top of page
Foto do escritorGilsom Castro Maia

SUOR E LÁGRIMAS - ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA NO ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO

Atualizado: 21 de jun. de 2020

RESUMO

No Brasil, a psicologia do esporte, ainda é vista como uma novidade para os psicólogos, que a reconheceram como uma especialidade da psicologia em dezembro de 2000, apesar da psicologia estar, há mais de um século, vinculada a trabalhos realizados dentro dos esportes. O esporte é um patrimônio cultural da humanidade e é dividido em duas abordagens, o esporte individual e o coletivo.

A ansiedade é um estado emocional que afeta a vida de muitos atletas, podendo se manifestar nas competições e treinos, desencadeando manifestações psicológicas e fisiológicas que podem beneficiar ou não o desempenho do atleta.

Quando falamos sobre ansiedade, devemos tomar cuidado com a confusão de conceitos em relação ao medo, pois ansiedade é um sentimento característicos do ser humano, que se manifesta quando o sistema nervoso central recebe excessiva agitação perante situações de perigo, tensão, entre outras emoções ou sentimentos. Para os atletas a ansiedade pode ser positiva e útil, negativa e prejudicial para o seu desempenho.

Não é por acaso que determinados atletas parecem exceder-se quando em prova, obtendo os seus melhores resultados em competições, ao passo que outros atletas apresentam resultados inferiores aos obtidos nos treinos ou as suas capacidades reais (BRITO, 2004).

A ansiedade dentro do campo desportivo é, hoje em dia, considerada um fator de extrema importância para um atleta, seja qual for a modalidade esportiva praticada.

Sob essa perspectiva, a psicologia do esporte, tem por objetivo o estudo das particularidades psicológicas da atividade esportiva e do atleta. Sendo assim, o presente trabalho busca apresentar um panorama das pesquisas e teorias disponíveis sobre a psicologia do esporte e enfatizar os fatores desencadeadores da ansiedade em atletas durante as competições, seus aspectos positivos e negativos e a influência do psicólogo sobre o modo de confrontar estas sensações pré-competitivas.

Palavras-chave: Psicologia; Esporte; Ansiedade; Psicologia do Esporte; Atleta

1. INTRODUÇÃO

Dentro do contexto das competições a ansiedade é um dos aspectos mais importantes para o desempenho dos atletas, o que se torna central no modo de ação dentro da competição, visto que se constitui em um estado de alerta.

As emoções constituem um dos principais assuntos desportivas, visto que os atletas, no que se refere a atividades, estão expostos a diferentes níveis de ansiedade (MARQUES, 2000).

Dentre os indicadores psicológicos, merece destaque a ansiedade, que pode ser definida como a reação do indivíduo frente a uma situação considerada ameaçadora pelo mesmo, o que produz determinada quantidade de estresse (PARAFFIT; JONES e HARDY, 1990). Além da reação a situações nocivas ou ameaçadoras, a ansiedade também pode resultar de questões frustrantes (SAMULSKI, 2009), consideradas agentes estressores. A ansiedade também pode ser considerada um estado emocional prolongado permeado por temor, apreensão, sensação de desastre iminente e de preocupação debilitante, sem nenhuma explicação racional, mas com possibilidade de provocar medo generalizado no indivíduo, causado pela expectativa de perigos, ameaças ou desafios existentes BARBATI, 1994; BERTUOL, VALENTINI, 2006).

A ansiedade é um estado emocional caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, além de estar associado com a ativação ou agitação do corpo. E é dividida em ansiedade-traço – o sujeito apresenta um perfil psicológico com características de ansiedade mais constantes, com tendência comportamental de perceber inconscientemente circunstâncias não perigosas como ameaçadoras. E ansiedade-estado – o sujeito pode estar passando por um momento específico de ansiedade, acompanhado de sentimentos de preocupação, nervosismo e tensão conscientes, gerados por uma situação em especial (WEINBERG e GOLD, 2001).

Um estado emocional alterado pode comprometer o desempenho do atleta e existem alguns fatores que influenciam nos estados pré-competitivos, e esse tem uma grande influência na qualidade e intensidade do momento da competição (SAMULSKI, 2002).

Os sintomas da ansiedade para o desempenho do atleta podem ser positivos (facilitadores) ou negativos (debilitadores). Para entender totalmente a ansiedade pré-competitiva é preciso examinar a intensidade (quanta ansiedade o atleta sente) e a direção (se é uma ansiedade facilitadora ou debilitadora) da ansiedade. Ou seja, se a ansiedade não for muito acentuada, pode ser um impulso para uma boa performance ou se for muito exacerbada poderá interferir no desempenho do atleta (FLEURY, 2010).

A psicologia do esporte vem desenvolvendo programas de treinamento com o intuito de mobilizar técnicos, preparadores físicos e atletas na busca de modos de manejo e enfrentamento do estresse competitivo, controle da atenção e a coesão do grupo, pois essas atividades visam, entre outras coisas um melhor desempenho dos atletas nas competições e treinos (RUBIO, 2003).

No esporte, a investigação do nível de ansiedade tem contribuído para explicar diferenças entre os desempenhos competitivos de cada atleta em particular, e da equipe como um todo (WEINBERG; GOULD, 2008). Estudos sobre a ansiedade no esporte revelam que a situação de competição pode promover variações nos níveis de ansiedade do atleta, cujos efeitos alteram o desempenho e podem desencadear quadros de tensão e de estresse (CRUZ, 1986; BALLONE, 2013).

O desempenho esportivo é resultado da combinação de habilidades técnico-táticas (GARGANTA e PINTO, 1998) com fatores fisiológicos, biomecânicos e psicológicos (DANTAS, 2003). A dimensão psicológica, em especial, é importante no âmbito esportivo porque auxilia o atleta a ter mais condições de aproveitar o treinamento oferecido e a desenvolver as capacidades de controle e de manipulação de suas respostas emocionais no decorrer das partidas, bem como valores como disciplina, perseverança, coragem, confiança e força de vontade (BOMPA, 2002).

A psicologia do esporte é uma ciência muito nova e tem como objetivo compreender e lidar com os fatores psíquicos que interferem nas ações do exercício físico e no esporte, auxiliando técnicos, preparadores físicos e atletas a entender e solucionar, da melhor maneira possível, as dificuldades psicológicas e sociais dos atletas. O psicólogo do esporte precisa estar atento a tudo que diz a respeito ao atleta. Precisa trabalhar toda a história de vida do atleta dentro do esporte e dentro da modalidade, a fim de que o atleta possa encontrar autoconfiança, aumentando as possibilidades para alcançar o seu rendimento máximo dentro da competição.

O presente trabalho busca apresentar um panorama das pesquisas e teorias disponíveis sobre a psicologia esportiva e enfatizar os fatores desencadeadores da ansiedade estado (pré-competitiva) nos atletas em competição, seus aspectos positivos e negativos e a influência do psicólogo do esporte sobre o modo de confrontar estas sensações e emoções pré-competitivas.

Justifica-se o presente estudo a tentativa de entender melhor no cenário esportivo a ansiedade pré-competitiva, suas causas e efeitos, os níveis de ansiedade e a atuação da psicologia do esporte dentro deste contexto.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE

Segundo Rubio (2000) a psicologia do esporte iniciou no final do século XIX e princípio do século XX, quando Norman Triplett, psicólogo da universidade de Indiana, e entusiasta do ciclismo, trabalhou com ciclistas com o intuito de pesquisar e entender por que razão os ciclistas pedalavam mais rápido quando corriam em grupos ou em pares do que quando pedalavam sozinhos.

As pesquisas e estudos de Triplett, só foram reconhecidos no período de 1921 a 1938, com Coleman Griffith, considerado o pai da Psicologia do esporte nos Estados Unidos, devido a elaboração de dois livros, “Psicologia de Técnicos” (1926) e “Psicologia de Atletas” (1928), além de ter fundado o primeiro laboratório de psicologia do esporte na universidade de Illinois, em 1925 (RUBIO, 2007).

Segundo Weinberg e Gould (2001), o grande responsável pelo desenvolvimento científico da Psicologia do Esporte foi Franklin Henry, da Universidade da Califórnia, pois, além de dedicar sua vida profissional ao estudo profundo dos aspectos psicológicos da aquisição de habilidades esportivas e motoras, formou professores de educação física que, posteriormente, se tornaram professores universitários e iniciaram programas de pesquisa sistemáticos.

Reconhecida como uma disciplina em si mesma, e como uma subárea dentro das Ciências do Esporte, a Psicologia do Esporte, segundo Rubio (2003), foi marcada, na década de 1970, pelo desempenho dos pesquisadores em desenvolver pesquisas com ênfase nos estudos experimentais.

[...] na época não se tinha clareza sobre qual deveria ser este conhecimento básico nem como lidar com as variáveis socioculturais envolvidas com o comportamento dos atletas. O desdobramento dessa incerteza pode ser observado na diversidade dos temas investigados, dirigidos à grupos científicos muito específicos. Geralmente esses temas provinham das principais correntes da psicologia. Os estudos sobre personalidade foram os que mais se destacaram, sendo grande o número de investigadores que defendiam a tese de mecanismos internos como reguladores de conduta (RUBIO, 2003, p. 18).

2.2.A PSICOLOGIA DO ESPORTE NO BRASIL

No Brasil a psicologia do esporte ainda é vista como uma novidade, tanto por técnicos, preparadores físicos, dirigentes e atletas que não tem clareza da maneira como essa intervenção pode auxiliar no aumento do rendimento esportivo, ou ainda superar situações adversas, assim como pelos psicólogos que a reconheceram como uma especialidade a partir de 2000 (RUBIO, 2000).

Os primeiros registros do interesse de Psicólogos pela área da Psicologia do Esporte datam da década de 50. O primeiro psicólogo brasileiro a atuar nessa área foi João Carvalhaes. João Carvalhaes trabalhou, em 1958, junto à equipe Campeã da Copa do Mundo e, também, no São Paulo Futebol Clube por 19 anos, além de realizar trabalhos com juízes de futebol na Federação Paulista de Futebol, de participar de inúmeros eventos científicos e de escrever o livro "Psicologia no Futebol", em 1974 (RÚBIO, 2000).

