suporte psicológico tanto para o paciente, quanto aos seus familiares no enfrentamento do câncer infantil. A experiência do adoecimento, principalmente em pacientes com diagnósticos de câncer, envolve o medo da morte, da perda, da aniquilação física e psíquica associado à separação física dos familiares e entes queridos, em razão dos isolamentos e frequentes deslocamentos em busca de tratamentos avançados (Oliveira e Paz, 2015).

Atualmente o suporte psicossocial direcionado ao paciente oncológico infantil e seus familiares é de grande importância, esse campo de atuação foi criado através da Portaria nº 3.535 do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União em 14 de outubro de 1998. A partir desta lei, o psicólogo é inserido em equipes profissionais de saúde, proporcionando acompanhamento psicológico a pacientes oncológicos (Sampaio e Löhr, 2008 apud Oliveira e Paz, 2015).

Foi publicada uma Portaria de número 3535 do Ministério da Saúde, no Diário Oficial da União, no final de 1998, determinando a presença obrigatória de profissionais especialistas em Psicologia Clínica, nos serviços de suporte ao paciente e profissionais da área de saúde, como um dos critérios de cadastramento de centros de atendimento em oncologia junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) (Grant e Traesel, 2010).

A atuação e intervenção do psicólogo no ambiente hospitalar passa a ser extremamente importante, no sentido de oferecer apoio, atenção, compreensão, suporte durante e após o tratamento de pacientes com câncer, entendimento dos sentimentos, esclarecimentos a respeito da doença e fortalecimento dos vínculos familiares. O trabalho com grupos de familiares torna possível criar e proporcionar reflexão e expressão de sentimentos, angústias, medos e fantasias, na tentativa de diminuir o impacto emocional vivenciado no adoecimento e tratamento da doença, ajudando a colocar essas pessoas a confrontar e entrar em contato com a realidade (Grant e Traesel, 2010).

O psicólogo, para realizar suas atividades, depende de seu único instrumento de trabalho: a palavra, ou seja, o trabalho clínico consiste em ajudar a pessoa a externalizar seus sentimentos e emoções através da fala (FREUD, 1980) (Christo e Traesel, 2009).

No ambiente hospitalar é preciso olhar para o doente e não para doença, pois o ser humano adoece na sua totalidade, lembrando sempre que ali existe um sujeito, não alguém que hoje está com um tipo de tumor e nomeá-lo como tal, ou seja, evidenciar o sujeito acometido pelo câncer dentro da sua história de vida. (Angerami-Camon,1994 apud Christo e Traesel, 2009).

Segundo estudos e pesquisas em psicologia hospitalar revelam que a escuta psicológica no hospital, possibilita ao paciente a manifestação de sentimentos relativos ao adoecimento e o apoia na compreensão de suas vivências dolorosas, assim como no tratamento, facilitando ainda a relação de confiança entre o paciente e a equipe de saúde, minimizando também os sentimentos de angústia e ansiedade do paciente durante o processo de adoecimento e a internação prolongada. (More et al., 2009; Sebastiani; Maia, 2005; Angerami-Camon, 2004 apud Christo e Traesel, 2009).

Trabalhar com pacientes oncológicos é envolver-se com a prevenção, visando ao atendimento integral durante o tratamento, a reabilitação e a fase terminal da doença no paciente para diminuir o sofrimento é peculiar ao processo da doença (Costa et al., 2009 apud Christo e Traesel, 2009).

Cabe ao profissional da psico-oncologia de resgatar os aspectos físicos e psíquicos, permitindo aos pacientes que eles revelem seus medos, desejos, emoções e sentimentos. Pois é de suma importância que nesse momento de grande desafio e profundos impactos subjetivos, o psicólogo (psico-oncologista) estar em contato autêntico e integral com este ser humano (Christo e Traesel, 2009).

O psicólogo hospitalar entra em cena quando a doença é algo real no corpo e toda a subjetividade do sujeito abalada. Neste momento oferece-se a escuta para esse sujeito doente, o qual vai falar de seus medos, ansiedades, sobre a doença, a vida, a morte, do que deseja, enfim de tudo que lhe angustia. A psicologia está interessada na subjetividade do paciente, devolvendo-lhe o lugar de sujeito que o paciente perde e a medicina tende afastá-lo disto. (Simonetti, 2004, p. 19 apud Christo e Traesel, 2009).

O atendimento do psicólogo pode se dar em qualquer dependência do hospital, de acordo com as necessidades que se apresentam (Veit, Chwartzmann e Barros, 1998 apud Grant e Traesel, 2010).

Quanto a atuação do psicólogo hospitalar, cabe a ele trabalhar na tentativa de manter, adequados ou não, os mecanismos de defesa da criança adoecida. A orientação familiar é necessária para que esta veja sua dinâmica antes e depois da doença se apresentar, pois, ela terá que refletir sobre as suas relações, procurando entender que seu ritmo e planos de vida, estarão temporariamente interrompidos, para que nesse momento, se veja de forma diferente. Assim, será possível trabalhar seus sentimentos de culpa e limites, transformando a dinâmica familiar e podendo trazer à criança seu desejo de viver sem que sua rotina de tratamento seja interrompido (Gramacho, 1998 apud Grant e Traesel, 2010).

