EDUARDO GERAQUE MARIANA LAJOLO ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
15/08/2016 02h00
Quando entrar no ginásio na segunda (15), às 14h, para tentar sua segunda medalha olímpica e fazer história, o ginasta Arthur Zanetti, 26, estará preparado para ter sua mente totalmente limpa.
"O grande objetivo do nosso treinamento psicológico é ampliar a capacidade do Zanetti de visualizar o movimento perfeito", diz Cristina Nunes, psicóloga do atual campeão olímpico das argolas há 11 anos.
De acordo com Nunes, que também trabalha com outros atletas olímpicos e paraolímpicos, no esporte, o importante é o acerto, e não o erro.
"A ginástica é muito cheia de detalhes. O importante é você perceber o seu corpo e conseguir que ele execute o movimento cada vez melhor." Até, quem sabe, chegar à perfeição. "Não trabalho com a questão do erro."
Sobre Zanetti, que contará com a torcida da psicóloga nas arquibancadas da Arena do Futuro, no Parque Olímpico do Rio, Nunes só tem elogios a fazer.
Para o trabalho funcionar, diz ela, é fundamental que o atleta, antes de mais nada, acredite naquilo.
"O Zanetti é muito aberto. E confia muito no trabalho. A força emocional dele é grande", diz. Essa é a receita ideal, segundo a psicóloga, para que tudo dê certo.
A disciplina do atleta, tanto para o treinamento técnico e físico quanto para o psicológico, também é essencial.
Questões como amarelar ou não, nem passam perto do trabalho de Nunes com Zanetti e com os outros atletas de que ela cuida. Muitos menos questões pessoais ou eventuais problemas, como ansiedade.
"Eles treinam muito. O importante é a mente estar focada naquilo", garante.
O trabalho da psicóloga com o atleta, no dia a dia, tem encontros de, no mínimo, duas vezes por semana. Sempre nos treinamentos técnicos, dentro dos ginásios.
Tudo sobre ginástica nas argolas - Arthur ZanettiEditoria de Arte/Folhapress
'NÃO GOSTEI'
Quando a psicóloga percebe que Zanetti não está gostando de algum movimento que ele está fazendo no aparelho, isso funciona como uma espécie de senha para as técnicas psicológicas entrarem em ação e ajudarem.
"O 'não gostei', que mostra uma certa frustração dele, indica que precisamos melhorar aquela parte da série."
Uma das técnicas utilizadas, diz, tem a ver com a linguagem usada por um atleta de alto nível como Zanetti.
"Mentalizar que é capaz, que consegue. Dizer que gosta do que faz funciona", diz.
No caso de Zanetti, que já conseguiu uma vez, o discurso sobre a eventual medalha que ele tem feito no Rio, corrobora o da sua psicóloga esportiva, que tem falado com ele nos dias antes da competição pessoalmente e por meio de aplicativos.
"Quero fazer o meu melhor. Ter um bom rendimento. Não estou preocupado com a medalha. Mas, se fizer uma boa série, ela virá", afirma Zanetti.
15/08/2016 02h00
www1.folha.uol.com.br/esporte/olimpiada-no-rio/2016/08/1802962-objetivo-e-visualizar-movimento-perfeito-afirma-psicologa-de-zanetti.shtml
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