Porém foi na década de 90 que ganhou maior enfoque, quando começou a ser mais

solicitada pelas seleções nacionais, principalmente nas seleções de futebol. Caminhando passo e passo com a Psicologia Geral, pode-se observar o desenvolvimento não de uma, mas de várias Psicologias do Esporte, distintas umas das outras por causa do referencial teórico que sustenta essa produção acadêmica prática (RUBIO, 2000).

2.3.A PSICOLOGIA DO ESPORTE

A psicologia do esporte e do exercício é um estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e físicas, e a aplicação deste conhecimento. É uma área da psicologia que visa promover a saúde, as reações interpessoais, a comunicação, a liderança e a melhoria no desempenho esportivo. A primeira etapa é promover a saúde e ajudar o atleta a ter conhecimento do porquê escolheu determinado esporte, e quais os seus objetivos dentro da modalidade escolhida (WEINBERG e GOLD, 2001).

A psicologia do esporte se desenvolve, também como ciência, não se limita somente em teoria e aplicação. Porém devemos trabalhar com atenção e exatidão cientifica na prática esportiva para não convertê-la em uma psicologia que simplifica todos so fenômenos. Outro aspecto é que a prática esportiva é um campo ideal de investigação para a psicologia do esporte. Ela necessita dos esportes para comprovar suas teorias e para poder aplicar seus métodos. (SAMULSKI, 2002, p. 25).

A Psicologia do Esporte tem como objetivo auxiliar técnicos e atletas a entender e solucionar, da melhor maneira possível, suas dificuldades psicológicas e sociais. Sendo que uma tarefa específica do psicólogo do esporte é o auxílio emocional nas fases de insegurança, a fim de que eles possam encontrar rapidamente a sua segurança e autoconfiança aumentando as possibilidades para o rendimento máximo dentro da competição (VOSER, 2003).

Segundo Feijó (1998), é a adequação da teoria e da técnica das várias especialidades e correntes da Psicologia para o contexto esportivo, seja no que se refere à aplicação de avaliações para a construção de perfis, seja no uso de técnicas de intervenção para a maximização do rendimento esportivo, que constrói as possibilidades de intervenção do profissional.

Os métodos utilizados para avaliar as particularidades de processos psíquicos nos quais se enquadram os atletas são os processos sensórios, sensório motores, de pensamento, mnemônicos e volitivos como os de ordem psicossociais nos quais são estudadas as particularidades psicológicas de um grupo esportivo, buscando revelar e explicar suas dinâmicas (COMISSÃO DE ESPORTE do CRP SP, 2000).

Para Voser (2003), a atividade esportiva é vivenciada pelos atletas com intensidades emocionais muito elevadas, o que prejudica ou não a ação esportiva interferido e modificando não só seu preparo físico e psicológico, mas na administração de suas relações humanas.

2.4.ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO DO ESPORTE

Uma das funções do psicólogo do esporte é oferecer um suporte emocional necessário para os atletas que sofrem com as exigências que são peculiares ao esporte, sejam elas na modalidade esportiva (coletiva ou individual), dos esforções físicos, emocionais, da pressão dos dirigentes, mídia, comissão técnica, da família e do próprio atleta. Por isto é imprescindível em qualquer esporte, a presença do psicólogo do esporte (RUBIO, 2007).

Não é raro surgir demandas, dos atletas, que podem ser de ordem pessoal, familiar, existencial ou social e nesse momento o psicólogo do esporte se põe a pensar, que se trabalhar essas demandas ele não estaria saindo do papel de psicólogo do esporte e adentrando a seara do psicólogo clinico. O atendimento clínico no esporte não se refere a um procedimento psicoterápico convencional, pautado em um setting terapêutico que tem como referência o atendimento dual do consultório. O foco da intervenção clínica na psicologia do esporte visa a resolução de conflitos do sujeito-atleta para à busca do desenvolvimento de seu potencial esportivo (RUBIO, 2007, p. 14).

Independente do contexto onde o psicólogo do esporte esteja inserido, é fundamental destacar que o olhar clínico ou o olhar psicológico, deve ser o direcionador das intervenções, no entanto, ser psicólogo do esporte é, acima de tudo, ser psicólogo. (RUBIO, 2007).

A psicologia do esporte é uma área de intervenção na qual a maioria dos atletas podem se diferenciar através da maneira que vivenciam o esporte, podendo leva-los a diferentes reações frente as situações que lhes são apresentadas (SAMULSKI, 2002).

O psicólogo do esporte pode realizar intervenções, com os atletas, técnicos e equipes, em vários aspectos do treinamento, a fim de melhorar e manter o rendimento e a performance. O psicólogo do esporte também pode interagir com fisioterapeutas, com intuito de acelerar o processo de reabilitação dos atletas lesionados. Uma boa comunicação com a equipe interdisciplinar e multidisciplinar possibilita um trabalho mais adequado e assertivo (ABRANTES, 2007).

A psicologia do esporte tem se constituído um desafio para a psicologia antes de se tornar uma especialidade. Enquanto área de conhecimento ela se encontrou, por muito tempo, na divisa entre a psicologia e a educação física, entre os limites do rendimento humano e as atividades motoras básicas e lúdicas. O esporte midiático contribuiu em muito para uma associação entre a psicologia e o rendimento esportivo na medida em que a produção do espetáculo esportivo demanda a utilização de várias especialidades na superação de adversários e recordes, finalidade do esporte competitivo e de pessoas distintamente habilidosas, o atleta de alto rendimento. (RUBIO, 2007, p. 22.).

Conforme Abrantes (2007) a maioria das derrotas que acontecem no esporte é justificada pela dificuldade em controlar as emoções que afetam o rendimento dos atletas.

A prática do psicólogo no esporte não deve se limitar apenas na aplicação, reprodução e desenvolvimento das técnicas de psicologia do esporte. Sua prática deve ser pautada no desenvolvimento humano, na promoção da melhoria do desempenho do atleta, na prevenção, na reabilitação, na motivação, na conscientização dos benefícios que a prática esportiva oferece e na busca pela autoconfiança (RUBIO, 2007).

De acordo com Becker Jr. (1998), tanto no esporte coletivo quanto no individual o psicólogo do esporte exerce funções no desempenho dos atletas como:

· Na modalidade individual é realizada preparação psicológica que tem como objetivo melhorar o rendimento esportivo ou a habilidade global do atleta como ser humano;

· Na modalidade coletiva realiza também preparação psicológica, porém nesta o objetivo é de melhorar o rendimento esportivo ou a habilidade do grupo para comunicação entre seus membros e para superação de seus problemas comuns.

Quanto mais crítica a situação, mais estresse e nervosismo os atletas podem experimentar a partir de como cada pessoa percebe a situação, entretanto, a importância da ansiedade para o atleta nem sempre é óbvia. Um mesmo evento pode ser percebido de maneiras diferentes, dependendo da formação, estrutura de cada pessoa (SAMULSKI, 2006).

A importância da preparação psicológica está em acelerar processos naturais de desenvolvimento das qualidades psíquicas e propriedades da personalidade mais relevantes do atleta. Ela contribui para desenvolver a tendência à autoeducação da vontade e do auto aperfeiçoamento ativo do esportista (RUBIO, 2001).

A Psicologia procura contribuir nas intervenções realizadas junto aos atletas, objetivando o aprimoramento físico, mental, espiritual e emocional.

O treinamento das habilidades psicológicas, é a prática e execução de forma sistemática de habilidades mentais, as quais devem ser treinadas como se fossem as partes técnicas e táticas de um treinamento. Porém muitos técnicos deixam de lado este tipo de treinamento, pois acham que para uma equipe jogar bem é fundamental estar bem fisicamente, tecnicamente e taticamente. Mas ao contrário disto, vários estudos provam que as habilidades psicológicas aumentam o desempenho de um atleta para o decorrer de seu melhor desempenho (WEINBERG E COMAR, 1994).

Alguns outros estudos e pesquisas foram realizados até hoje, as quais fazem uma comparação entre atletas profissional com atletas amadores, onde os atletas profissionais apresentavam melhor concentração durante suas partidas, elevado nível de autoconfiança e baixos níveis de ansiedade e estresse (EKLUND E JACKSON, 1992).

Analisando outros estudos podemos colocar a psicologia do esporte que refere aos fundamentos psicológicos, aos processos e às consequências da regulação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou de mais pessoas praticantes dos mesmos, onde o foco de estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, ou seja, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora (BECKER, 2000).

A Psicologia do Esporte é a transposição da teoria e da técnica das várias especialidades da Psicologia para o contexto do esporte, seja no que se refere à aplicação de avaliações para a construção de perfis, seja no uso de técnicas de intervenção para a maximização do rendimento esportivo (FEIJÓ, 1998).

Atletas e treinadores empenham-se na procura de informação e apoio de psicólogos com o intuito de promover as condições necessárias à construção do estado ideal de prestação. Para se conseguir tal estado, é da maior importância que os atletas identifiquem as condições e os comportamentos associados às suas melhores prestações.

2.5. ID, EGO E SUPER EGO NA ANSIEDADE.

Freud (1929), divide o aparelho mental em três instancias:

· Id

· Ego

· Superego

Onde o id tem a função de dar a mente uma representação psíquica para as forças oriundas da constituição biológica do organismo, além de ser totalmente inconsciente e se constituir no reservatório de energia da personalidade. Ainda no id, se contém tudo que é herdado, que está presente na constituição, portanto nos instintos que se originam da organização somática e encontra-se uma primeira expressão psíquica que são desconhecidas.

Segundo Tillich (1976) a percepção de ameaça a própria vida é quando tomamos consciência do id, como ansiedade do destino e da morte, em que o não ser ameaça a própria existência biológica do indivíduo.

Tillich (1976) ainda explica que o id é a porção do aparelho mental cuja função é dar a mente uma representação psíquica para as forças instintivas oriundas da constituição biológica do organismo, além de ser totalmente inconsciente e se constituir no reservatório de energia de toda personalidade.

O ego por sua vez, é a instancia central da personalidade e constitui o polo psicológico por excelência. É definido como um grupo de processos mentais cuja função é perceber e reconhecer as variadas forças integrando-as, buscando uma adaptação interna e externa. É a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. Desenvolve-se a partir do id na medida em que o bebê toma consciência de sua própria identidade, para atender e aplacar as constantes exigências do id (TILLICH, 1976).

O ego protege o id, mas extrai dele a energia para realiza-lo. Tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade. Pode-se, nesse momento, remeter a ameaça que o não ser faz ao homem como um todo, ameaçando tanto a autoafirmação espiritual como ontológica (Particular ao ser, ao ente ou ao que existe realmente, e às suas qualidades), a que Tillich (1976) chamou de ansiedade de vacuidade e perda de significação.