O CONTEXTO HOSPITALAR

O trabalho do psicólogo hospitalar consiste em ajudar o paciente a passar por este processo de adoecimento e tratamento da doença, e a psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. (Simonetti, 2004 apud Christo e Traesel, 2009)

A área da psico-oncológica é considerada de atuação interdisciplinar, não vendo somente a doença, mas o indivíduo como um todo e dentro do contexto hospitalar, o processo saúde-doença em sua totalidade inclui todas as suas possibilidades, desde a vida até a morte, dá visibilidade à fragilidade e à dor humana, abrindo espaço para múltiplas vivências, quer seja de alegria e superação, de perdas, tristeza e depressão, sendo assim difícil imaginar a dor física sem perceber seus impactos subjetivos.. (More et al. 2009 apud Christo e Traesel, 2009).

O indivíduo que adoece de câncer passa por conflitos internos relativos ao deparar-se com experiências de dor, perda e lutos decorrentes da doença e do próprio tratamento.

O indivíduo que adoece com câncer passa por conflitos internos ao deparar-se com experiencias de dor, perda e lutos devido o tratamento e o próprio adoecer, mobilizando recursos psicossociais num esforço adaptativo para lidar com o estresse decorrente da enfermidade. Sendo necessário lidar e lutar frente ao diagnóstico de câncer, o enfrentamento vem sendo um fator relevante para a qualidade de vida, principalmente ao potencializar a esperança pode-se mudar a trajetória do tratamento do câncer. A esperança aparece na fase inicial do diagnóstico, e em geral, focalizada na cura, já na fase terminal, a esperança pode focalizar os aspectos gratificantes de viver o momento presente, proporcionando assim, no futuro, uma morte tranquila. O ambiente hospitalar necessita de profissionais bem formados, competentes, interessados e atualizados em questões humanas, físicas e psíquicas, ressaltando que o ser humano merece a consideração humana. O sucesso terapêutico independe da linha teórica do psicólogo no hospital, da consideração que se tem com o paciente hospitalar, porém depende diretamente da consideração que se tem com o paciente, da parceria na construção do processo terapêutico e da relação que se estabelece no atendimento (Lange, 2008 apud Christo e Traesel, 2009).

O paciente pode elaborar melhor a situação traumática a partir do conhecimento da doença e do desejo de ser ajudado pelo psico-oncologista. Diferente da clínica tradicional, no campo hospitalar a transferência é com o saber do médico, e a demanda pode ser criada a partir do pedido de falar sobre si (Moretto, 2008 apud Christo e Traesel, (2009).

OBJETIVO

O objetivo da pesquisa é aprofundar os estudos sobre a atuação e intervenção do psico-oncologista no atendimento do adolescente com câncer.

MÉTODO

I. Desenho do estudo: Neste trabalho adota-se uma estratégia de natureza qualitativa mediante revisão da literatura sobre o problema exposto. Segundo Marconi e Lakatos (2001), este tipo de pesquisa constitui-se em um levantamento de publicações sobre o tema que se escolheu pesquisar, sua leitura e posterior análise com o agrupamento em temáticas. Através da pesquisa bibliográfica, pode-se obter a solução de um problema ou ainda ampliar novas áreas de pesquisa sobre o mesmo.

II. Fontes de pesquisa: Será realizada revisão bibliográfica nas seguintes bases de dados: SciELO, PePSIC, SBPH, Google acadêmico e Revistas de periódicos de Psicologia.

III. Estratégia de pesquisa eletrônica: A pesquisa focará nos seguintes descritores em português: (1) “Câncer” (2) “Adolescente”; (3) “Aspectos emocionais” (4) “Intervenção psicológica” (5) “Atuação do Psicólogo” (6) “Psico-oncológica”.

IV. Seleção dos estudos: 1) artigos publicados entre os anos de 2000 e 2017, nas referidas bases de dados, que tenham como temática Câncer em adolescentes: aspectos emocionais e atuação do psicólogo. Somente serão selecionados artigos devido à sua maior circulação no meio acadêmico e profissional.

V. Critérios de exclusão: (1) capítulos de livros, dissertações (2) estudos com inconsistência de método, ou seja: que não apresentem objetivos claros e justificados, ou que os procedimentos metodológicos não sejam apresentados e discutidos.

Foram selecionados 37 artigos publicados entre os anos de 2000 e 2017. Os resultados levantados apontam a importância da atuação e o papel do psico-oncologista, no suporte emocional ao paciente adolescente com câncer, proporcionando que o paciente consiga compartilhar seus sentimentos, temores e medos adequadamente.