Ainda para Tillich (1976) o superego tem a função de julgar criticamente as outras funções mentais, em termos de um padrão moral de certo e errado, bom e mau, recompensa e castigo; assim como o ego, o superego é em parte consciente e parte inconsciente.

Para Freud (1929) o superego apresenta três funções:

· Consciência

· Auto-observação

· Formação de ideias

E afirma que o homem é responsável por si mesmo e é composto, essencialmente, pela liberdade infinita, colocando a si mesmo o papel de juiz de si próprio, atentando para o sentimento de culpa como a consciência da ameaça a autoafirmação moral do homem.

Essa divisão em id, ego e superego, permite uma concepção sistemática das variadas forças e funções psicológicas que estão presentes, ao mesmo tempo, na mente. Desde que essas forças possam ter objetivos contraditórios ou incompatíveis, surgirão situações de conflito psicológico. Este tanto pode ser um conflito dentro do aparelho mental (conflito intrapsíquico), quanto um conflito entre o organismo e o ambiente externo. Frequentemente há uma combinação de ambos, de maneira que o conflito existente entre organismo e o ambiente externo está relacionado com um conflito intrapsíquico (FREUD, 1929, p.37).

A função mais importante do ego é de manter um estado de adaptação interna para o aparelho mental, a despeito de várias contradições de estresse, bem como de adaptação entre o organismo e o meio ambiente, procurando manter esse sistema equilibrado. Este equilíbrio estabelecido pelo ego, não é nem fixo e nem estático, ocorrendo certos limites, uma constante oscilação do estado dinâmico (FREUD, 1929).

O sistema todo deve ser mantido em um estado dinâmico constante, compreendendo um grau mínimo de tensão e conflito, e grau máximo de satisfação das necessidades, além de uma interação eficaz como o meio ambiente. Qualquer ameaça a este estado de equilíbrio dinâmico aciona um sinal de alerta: a ansiedade.

A ansiedade é a consciência de conflitos não resolvidos que levam a pessoa para o confronto com a sua finitude e a busca da centralidade (TILLICH, 1976), a ansiedade representa importante papel no processo de adaptação e equilíbrio do indivíduo, ela é provocada por um aumento, esperado ou previsto da tensão ou desprazer, e pode desenvolver-se me qualquer situação (rela ou imaginaria), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é percebida e não pode ser ignorada, controlada ou descarregada (FREUD, 1929).

Fadiman e Frager (1979), em seu livro Teorias da Personalidade, descrevem quatro situações prototípicas que causam ansiedade.

a) Perda de um objeto desejado, como por exemplo, a morte de um amigo, pais, emprego, entre outros;

b) Perda de amor, como, por exemplo, rejeição, fracasso em conquistar o amor, ou a aprovação de alguém que lhe importa;

c) Perda de identidade, como por exemplo, medo de perder o controle sobre si mesmo, perda de prestígio, de ser ridicularizado em público;

d) Perda da autoestima, como por exemplo, a desaprovação do superego por atos ou pensamentos que resultam em culpa ou ódio em reação a si mesmo.

A ansiedade é causada pela percepção de uma ameaça. A vida é definida como sendo uma atualização do ser potencial e, dessa forma, o movimento de dirigir-se para fora de si mesmo ocorre de modo a não perder o centro. A centralidade é essencial nesse movimento, pois mantem a auto identidade na auto- relação, ou seja, a auto integração é um movimento que leva a centralidade. Um ser desenvolvido e maduro é um ser centrado, e as perdas, apontadas por Fadiman e Frager (1979), se constituem em ameaça a este movimento de auto integração.

Como se viu acima, a ansiedade pode se manifestar como um sinal de perigo ou ameaça externa ou interna, que mobilizará os recursos intrapsíquicos de defesa, visando o restabelecimento do equilíbrio individual. O temor ligado com situações externas reais de perigo é percebido pelo ego e estará proporcionalmente ligado a natureza e a gravidade do perigo.

Os mecanismos de defesa, são denominados de recursos intrapsíquicos, e referem-se a diferentes tipos de operações em que a defesa pode ser específica. Os mecanismos de defesa bloqueiam a expressão direta de necessidades instintivas e podem ser encontrados em todas as pessoas, desempenhando um papel central no estabelecimento e manutenção do equilíbrio dinâmico (KUSNETZOFF, 1982).

O conflito psíquico é inevitável no ser humano e os mecanismos de defesa são funções que se estabelecem e se desenvolvem em cada indivíduo, fazendo parte de seu amadurecimento psicológico para tratar e resolver tanto os conflitos intrapsíquicos, quanto aqueles que surgem entre o organismo e o meio ambiente. Esses mecanismos, portanto, são encontrados nos estados normais e patológicos.

Kusnetozoff (1982) chama de angústia sinal (angústia aqui compreendida como sinônimo de ansiedade) o alarme disparado pelo ego contra a ameaça percebida de rompimento do equilíbrio acima citado. Neste momento os mecanismos de defesa entram em ação com a finalidade de restabelecer o equilíbrio pré-existente.

Quando os mecanismos de defesa não são suficientes em sua função, os mecanismos secundários do ego podem começar a atuar a fim de diminuir os efeitos da ansiedade sobre o indivíduo). Tais mecanismos secundários são chamados sintomas neuróticos que representam as manifestações da tentativa do ego estabelecer um novo equilíbrio dinâmico frente a um conflito inconsciente não resolvido (FREUD, 1929). Existe a mesma preocupação ao descrever a ansiedade patológica, vivenciada pela personalidade neurótica, que da ligar a uma autoafirmação não realística como forma de evitar o desespero decorrente da percepção do não ser (TILLICH, 1976).

Freud (1929), define ansiedade como um estado afetivo, com combinações de alguns sentimentos de prazer-desprazer. A primeira ansiedade do indivíduo se dá no momento do nascimento, e é considerada como ansiedade tóxica. Ela ocorre em consequência de estimulação instintiva excessiva, que o organismo não tem capacidade de controlar. Freud faz a distinção entre dois tipos de ansiedade: a realística e a neurótica. A ansiedade realística é considerada uma reação normal e compreensível frente a um perigo externo, que provoca no indivíduo um estado de tensão motora aumentado. Tal tensão pode gerar duas reações diferentes: ou o indivíduo adapta-se à situação de perigo, fugindo ou se defendendo, ou o estado de tensão aumentado predomina, causando mais ansiedade, e paralisando as ações da pessoa.


Sintomas físicos da ansiedade:

  • Batimento cardíaco acelerado

  • Boca seca

  • Cansaço frequente

  • Dificuldade para engolir ou sensação de "bola na garganta"

  • evitar a qualquer custo, lugares ou situações que provocam ansiedade

  • Tontura ou vertigem

  • Transpiração excessiva e mãos suadas

  • Tremores e espasmos musculares

  • Urinar com muita frequência

  • Se sente assustado e tem inquietação permanente

  • Náusea, diarreia ou problemas estomacais

  • Respiração superficial

  • Rubores (calores) ou calafrios

  • Tensão muscular e dores musculares

3. CAUSAS E EFEITOS DA ANSIEDADE

Para Machado (1997), a detecção da ansiedade é muito limitada por conta das várias possibilidades de sua origem. No entanto, é sabido que qualquer situação onde haja alguma insegurança, a torcida, os familiares e o próprio professor ou técnico colaboram para este desarranjo emocional.

Lewis (1979) ressalta que existem manifestações corporais involuntárias, como secura da boca, sudorese, arrepios, tremor, vômitos, palpitação, dores abdominais e outras alterações biológicas e bioquímicas detectáveis por métodos apropriados de investigação. Esse mesmo autor lista alguns outros aspectos que podem ser incluídos na descrição da ansiedade. São eles:

· Ser normal ou patológica;

· Ser leve ou grave;

· Ser prejudicial ou benéfica;

· Ser episódica ou persistente;

· Ter uma causa física ou psicológica;

· Ocorrer sozinha ou junto com outro transtorno (p.ex. depressão);

· Afetar ou não a percepção e a memória.

Segundo Damázio (1997), sucesso, a crítica, e a oportunidade esperada são algumas das tensões vivenciadas pelos indivíduos, e, desta forma, podem ser fatores ansiogênicos, pois dependem da percepção e da interpretação que cada pessoa tem dos acontecimentos.

Quanto ao aspecto de percepção da situação, Freschknecht (1990), declara que a ansiedade é o resultado de uma maneira de encarar o mundo em geral ou uma situação em particular, e da forma como se pensa a respeito dos mesmos. Sendo assim, não é o contexto que torna o indivíduo ansioso (nervoso), mas sim a maneira como este contexto é visto e encarado por ele.

3.1.AVALIANDO A ANSIEDADE

Segundo Keedwell & Snaith (1996), atualmente numerosos esforços têm sido feitos na tentativa de definir operacionalmente e avaliar o construto ansiedade, objetivando instrumentos de medidas mais confiáveis. As escalas de ansiedade medem vários aspectos que podem ser agrupados de acordo com os seguintes tópicos:

· Humor – a experiência de uma sensação de medo não associado a nenhuma situação ou circunstância específica; a apreensão em relação a alguma catástrofe possível ou não identificada.

· Cognição – preocupação com a possibilidade de ocorrência de algum evento adverso a si próprio ou a outros; pensamentos persistentes de inadequação ou de incapacidade de executar adequadamente suas tarefas.

· Comportamento – inquietação, ou seja, incapacidade de se manter quieto e relaxado mais do que alguns minutos, andando de um lado para o outro, apertando as mãos ou outros movimentos repetitivos sem finalidade.

· Estado de hipervigilância – aumento da vigilância, exploração do ambiente, resposta aumentada a estímulos (sustos), dificuldade de adormecer (não devida à inquietação ou à preocupação).

· Sintomas somáticos – sensação de constrição respiratória, hiperventilação e suas consequências, tais como espasmo muscular e dor (sem outra causa conhecida), tremor; manifestações somáticas de hiperatividade do sistema nervoso autônomo (taquicardia, sudorese, aumento da frequência urinária).

· Outros – esta categoria residual pode incluir estados como despersonalização, baixa concentração e esquecimento, bem como sintomas que se referem a um desconforto, não necessariamente específico de ansiedade.

Segundo Fioravanti (2006), com o aumento das pesquisas nesta área, muitas escalas foram desenvolvidas para tal avaliação, dentre elas destaca-se:

· O Inventário de Ansiedade de Beck (Beck, 1988);

· Escala de Ansiedade de Hamilton (Hamilton, 1959);

· Escala Breve de Ansiedade (Tyrer, Owen, Cicch, Etti, 1984);

· Escala Clínica de Ansiedade (Snaith, Baugh, Clayde, Husai, Sipple, 1982);

· Inventário de Ansiedade Traço-Estado.

· Escala de Ansiedade Manifesta de Taylor (1953);

· Escala de Ansiedade de Welsh (1965);

· Escala de Ansiedade IPAT (Cattell e Scheier,1963).

Dentre estas, as escalas de Beck (Ansiedade e Depressão) foram traduzidas e adaptadas para o português por Jurema Alcides Cunha e publicada pela Editora Casa do Psicólogo (CUNHA, 2001). Já a construção dos itens que compõem o IDATE foi resultado de sucessivas etapas de verificações empíricas e seleções de itens de três escalas de ansiedade explícita: Taylor, Welsh e Cattell & Scheier (Apud FIORAVANTI, 2006).

Uma das dificuldades mais comumente encontradas nas escalas de avaliação da ansiedade está na superposição desta com sintomas depressivos. Muitos pesquisadores têm dificuldade em separar ansiedade e depressão, tanto em amostras clínicas (PRUSOLF e KERMAN, 1974) quanto não-clínicas (GOTLIB, 1984), e sugerem que os dois construtos podem ser componentes de um processo de estresse psicológico geral (Apud FIORAVANTI, 2006).

Em outro aspecto, essa superposição pode ser consequência de limitações psicométricas das escalas utilizadas para medir ansiedade e depressão (FIORAVANTI, 2006). Para a autora, a escolha de uma determinada escala para medir a ansiedade, deve ser baseada nos aspectos que a escala em questão estará medindo. Existem escalas que medem a ansiedade normal e escalas que medem a ansiedade patológica.

Fioravanti (2006) ainda ressalta que uma outra diferença importante está entre escalas ou instrumentos com finalidade diagnóstica e escalas de quantificação de intensidade ou gravidade em sujeitos já diagnosticados, utilizadas para avaliação de tratamentos. A interpretação dos resultados, segundo a autora, pode ser muito diferente dependendo tanto da escala utilizada e sua sensibilidade a mudanças, quanto das informações básicas a respeito dos valores existentes em diferentes grupos (idade, sexo, grupo étnico, presença ou não de diagnóstico). Porém, em muitos estudos a escolha das escalas é feita casualmente, sem qualquer referência ao que se pretende medir e às propriedades psicométricas das escalas utilizadas.

Para Fioravanti (2006), as questões relacionadas a este tema são, sem dúvida, decorrentes das diversas maneiras de se conceituar estes estados emocionais e das diversas metodologias dos trabalhos científicos. A capacidade de discriminar sintomas relacionados com ansiedade e depressão tem sido uma questão teórica atual e extremante importante para a construção de instrumentos capazes de quantificar adequadamente estes dois processos emocionais.

É importante ressaltar que a ansiedade pré-competitiva, apesar de parecer um tema atual, já vem sendo analisada por diversos estudiosos ao longo das décadas.


Sintomas cognitivos da ansiedade

  • Dificuldade de concentração

  • Insonia

  • Incapacidade de lidar com dificuldades

  • Irritabilidade constante

  • Nervosismo intenso

  • Pensamento frequente de perigo

  • Pensamentos frequentes de coisas terríveis

  • Preocupação frequente

  • Sentir-se tendo ou eufórico

4. ANSIEDADE

A palavra ansiedade vem do grego “anshien” e pode significar, também, estrangular, sufocar e oprimir (GRAEFF, 1999). A ansiedade é uma reação emocional e, caracteriza-se por nervosismo, preocupação e apreensão que pode ser gerado por nossos pensamentos (ansiedade cognitiva) ou por reações físicas (ansiedade somática). A ansiedade é uma complexa condição psicológica, constituída por propriedades fenomenológicas e fisiológicas que se diferenciam de estados emocionais como o estresse, a ameaça e o medo, pois tais eventos se apresentam como possíveis causadores do estado de ansiedade (SPIELBERGER, 1979).

Ansiedade, do latim “anxietate”, nos dicionários não técnicos apresentam várias definições: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza e perigo. Levando-se em conta o aspecto técnico, deve-se entender ansiedade como um fenômeno que algumas vezes nos beneficia e ouras vezes nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é; prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal). Quando a ansiedade torna-se patológica se passa a considerá-la um sintoma ou um transtorno, e daí pode incluí-la num grupo de distúrbios, ora denominados Transtornos Ansiosos (LINDGREEN 1965).

Segundo Spielberger (1979), a ansiedade é sempre um estado de alerta que gera um sentimento indefinido de insegurança, que pode atuar nos planos físico e o psíquico, e poderá gerar sintomas de inquietude (desassossego, insegurança, pressentimento do nada, medos difusos, expectativa do pior) e de tensão (tremores, dores musculares, espasmos, incapacidade de relaxamento, tiques nervosos, rosto contraído).

Para May (1977), a ansiedade é um estado de tensão que uma pessoa sente diante de uma situação considerada de perigo, causando a sensação de opressão, com uma compressão do tórax e uma confusão generalizada. Essa situação ocorre pela dificuldade em decidir sobre o papel que se deve assumir e qual atitude se deve tomar. Configura-se como uma confusão básica a respeito de nossos próprios objetivos.

A ansiedade pode manifestar vários estados emocionais complexos, como temor, apreensão, sensação de desastre eminente sem nenhuma explicação racional. É inegável o quanto o esporte é significativo em qualquer cultura ou sociedade, pois é capaz de colocar em cena as emoções, os sentimentos, os esforços, o tempo e a energia, de uma forma que nenhuma outra atividade pode apresentar (BARBANTI, 1994).

Para Ferraz (1997) a ansiedade é uma emoção secundária principal, responsável pelos principais problemas em competições.

Segundo Marti (2000), a ansiedade apresenta uma grande variedade de sintomas somáticos (tremura, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudação, palpitações, etc.) e sintomas cognitivos como a apreensão e inquietação psíquica, hipervigilância, e outros sinais relacionados com a alteração da vigilância (distraibilidade, perda de concentração e insônias).

A ansiedade, sob o ponto de vista da psicanálise, pode originar-se de várias fontes do aparelho psíquico. A expressão “aparelho psíquico” refere-se a certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquismo: a sua capacidade de transmitir e transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas ou instâncias. Em uma segunda formulação, Freud divide o aparelho mental em três instancias: o id, o ego e o superego (FENICHEL, 1981).

A ansiedade é um sentimento característico do ser humano que se manifesta quando o sistema nervoso central recebe excessiva agitação perante situações de perigo, medo, tensão e outras. Do ponto de vista de uma normalidade, a ansiedade surge de forma espontânea e provoca mal-estar epigástrico, inquietação, palpitações, sudorese, aperto no tórax, fadiga, falta de ar, boca seca, tremores, necessidades em urinar, formigamento nas mãos e pés e outros (HERNANDEZ; GOMES, 2002, p. 141).

Freud (1929) afirma que a ansiedade resulta de uma transformação da tensão acumulada, e essa tensão pode ser de natureza física ou psicológica. Para ele, é uma conversão da ansiedade que leva a histeria e ansiedade neurose.

De acordo com Freud (1929) quando os mecanismos de defesa não são suficientes em sua função, os mecanismos secundários do ego podem começar a atuar a fim de diminuir os efeitos da ansiedade sobre o indivíduo. Tais mecanismos secundários são os chamados sintomas neuróticos que representam as manifestações da tentativa do ego de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico frente a um conflito inconsciente não resolvido.

A ansiedade patológica é descrita por Tillich (1976) como vivenciada pela personalidade neurótica, que dá lugar a uma autoconfirmação não realística como forma de evitar o desespero decorrente da percepção do não ser.

Para Tillich (1976) a ansiedade é a consciência de conflitos que levam a pessoa para o confronto com a sua finitude e a busca da centralidade, para Freud (1929), a ansiedade representa importante papel no processo de adaptação e equilíbrio do indivíduo. Ela é provocada por um aumento, esperado ou previsto da tensão ou desprazer, e pode desenvolver-se em qualquer situação (real ou imaginária), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é percebida e não pode ser ignorada, controlada ou descarregada.

Pisetta (2009), afirma que o aparecimento de ansiedade em um assunto é sempre articulado com a perda de um objeto investido pesadamente. A ansiedade seria o “eu” no inconsciente procurando expressar-se através de uma necessidade, uma exigência ou um desejo. Ainda para Pisetta (2009), existe uma diferenciação entre medo e ansiedade, onde o medo é criado e localizado em um objeto especifico que pode ser enfrentado ou evitado, já a ansiedade por sua vez, não tem objeto ou melhor, seu objeto é a negação de todo o objeto. O desamparo no estado de ansiedade pode ser observado da mesmo forma em animais e humanos. A Ansiedade se expressa pela falta de direção, reações inadequadas e falta de “intencionalidade”. A razão deste comportamento é a falta de um objeto (um estado de ansiedade) no qual o sujeito possa concentrar-se. O único objeto é a própria ameaça, mas não a fonte da ameaça, porque a fonte da ameaça é o “nada”.

O medo e a ansiedade são diferentes, mas não estão separados, um está dentro do outro. O estímulo do medo é a ansiedade, e a ansiedade corrobora com o aparecimento do medo.

Segundo Voser (2003), ansiedade e medo são emoções que muitas vezes se confundem, e a distinção entre ambas não é muito clara. Ambas as emoções envolvem padrões fisiológicos e psicológicos que incluem emoções desagradáveis e tensiogênicas, que podem ser percebidas quando se está para começar um jogo, num momento de decisão ou uma situação nova. Os ansiosos têm mais probabilidade de errar como comprovam alguns estudos.

A preocupação é a essência prejudicial da ansiedade sobre todo tipo de desempenho mental. Ela é, num certo sentido, uma resposta de preparação mental para uma ameaça prevista. Mas, esse ensaio mental pode paralisar uma pessoa, fazendo com que não consiga fazer o que precisa ser feito (VOSER, 2003).