RESULTADO

A pesquisa é importante para identificar e examinar os aspectos emocionais do paciente adolescente e as principais formas de intervenção e atuação do Psicólogo no contexto oncológico, bem como a eficácia destas intervenções. Pretende-se ainda, a partir deste estudo, examinar a importância da atuação do Psicólogo na assistência oncológica, bem como os benefícios percebidos pelo paciente a partir da atuação e intervenção do psicólogo e do psico-oncologista.

A Psico-Oncologia surge das mudanças de opinião pública, desenvolvimento de conhecimentos e técnicas psicológicas, procurando entender o impacto do câncer nas funções psicológicas do sujeito, na família e nos profissionais da saúde envolvidos no processo de adoecimento e tratamento, assim como as variáveis comportamentais que possam aparecer no risco do câncer e na sobrevivência a ele. A atuação da Psico-oncologia é organizar o atendimento integral do sujeito, através de serviços oncológicos, visando à formação e aprimoramento de profissionais da saúde envolvidos em todas as etapas do tratamento. (Grant e Traesel, 2010).

As implicações psicológicas têm constituído posi­ção importante nos serviços especializados, devido ao fato da enfermida­de ser concebida como grave e crônica (Carvalho, 2008 apud Scannavino; Sorato; Lima; Franco; Martins; Morais; Rezende e Valério, 2013).

DISCUSSÃO

Considerando os artigos adotados e a partir do levantamento bibliográfico realizado para a pesquisa e análise das obras selecionadas pode-se considerar a importância da presença do psico-oncologista no processo terapêutico em pacientes com câncer, apontando nos estudos, que pacientes acompanhados por psicólogos e psico-oncologista durante o tratamento apresenta ganhos expressivos em vários aspectos como melhora da saúde; melhoria na tolerância aos efeitos do tratamento oncológico, melhoria da qualidade de vida e com tudo isto proporcionar uma comunicação melhor entre paciente, família e equipe.

Podemos deduzir que a partir da intervenção psicológica, o tratamento é eficiente desmistificando crenças errôneas, elaborando conflitos existentes, pois muitos pacientes voltam a ter prazer pela vida, trabalhando suas angustias, fortalecendo suas convicções, como também, existem fortes defesas em seu corpo, enfim, facilitando o paciente a obtenção de uma clara percepção sobre si mesmo. Voltam a ter prazer pela vida, trabalhando suas angústias, fortalecendo suas convicções, e de que existem poderosas defesas em seu corpo, como também que o tratamento é eficiente desmistificando crenças errôneas, elaborando conflitos existentes e, enfim, facilitando ao paciente a obtenção de uma clara percepção sobre si mesmo.

A experiência da Psico-oncologia possibilita demonstrar que esta abordagem permite a pacientes e familiares enfrentar as transformações provenientes do adoecimento pelo câncer de forma mais tranquila e adequada.

De uma forma geral, os textos selecionados, apresentaram a importância da intervenção do psicólogo e do psico-oncologista junto aos pacientes portadores do câncer, demonstrando os benefícios obtidos durante o processo de adoecimento e tratamento.

Apesar do número, elevado, de estudos realizados em relação ao tema trabalhado, poucos foram os que apresentaram os benefícios e o impacto positivo de uma abordagem Psico-oncológica. Estes trabalhos são importantes para uma maior valorização do psico-oncologista enquanto participante de uma equipe de apoio em unidades de atendimento oncológico, em nível ambulatorial como hospitalar.

Desta maneira, podemos destacar que os maiores desafios do psicólogo no ambiente oncológico é a falta de reconhecimento, por parte dos médicos e enfermeiros, quanto aos aspectos psicológicos dos casos em atendimento. Porém, deve ser levado em consideração que a chegada no ambiente hospitalar do Psico-Oncologista, para assistência aos casos de câncer é recente e sua atuação ainda é desconhecida ou distorcida, prejudicando muito a legitimidade deste profissional no contexto da Oncologia.

CONCLUSÃO

O câncer no Brasil se apresenta como uma das principais causas de morte, mostrando números alarmantes de casos novos nos últimos anos. O crescimento destes casos novos, junto às características desta patologia justifica a necessidade de incentivar e reforçar os cuidados paliativos com esses pacientes oncológicos, superando, desta forma, a assistência médica como única maneira de beneficiar os pacientes oncológicos.

A Psico-Oncologia, neste sentido se destaca de forma relevante como uma parte da psicologia, sobretudo se considerarmos o cenário desta doença na contemporaneidade.

O Psicólogo torna-se um profissional indispensável, diante do sofrimento que é característico durante de evolução da doença, uma vez que este poderá criar um espaço de acolhimento, escuta e reflexão para o paciente como para o grupo familiar, que também compartilha do sofrimento da doença.

Desta forma, a partir da análise da produção bibliográfica, foi possível verificar que a Psico-Oncologia atua na tentativa de propiciar uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes e familiares no processo de adoecimento e tratamento, facilitando o estabelecimento de estratégias de enfrentamento e superação frente ao câncer.

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