A ansiedade pode ser caracterizada por sentimentos subjetivos de emoção, como apreensão e tensão, provocando no indivíduo um medo geral, pressentimento e sofrimento por antecipação.” Essa carga emocional que cada indivíduo carrega pode ser favorável ou desfavorável em determinadas situações. Numa competição essa carga emocional pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota, pois um atleta com o emocional mais equilibrado, que consegue suportar a mistura de sentimentos que uma competição pode provocar tem um grande passo à frente dos adversários (DAVIDOFF, 2001).

Segundo Cruz (1996) a ansiedade reflete uma interpretação cognitiva da situação, que pode ser modificada, ao mesmo tempo em que a percepção da ameaça vai alterando; podemos dizer que o atleta altera a interpretação da sua situação conforme a importância que a competição representa para si próprio, e conforme avalia as suas capacidade para enfrentar as exigências especificas de cada competição. O mesmo autor relata que o aumento da ansiedade cognitiva, e o decréscimo da autoconfiança, refletem nas alterações da percepção de ameaça.

Lewis (1979), após uma longa revisão sobre a origem e o significado da

palavra ansiedade, lista as seguintes características:

1. É um estado emocional, com a experiência subjetiva de medo ou outra emoção relacionada, como terror, horror, alarme, pânico;

2. A emoção é desagradável, podendo ser uma sensação de morte ou colapso iminente;

3. É direcionada em relação ao futuro. Está implícita a sensação de um perigo iminente. Não há um risco real ou, se houver a emoção, é desproporcionalmente mais intensa;

4. Há desconforto corporal subjetivo durante o estado de ansiedade. Sensação de aperto no peito, na garganta, dificuldade para respirar, fraqueza nas pernas e outras sensações subjetivas.

De Rose Junior (1985), citou Spielberger que caracterizou a ansiedade como um sentimento subjetivo de apreensão e tensão, provocando um medo geral no indivíduo, além de reações somáticas, psicológicas, psicomotoras e sociais. Segundo o mesmo autor a ansiedade pode ser classificada como:

Ansiedade-traço: Predisposição de uma pessoa perceber certas situações como ameaçadoras ou não, respondendo a elas com níveis variados de ansiedade-estado.

Ansiedade-estado: Estado emocional imediato, caracterizado por um sentimento de medo, apreensão e tensão, acompanhado ou associado com a ativação do sistema nervoso autônomo.

Para Cratty (1984) o aumento da ansiedade apresenta diferentes causas que possibilitam o aumento do nível de ansiedade em situações pré-competitivas: o temor do fracasso, o temor da vitória, o temor da rejeição do técnico, o temor das agressões, o temor dos danos físicos, as pressões da sociedade, bem como o sarcasmo dos familiares.

De acordo com Singer (1997), divide-se a ansiedade em dois componentes: ansiedade estado e ansiedade traço. Ansiedade estado refere-se a uma reação ou resposta emocional que é evocada em um indivíduo que percebe uma situação particular como pessoalmente perigosa ou ameaçadora. A ansiedade traço é uma característica estável do indivíduo.

Antes da competição, o esportista encontra-se em um estado de intensa carga psíquica (estresse psíquico), que tem sido denominado de "ansiedade-traço pré-competitiva" (SAMULSKI, 2002). Cada atleta reage de maneira diferenciada a esse estado de ansiedade, alguns suportam de uma maneira mais tranquila as tensões pré-competitivas, enquanto outros atletas manifestam comportamentos com maior ansiedade. Utilizando esse pensamento é visível em um atleta antes do seu jogo um nível de ansiedade baixo, pois o mesmo se encontra bastante calmo e concentrado para a partida que vai jogar em contra partida temos outro atleta que está bastante tenso, inquieto e bem agitado mostrando um nível de ansiedade muito alto.

Com esses dois exemplos não pode se ter a certeza de quem terá o melhor desempenho ou vencerá a partida, pois esses níveis são totalmente individuais não sabendo se ajudará ou prejudicará o seu rendimento na partida.

Para Bara Filho; Miranda, (1998). A maioria dos esportistas sofre pressão, medo e ansiedade causada pela obrigação de vencer, algo característico em uma sociedade na qual exalta a emoção da vitória e o sofrimento da derrota.

Para Cratty (1984) o aumento da ansiedade apresenta diferentes causas que possibilitam o aumento do nível de ansiedade em situações pré-competitivas: o temor do fracasso, o temor da vitória, o temor da rejeição do técnico, o temor das agressões, o temor dos danos físicos, as pressões da sociedade, bem como o sarcasmo dos familiares.


5. ANSIEDADE ESTADO

Ansiedade estado é um estado emocional temporário, em constante variação, com sentimentos de apreensão e tensão conscientemente percebidos, associados com a ativação do sistema nervoso autônomo. Pode ser uma ansiedade estado cognitiva, a qual se diz respeito ao grau em que a pessoa se preocupa ou tem pensamentos negativos. Ou pode ser ansiedade estado somática, que acontece entre um momento e outro, sendo percebida por reações fisiológicas (WEINBERG e GOLD, 2001).

O estado de ansiedade, conhecido como Ansiedade-E, é um estado emocional transitório, condição do organismo caracterizada por sentimentos de tensão e apreensão conscientemente percebidos, que variam em intensidade no decorrer do tempo (MELO, 1984).

A ansiedade-estado é identificada como um estado emocional imediato e transitório, que varia de intensidade e no tempo (tem como referência o contexto), caracterizado pelo sujeito e pela sua consciente percepção de sentimentos de apreensão e tensão, acompanhados ou associados com a ativação do sistema nervoso autônomo. Estas reações aumentam em situações em que o indivíduo percebe medo e ameaça, embora não queira dizer que é um perigo objetivo ou real (CRUZ, 1996).

Para Spielberg (1989), em sua primeira tentativa de se fazerem duas medidas para a avaliação de ansiedade, descrevia que a ansiedade-estado mostrava as reações do indivíduo a situações temporárias ou tensões situacionais.

A ansiedade estado é induzida quando durante uma avaliação processual, na qual os estímulos exteriores são reconhecidos como ameaçadores. Pessoas muito ansiosas tendem a responder a estas situações com um aumento do estado de ansiedade (CRUZ, 1996).

De acordo com Spielberger et al (1979), a ansiedade é um estado emocional transitório ou condição do organismo humano que se caracteriza por sentimentos desagradáveis de tensão, apreensão e por aumento de atividade do sistema nervoso.

Um processo de estresse, geralmente, é iniciado por um evento externo ou por estímulos internos percebidos, interpretados ou avaliados como perigosos, potencialmente prejudiciais ou frustrantes (SAMULSKI, 2002). Se um estressor é percebido como perigoso ou ameaçador, independentemente da presença de um perigo objetivo, é evocada uma reação emocional, a que chamamos de ansiedade (SPIELBERGER, 1979).

Melo (1984) define a problemática ansiedade como estado e refere-se às reações emocionais desagradáveis, a uma tensão específica. Na realidade, todos experimentam ansiedade como “estado” de tempos em tempos, entretanto, há diferenças substanciais entre as pessoas quanto à frequência e intensidade desses estados.

Segundo o autor, há estados relativamente permanentes, tal como o estado de bem-estar, caracterizado por ser, em geral, estável, configurando emoções predominantemente agradáveis, variando de intensidade desde o simples contentamento até a profunda e intensa alegria de viver, além de apresentar um desejo natural por sua continuação.

5.1.DIMENSÕES DA ANSIEDADE-ESTADO NAS COMPETIÇÕES

Martens et al (1990) afirma que com o desenvolvimento do instrumento de avaliação do estado de ansiedade competitiva Competitive State Anxiety Inventory –2 (CSAI-2) reconheceu-se a existência de três dimensões distintas na ansiedade competitiva: ansiedade cognitiva, a ansiedade somática e a autoconfiança. Além disso, diversos autores no domínio da psicologia do desporto, sugerem a análise da complexa relação ansiedade-rendimento numa perspectiva multidimensional.

De acordo com Martens et al (1990), o mais importante desenvolvimento conceitual no estudo da ansiedade teve, sem dúvida, a ver com a distinção conceitual entre as componentes cognitivas e somáticas da ansiedade. Martens e colaboradores (1990) aplicaram esta distinção às reações de ansiedade no desporto, na qual:

[...] "a ansiedade cognitiva se manifesta usualmente através de expectativas negativas acerca do rendimento e de uma autoavaliação negativa, enquanto a ansiedade somática se reflete em respostas como um rápido batimento cardíaco, respiração 'curta', mãos húmidas, 'borboletas' no estômago e músculos tensos" [...] (MARTENS e COLABORADORES, 1990, p. 6).

Cruz (1996) afirma que três linhas distintas de investigação, têm evidenciado fortemente a distinção conceitual e a independência entre ansiedade cognitiva e ansiedade somática:

1) a evidência empírica: que sugere que apesar de ambas as componentes interagirem entre si, elas podem ser eliciadas por diferentes tipos de antecedentes;

2) a evidência de vários estudos: que demonstram a independência conceitual de ambas as componentes, nomeadamente ao nível de um padrão temporal diferencial em cada uma das componentes da ansiedade, mas também, ao nível dos efeitos diferenciais da ansiedade cognitiva e da ansiedade somática no rendimento, em termos de magnitude e em termos de forma (linear ou curvilinear);

3) e a evidência para a redução da ansiedade e para a eficácia de diferentes métodos de tratamento da ansiedade, em indivíduos que manifestam, predominantemente, ansiedade cognitiva ou somática.

Para um dos autores do CSAI-2 Martens et al (1990) a "ansiedade cognitiva e a ansiedade somática representam pólos opostos de uma avaliação cognitiva, sendo a autoconfiança vista como a ausência de ansiedade cognitiva. Ou, inversamente, sendo a ansiedade cognitiva vista como falta de auto-confiança".

6. ANSIEDADE TRAÇO

A ansiedade traço é um componente da personalidade do indivíduo, ou seja, uma tendência de perceber situações como ameaçadoras, mesmo que elas não sejam. A pessoa responde a essas circunstâncias com reações ou níveis de estado de ansiedade que são desproporcionais em intensidade e magnitude ao perigo subjetivo (WEINBERGER e GOLD, 2001).

Segundo Spielberger et al (1979), a ansiedade traço refere-se a diferenças individuais relativamente estáveis na propensão à ansiedade, isto é, as diferenças na tendência de reagir a situações percebidas como ameaçadoras com intensificação do estado de ansiedade. Os escores de ansiedade–traço são menos sensíveis a mudanças decorrentes de situações ambientais e permanece relativamente constantes no tempo.

Ao relacionar a ansiedade traço com o desempenho motor, é preciso considerar algumas variáveis importantes, tais como a importância da situação para o atleta e a incerteza do resultado. Contudo, não se deve considerar isoladamente nem a importância atribuída a situação pelo individuo, nem a incerteza do resultado. As duas variáveis interagem com o nível do traço da ansiedade do atleta na produção de um nível determinado de ansiedade-estado (WEINBERGER e GOLD, 2001).

Em geral espera-se que os esportistas que apresentam alta ansiedade traço demonstrem elevações de ansiedade estado, pois se a competição for percebida como ameaçadora, sem objeto de perigo, ou seja, simbólica, inespecífica e antecipada, o individuo responde com alta ansiedade estado. Porém, se a competição for percebida como não ameaçadora, o individuo reage com ansiedade estado baixa. Entretanto, se as pessoas que diferem em ansiedade-traço mostrarão, ou não, as diferenças correspondentes em ansiedade estado, dependerá do grau em que a competição especifica é percebida por um individuo em particular como perigosa ou ameaçadora, e isso, é grandemente influenciado por experiencias passadas do indivíduo (SPIELBERGER, 1979).

O traço de ansiedade atribui-se a uma disposição que permanece latente até que alguma situação a ative. Está relacionada ao modo diferente que as pessoas reagem as situações que são percebidas como ameaçadoras, elevando com isso a intensidade no estado de ansiedade (SPIELBERGER et al, 1979).

O traço de ansiedade, conhecido como Ansiedade-T, refere-se às diferenças individuais estáveis de propensão à ansiedade; é a forma como a pessoa tende a reagir em situações percebidas como ameaçadoras. Pessoas com elevados níveis de Ansiedade-T tendem a apresentar também elevados níveis de Ansiedade-E (ansiedade estado), por reagirem com maior frequência às situações como se elas fossem ameaçadoras ou perigosas (ANASTASI; URBINA, 2000; SPIELBERGER et al, 1979).

O traço de ansiedade competitiva tem influência na percepção de ameaça na medida em que os atletas com níveis mais elevados de traço de ansiedade percebem maior ameaça em situações competitivas do que atletas com níveis mais baixos (MARTENS, 1990).

7. ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA

A ansiedade pré competitiva é, atualmente um tópico de discussão muito presente nos meios relativos as atividades esportivas (FRESCHKNECHT, 1990).

Segundo De Rose Jr; Vasconcellos (1997), qualquer que seja o nível dos atletas, o fator que determina toda a preparação e os cuidados é a competição. A competição é o momento na qual o atleta demonstra toda sua qualidade, é onde aparecem suas falhas e é a chance da consagração ou o risco do fracasso. Portanto, toda preparação se faz com o objetivo de proporcionar ao atleta condições para atingir o melhor nível de desempenho em uma determinada competição.

Para se compreender a ansiedade pré-competitiva é necessário entender como atletas interpretam o significado da conquista, e como as diferença individuais de cada um influenciam o processo da conquista (WEINBERG; GOLD, 2001; BECKER JR., 1989).

A ansiedade pré competitiva se caracteriza sob o ponto de vista psicológico, pela antecipação da competição e consequentemente da antecipação das oportunidades, riscos e consequências. Nesta fase intervêm frequentemente medo e temor. Estes temores não só se manifestam em processos cognitivos, mas também podem produzir reações vegetativas, motora e emocionais (SAMULSKI, 1995, p. 89).

A experiencia da ansiedade na competição esportiva constitui um problema usual e preocupante para todos aqueles que, direta ou indiretamente, se encontram envolvidos no esporte. Uma vez que em uma competição o atleta não só luta para tentar alcançar o seu objetivo ou resultado, mas também alcançar o objetivo de outras pessoas, tais como o técnico, pais, amigos, o clube que representa ou o país. Todas essas exigências poderão colocar o atleta sob pressão, que, não sendo controlada, poderá vir a afetar o seu desempenho esportivo durante a competição (CRUZ, 1996).

Segundo Cratty (1984); Freschknecht (1990); Machado (1997), não é incomum os atletas se sentirem nervosos antes de competições desportivas, já que sua autoimagem ou

autoestima dependem do seu desempenho nestas competições e, dessa forma, estas situações podem se tornar muito assustadoras, pois ao invés de lutarem por medalha, dinheiro, honras de campeão, luta-se contra o próprio valor; ao invés de aguardar entusiasticamente a oportunidade de atuar, o atleta passa a recear, nervosamente, a aproximação das competições pelo simples medo de falhar.

Freschknecht (1990) relata que a ansiedade competitiva é atualmente um tópico de discussão muito recente nos meios relativos às atividades esportivas.

De acordo com Machado (1997) as formas como cada atleta marca seus objetivos e a determinação com que vai buscá-los, é de fundamental importância para que o mesmo lide melhor com a ansiedade pré-competitiva.

Kroll (1976) identificou inúmeras causas para a ansiedade pré-competição em uma pesquisa exploratória, perguntando aos atletas que descrevessem seus pensamentos, preocupações, medos, imaginando que estivessem em situações pré-competitivas.

O controle das emoções no período que antecede a competição é resultado de uma aprendizagem de competências psicológicas. O processo de aprendizagem dessas competições é demorado e delicado, sendo, por isso, necessário pratica-las para possibilitar ao atleta nas situações pré competitivas, serem passiveis de gerarem estress e responderem de forma apropriada, evitando que os perturbem. Nesse caso, quanto maior for o conhecimento que os atletas tem sobre si mesmos, melhor estes se encontrarão capacitados e orientados no sentido de atingirem os limites das suas capacidades esportivas (FERRAZ, 1997).

Independentemente da idade, gênero e nível competitivo, confirma-se a existência da ansiedade no contexto esportivo. Nela está inerente um elevado grau de avaliação social das competências ou capacidades atléticas, sendo estas demonstradas, testadas e avaliadas em público (SCANLAN, 1984).

Embora sejam bem treinados técnica, tática e fisicamente, os atletas respondem de modo diferente aos estímulos externos durante uma competição, pois a pressão transfere-se para a área emocional. Dessa forma, atletas bem preparados podem apresentar transtornos de rendimento durante a competição, enquanto outros podem crescer de rendimento quando esta se apresenta (CRATTY, 1984; FRESCHKNECHT, 1990; MACHADO, 1997).

A ansiedade pré competitiva pode ser aumentada nos jogos fora de casa. A vantagem de jogar em casa tem sido m fator preponderante para a determinação do resultado de jogos em diferentes modalidades desportivas. Já que se constata que o aumento de ansiedade pré competitiva em competições fora de casa tende a ocorrer nas mais variadas modalidades do esporte, e isso parece ter relevância prática para o mundo do desporto. O modo como as ariáveis ambientais e pessoais podem interferir no estado de ansiedade do atleta, quando estes participam em competições na sua casas e em casa do adversário, devem ser equacionadas (NEVILL e HOLDER, 1999).

segundo Machado (1997) a preparação mental para os momentos que antecedem a competição, é da maior importância para os resultados. O treino mental requer, entre outras coisas, que os atletas aprendam e desenvolvam um conjunto de habilidades que visam aumentar o autocontrole em processos como: concentração, foco da atenção, controle emocional, relaxação, definição de objetivos, pensamentos positivos, visualização e rotinas pré-competitivas, com o objetivo de manter um sistema de reforço capaz de promover o estado psicológico ideal para a competição.

Para Cruz (1996), a situação competitiva implica sempre um aumento dos níveis de ansiedade, cujos efeitos alteram o rendimento competitivo, prejudicando, normalmente o sucesso desportivo, embora, em certos casos de atletas com elevadas competências psicológicas, a ansiedade pré competitiva pode ter efeitos positivos no rendimento esportivo.

Uma competição pode produzir níveis de ansiedade notáveis, podendo afetar de forma dramática os processos psicológicos, a ponto de a performance também ser atingida. Durante o período que antecede a competição, os atletas poderão se sentir ansiosos e ser afetados por uma diminuição do esforço que teriam que realizar (BOUTCHER, 1990).

A ansiedade ocorre mediante um medo do futuro, sendo assim, o atleta entra em ansiedade estado por não saber o que acontecerá na competição. À medida que a competição acontece, a ansiedade transforma-se, dando lugar a um relativo relaxamento. Após o término da partida, o nível de ansiedade volta a oscilar, devido a expectativa da repercussão do resultado. O mesmo autor, afirma que alguns atletas punem a si mesmos pelos maus resultados e, consequentemente, a autoestima decresce, havendo u incremento da fonte de ansiedade pré competitiva (BERTÉ JUNIOR, 2004).

Um dos fatores com maior influência na qualidade do desempenho do atleta é o grau de ansiedade estado durante o tempo que precede a competição (ansiedade pré competitiva). Berté Junior (2004) afirma que nem toda a ansiedade é prejudicial. Um bom desempenho competitivo requer um nível de ansiedade ótimo, e quando esta situação acontece, o atleta está psicologicamente controlado.

Segundo Stefanello (1990), a proximidade do jogo aumenta os níveis de ansiedade pré competitiva do atleta. A intensidade da ansiedade será proporcional a ameaça que o atleta (sujeito) sofre e irá se manter até que a situação ameaçadora seja enfrentada ou alterada por algum determinante externo ou interno, ao sujeito.

As causas da ansiedade são conhecidas e entendidas pelos atletas, e outras vezes não. O mesmo autor afirma, que é sempre possível que algum grau de ansiedade esteja presente, dentro de um determinado contexto de incerteza, quando a competição e o desempenho têm um significado muito alto para o atleta.

Freitas (1999) diz que o atleta em vez de aguardar com entusiasmo a oportunidade de atuar, acaba por recear o seu início. Este fato acontece porque revive o medo de fracassar, e consequentemente, verifica-se um aumento da ansiedade.

A ansiedade pré competitiva parece ser reforçada pela pressão social que sente o atleta, exacerbando assim, os pensamentos pré competitivos ligados ao medo do fracasso, de decepcionar outras pessoas, a obrigação da vitória, etc. estes pensamentos que antecedem a competição, provocam um efeito devastador no desempenho desportivo e, por conseguinte, na vida cotidiana, levando ao esquecimento do bem estar e saúde como também a ocorrência de comportamentos improdutivos e prejudiciais nos atletas (CRUZ, 1996).

De acordo com o mesmo autor, acima citado, a expectativa da vitória projetada no atleta pelos pais, treinadores, comunicação social, público, entre outros, assume-se como um forte fator no aumento dos níveis de ansiedade na fase pré competitiva. Daí a importância dos atletas de alto nível serem capazes de controlar e lidar eficazmente, com as expectativas que desenvolvem para si próprios e as expectativas de outras pessoas e, por outro, com as exigências externas, tais como a imprensa, os adeptos, as exposições e/ao público e os patrocinadores.

Percebemos que o atleta não pode ser treinado somente nos aspectos técnico/tático e físico, mas também o psicológico que, por sua vez, tem estreita relação com o rendimento dos mesmos.

Weinberg; Gold (2001) considerando-se as reações observáveis nos níveis cognitivo e somático, afirmam que o atleta muito ansioso pode apresentar maior dispêndio de energia (devido ao aumento na tensão muscular); dificuldades na coordenação; mudanças na concentração; e, ainda, estreitamento do campo de atenção, isto é, uma incapacidade de observar todo o contexto da jogada, por exemplo.

8. ANSIEDADE COGNITIVA

Segundo Martens et al (1990), a ansiedade cognitiva consiste em pensamentos negativos e preocupações sobre a performance, incapacidade para se concentrar, e atenção disruptiva. Este tipo de ansiedade, quando aumentada, produz efeitos negativos nas atividades desportivas que requerem maior concentração, estratégia e agilidade psicomotora fina, tais como o xadrez, golfe, tiro ao alvo, dança, etc.

Martens et al (1990) diz ainda que a ansiedade cognitiva é caracterizada pela consciência de pressentimentos desagradáveis acerca de si próprio ou estímulos exteriores, como preocupações e distúrbios de imagens visuais.

De acordo com Burton (1998), o grau de estado de ansiedade cognitiva vivido por um atleta depende da sua percepção de competência, que se baseia principalmente, em experiências competitivas prévias, porém, fatores situacionais são, grandemente, independentes de experiências passadas. Quando as expectativas diminuem ou se tornam incertas é mais provável os atletas experimentarem um aumento da ansiedade cognitiva e uma diminuição da autoconfiança.

Para Bocchini (2008), por caracterizar-se pelos pensamentos negativos e medo de atingir os objetivos, a ansiedade cognitiva pode causar reações como medo, desinteresse, apatia e apreensão, e quando esta forma de ansiedade é elevada, pode produzir efeitos negativos no contexto esportivo, como uma diminuição da concentração e da agilidade psicomotora fina.

O grau de ansiedade cognitiva vivenciada por um atleta resulta da sua percepção de competência, que é desenvolvida a partir de suas experiências competitivas anteriores e pela capacidade do adversário. Portanto, quando as expectativas se tornam incertas há um aumento da ansiedade cognitiva e uma diminuição da autoconfiança, resultando num mau desempenho na competição (FERREIRA, 2006).

9. ANSIEDADE SOMÁTICA

A ansiedade somática é definida como as percepções dos sintomas corporais causados pela ativação do sistema nervoso autônomo, caracterizada por uma grande variedade de sintomas somáticos como tremura, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudação, boca seca, aumento da frequência cardíaca etc. Envolve a participação do organismo como um todo colocando-o em estado de alerta, resultando no aumento dos níveis de adrenalina e cortisol (MARTENS, 1990).

Ainda de acordo com Martens et al (1990), um elevado nível de ativação através da ansiedade somática é essencial para atividades desportivas que requerem velocidade, resistência e força, como o futebol, hóquei em patins, basquetebol, natação, salto em altura, etc. Entretanto, um nível elevado de ansiedade somática seria negativo para habilidades complexas que exigem motricidade fina, muita coordenação, concentração e equilíbrio.

O autor, acima citado, afirma que a ansiedade somática deverá influenciar o desempenho inicial, quando os atletas estão sentindo-se nervosos ou tensos, e ter um impacto mínimo no desempenho posterior.

Martens et al (1990) define a ansiedade somática, como as percepções dos sintomas corporais causados pela ativação do sistema nervoso autônomo, caracterizada por uma grande variedade de sintomas somáticos como tremura, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudação, boca seca, aumento da frequência cardíaca, entre outros. Há uma participação do organismo como um todo, colocando-o em estado de alerta, promovendo um aumento dos níveis de adrenalina e cortisol, é uma resposta fisiológica aos fatores psicológicos que estão ocorrendo, neste caso, um estado de ansiedade no momento que antecede a competição.

10. AUTOCONFIANÇA

Ainda de acordo com a definição de Martens et al (1990), a autoconfiança deverá ser encarada como a inexistência de ansiedade cognitiva, sendo que a ansiedade cognitiva será vista como a falta de autoconfiança.

Cruz (1996) conceitua a autoconfiança entre a falta de confiança (pouca ou fraca confiança nas capacidades pessoais, manifestada pelos atletas através de expectativas negativas e pelas dúvidas relacionadas com a sua prestação), e a confiança excessiva (demasiada autoconfiança). Na opinião destes autores, o nível ótimo de autoconfiança situa-se entre estes dois extremos.

Oppermann (2004) afirma que se o atleta possui um baixo nível de autoconfiança, o mesmo poderá desenvolver um maior número de falhas e, então, a ansiedade não diminuirá, pois, a preocupação irá aumentar, causando uma menor concentração. Saber direcionar é a melhor maneira de administrar uma ansiedade pré-competitiva.

Segundo Viana (1989), o treinador tem um papel importante na elevação dos níveis de autoconfiança dos seus atletas. Deverá procurar um ambiente competitivo, interagindo diretamente com os atletas, de forma a facilitar cada fonte de autoconfiança e estratégias mais utilizadas estão relacionadas com o sistema de reforço.

O atleta confiante das suas capacidades e competências poderá ver a sua autoconfiança ser reforçada, enquanto índices baixos de autoconfiança, poderão incrementar as suas dúvidas e incertezas acerca das suas capacidades. Assim, os atletas confiantes e que esperam o sucesso são, geralmente, os mesmos que atingem o sucesso.

O fator autoconfiança pode minimizar o efeito da ansiedade no desempenho. as predições teóricas da abordagem multidimensional sugerem que a autoconfiança não deveria mudar, a não ser que mudassem as expectativas de sucesso (BERTÉ JÚNIOR, 2004).

Para Martens et al (1990), a autoconfiança relaciona-se negativamente com a ansiedade somática e a ansiedade cognitiva, ou seja, se a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática aumentam, a autoconfiança diminui. De acordo com Oppermann (2004), se o atleta possui um baixo nível de autoconfiança, o mesmo poderá desenvolver um maior número de falhas e, então, a ansiedade não diminuirá, pois, a preocupação irá aumentar, causando uma menor concentração. Saber direcionar é a melhor maneira de administrar uma ansiedade pré-competitiva.

Autoconfiança é a crença de que você pode realizar com sucesso um comportamento desejado. O comportamento desejado pode ser o de chutar uma bola para o gol, permanecer em um regime de exercícios, recuperar-se de uma lesão no joelho. Mas o fator comum é que você acredita que vai conseguir (WEINBERG e GOLD, 2001, p.59).

11. ANSIEDADE NOS ESPORTES COLETIVOS E INDIVIDUAIS

Analisando alguns estudos de Martens et al (1990), Becker Jr (2000) identificou diferentes níveis de ansiedade. Nos estudos citados, foi possível observar que atletas de esporte individual apresentam maior nível de ansiedade do que os atletas de esporte coletivo.

Zeng (2003) realizou um estudo sobre ansiedade e o tipo de esporte (individual ou coletivo) e os resultados indicaram que os atletas de esportes coletivos apresentam menores níveis de ansiedade estado cognitiva e ansiedade somática do que os atletas de esportes individuais. No entanto, o nível de ansiedade traço competitiva entre os atletas de esporte coletivo e individual foi semelhante. O estudo ainda conclui que os atletas de esporte coletivo têm altos níveis de estado de autoconfiança se comparados com os atletas de esporte individual.

Berté Júnior (2004) afirma que as modalidades esportivas individuais são por si só, mais avaliativas que outras, podendo por isso, induzir níveis mais elevados de ansiedade, pois se centralizam diretamente no rendimento pessoal.

Nos esportes coletivos a responsabilidade pelo resultado pode ser partilhada por todos os membros, porém, cabe ressaltar que existem situações no esporte coletivo que exigem o desempenho individual e que podem aumentar o potencial impacto para níveis semelhantes aos que ocorrem nos desportos individuais.

Para Freitas (1999), o ambiente do esporte competitivo se torna ameaçador quando o atleta não é reconhecido como individuo, visto que, o que está em jogo no momento, não é apenas uma vitória, mas sim importantes valores e metas. O atleta nestes casos, procura superar-se e consequentemente adquire receio, medo de falhar e, nestes casos, há um aumento na ansiedade.

De acordo com Becker Jr. (2000), os atletas de esportes individuais apresentam maiores níveis de ansiedade-estado do que os atletas de esportes coletivos. A razão sugerida por este autor é que estes atletas, que competem em esportes individuais, não compartilham a responsabilidade, pela ausência de pares, ou por desconhecimento de técnicas de amenizar os sentimentos ansiogênicos.


12. CONCLUSÃO

Quem pratica esporte tem disciplina, cuida da alimentação, do corpo e da mente se emociona demonstrando tristeza ou felicidade, se cuida e se prepara para um determinado evento esportivo.

Na psicologia a preocupação com a mente e a sua influência sobre o desempenho no esporte tem sido cada vez mais abordada, visto que é um recente campo de pesquisa.

O objeto de estudo desta revisão de literatura, a ansiedade pré-competitiva, é de grande importância e contribuição para o meio esportivo e acadêmico, pois de acordo com essa investigação é algo bastante pesquisado e crescem a cada ano publicações sobre este assunto.

A Psicologia do Esporte tem como objetivo auxiliar técnicos e atletas a entender e solucionar, da melhor maneira possível, as suas dificuldades psicológicas e sociais, pois ela é a adequação da teoria e da técnica das várias especialidades e correntes da Psicologia para o contexto esportivo, seja no que se refere à aplicação de avaliações para a construção de perfis, seja no uso de técnicas de intervenção para a maximização do rendimento esportivo, que constrói as possibilidades de intervenção do profissional.

Por meio da fundamentação teórica, destacou-se o que diz Rubio (2007), o qual afirma que um dos papéis fundamentais do psicólogo do esporte é propiciar o suporte emocional necessário para os atletas que sofrem com as exigências do esporte, quaisquer que sejam essas: da modalidade esportiva (coletiva ou individual), dos aspectos relacionados ao esforço físico, da pressão dos dirigentes, da mídia, da comissão técnica, da família, de si próprio, entre outros. Por isso, torna-se imprescindível, em qualquer âmbito esportivo, a presença do psicólogo do esporte.

Dentre os fatores psicológicos mais freqüentes citam-se a ansiedade, considerada como um vilão para o esporte quando em demasia, e principalmente a ansiedade pré-competitivo. A ansiedade é uma expressão da personalidade de um indivíduo.

A extensão na qual a ansiedade se manifesta em uma situação particular deve ser considerada em relação à pressão imposta, ao nível de habilidade do atleta e à natureza da atividade.

Ressaltamos que a intensidade da ansiedade vivenciada pelo atleta, depende de como ele enfrenta diversas situações, além da sua personalidade, bem como de seu preparo psicológico, o entrosamento, o rendimento e a atuação da equipe no campeonato também são fatores que estão relacionados com a ansiedade e dos quais depende o bom desempenho do atleta nas competições.

É importante observar essa afirmação, pois foi observado, neste estudo, a presença da ansiedade nas competições, e como este tipo de estado emocional pode interferir no desempenho do atleta. Uma vez que um bom desempenho é o que todo atleta busca, como também buscam superar-se a cada competição, e isso só é possível se os mesmos estiverem bem resolvidos psicologicamente.

Conforme apresentamos neste trabalho, a ansiedade é um estado emocional que está presente e atuando em competições tanto de modalidade coletivo quanto individual, é possível que este estado emocional se manifeste em diferentes dimensões, desencadeando reações psicológicas e fisiológicas.

Nesta pesquisa foi possível perceber que a ansiedade pré-competitiva é considerada pelos autores como um estado emocional desagradável e apreensivo suscitado pela suspeita ou previsão de um perigo para integridade da pessoa e quando presente na competição pode afetar negativamente o desempenho do atleta, se for considerada por demasiado tempo.

A ansiedade, conforme os autores se dividem em dois componentes: ansiedade de estado e ansiedade de traço. Ansiedade de estado refere-se a uma reação ou resposta emocional que é evocada em um indivíduo que percebe uma situação particular como pessoalmente perigosa ou ameaçadora. Já a ansiedade de traço é uma característica estável do indivíduo.

Neste sentido, Frischnecht (1990) ressalta que a ansiedade-estado nem sempre tem efeito negativo sobre a execução do movimento; que o papel desempenhado pela autoconfiança é de extrema importância; e que cada atleta possui uma banda específica, a zona de ansiedade, na qual as melhores atuações podem ser observadas.

Sendo assim, os autores concluem que a ansiedade não deve ser totalmente eliminada, mas simplesmente ser controlada, de maneira a não ser um aspecto negativo no desempenho do atleta.

Além do mais, o fato de determinadas situações causarem estresse pode ser também positivo, uma vez que a mobilização de energias ou a ativação física e mental que prepara o atleta para entrar em ação depende deste tipo de mecanismo.

Neste sentido, O estado de intensidade deve ser compatível com a natureza da atividade, para que se obtenha resultados favoráveis, pois segundo Singer (1977) existe um nível ideal de ansiedade para cada atleta, na medida em que este entra na competição.

Além do mais, a ansiedade causa incerteza, e está é impossível de ser totalmente anulada dada a natureza da situação, desta maneira, os atletas precisam desenvolver competências psicológicas adequadas.

O presente trabalho mostrara que os estudos acerca deste assunto são de fundamental importância para o entendimento da ansiedade e suas variáveis, principalmente o estado de ansiedade pré-competição, fazendo com que desta forma, seja possível proporcionar uma elevação no alto-rendimento do atleta e assim contribuir para que o mesmo alcance seus objetivos na melhoria ou manutenção dos seus resultados. Sendo assim, o psicólogo, através da Psicologia do Esporte, promove seu papel buscando o desenvolvimento do potencial psicológico do atleta afim de que este exerça seu potencial.

Tendo em vista que as competições não englobam somente os fatores fisiológicos e a técnica, mas, sobretudo, os aspectos emocionais, existe uma preocupação muito grande em relação ao estado psicológico dos atletas, pois, para competir melhor o atleta deve ter uma boa preparação física para a prática da atividade esportiva escolhida, bem como desenvolver uma atenção especial ao elemento psicológico. Sob essa perspectiva, o treinamento tem por objetivo definir o preparo físico, técnico-tático, intelectual, psíquico e moral do atleta.

Os fatores psicológicos relacionados à competição em termos de ansiedade, nível do objetivo e motivação podem de maneira significativa afetar o desempenho físico.

Nesse norte, a psicologia do esporte investiga como disciplina científica as causas e os efeitos dos processos psíquicos que acontecem com o ser humano antes, durante e depois de uma atividade esportiva ou de lazer.


REFERÊNCIAS

ABRANTES. João. Stress e a ansiedade pré-competitiva e sua influência no rendimento desportivo. Disponível em: <http://www.revistaatletismo.com>. Acesso em 15 dez. 2007.

ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BARA FILHO & MIRANDA (1998). Aspectos psicológicos do esporte competitivo. revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 419-429, jul. 2008

BALLONE, G. J. Ansiedade e Esporte. São Paulo. 2004. Disponível em: www.virtualpsy.org/temas/esporte.html. Acesso em 14 jun. 2013.

BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e do Esporte. São Paulo: Manole, 1994.

BECKER Jr., SAMULSKI, D. Manual de treinamento psicológico para o esporte. Porto Alegre: Feevale, 1998.

BECKER Jr., B. Manual de psicologia do esporte & exercício. Porto Alegre: NOVAPROVA, 2000.

BECKER Jr, B. Os níveis de ansiedade do tenista. Match Point. Porto Alegre,

v. 2, n. 25, p.10, 1989.

BERTÉ JUNIOR, Dúlio. Um estudo sobre o nível de ansiedade estado pré- competitiva em atletas de futsal. Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Educação Física, Curso de Educação Física, Faculdade de Pato Branco. Elaborada em 2004.

BERTUOL, L.; VALENTINI, N. C. Ansiedade Competitiva de adolescentes: gênero, maturação, nível de experiência e modalidades esportivas. Revista da Educação Física/UEM. Maringá, 2006. v.17, n.1, p. 65-74, 1 sem.

BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2002.

BOCCHINI, Daniel; MORIMOTO, Lais; et al. Análise dos tipos de ansiedade entre jogadores titulares e reservas de futsal. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 6, ed. especial, p. 522-532, jul. 2008.

BOUTCHER, S. O papel das rotinas de desempenho no esporte. Em Graham, E J. Hardy, L. (Eds.). Stress e desempenho nos esportes. Inglaterra: 1990

BRITO, A. P. Psicologia do Desporto: Edições Omni serviços, 2004.

BURTON, D. Medindo estado de ansiedade competitiva. Avanços no esporte e psicologia do exercício de psicologia. Revista psicologia aplicada ao esporte, SP:1998.

COMISSÃO DE ESPORTE DO CRP-SP. A avaliação psicológica no esporte ou os perigos da normatização e normalização. Encontros e desencontros: descobrindo a psicologia do esporte. Casa do Psicólogo, São Paulo, 2000. 155-164 p.

CRATTY, B.J. Psicologia no esporte. 2 ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984. 246p.

CRUZ, J. F. Stress e ansiedade na competição desportiva: Teoria, investigação e implicações práticas. Braga: Universidade do Minho, 1986.

CRUZ, J. Stress e Ansiedade na Competição Desportiva: Natureza, efeitos e avaliação. In Manual de Psicologia do Desporto. Universidade do Minho: Instituto de Educação e Psicologia,1996.

CRUZ, J. Competências psicológicas e sucesso desportivo no voleibol de alta competição. In J.C.A. Gomes (Ed.), Psicologia aplicada ao desporto e à atividade física: teoria, investigação e intervenção. Braga: Universidade do Minho, 1997.

DAMÁZIO, W. A ansiedade no voleibol. 1997. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1997.

DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

DAVIDOFF, L.L. Introdução à psicologia. 3.ed. São Paulo: Makron Books, 2001.

DE ROSE JÚNIOR, D. (1985). Influência do grau de ansiedade-traço no aproveitamento de lances-livres. p.1-9, set./dez. 2010 (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade de São Paulo –Escola de Educação Física.

DE ROSE JUNIOR, D; VASCONCELLOS, E. G. Ansiedade-traço competitiva e atletismo: um estudo com atletas infanto-juvenis. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 148-154, jul./dez. 1997.

FADIMAN, J. & FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1979.

FEIJÓ, O. G. O preparo psicológico. Psicologia para o esporte: corpo e movimento. Ed. Shape, Rio de Janeiro, 1998. 142 p.

FENICHEL, O. Teoria psicanalítica das neuroses. Rio de Janeiro: Atheneu, 1981

FERRAZ P. (1997). Identificação dos comportamentos pré-competitivos em jovens nadadores. Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, Porto Alegre. Disponível em: <http://www.mundook.net/> Acesso em: fevereiro de 2010.

FERREIRA, R. L. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro: Sprint, 2000

FIORAVANTI, A. C. M. Propriedades Psicométricas do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). 2006. 66 f. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

FLEURY, S. (s/d). Ansiedade pré-competitiva. PH&T - Performance Humana &Tecnologia – São Paulo – Brasil, s/d. Disponível em: <http://www.suzyfleury.com.br>. Acesso em mar. 2010

FRESCHKNECHT, P. J. A influência da ansiedade no desempenho do atleta e do treinador. Revista Treino Desportivo. Lisboa, p. 21-28, n. 15, National Coaching Foundation, 1990.

FREUD, Sigmund. (1929). Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

FREITAS, F. J. P. A ansiedade pré-competitiva e o comportamento de autocontrole em jogadores de futsal. Revista do Curso de Psicologia, Canoas, n. 9, jan./jun. 1999.

GARGANTA, J; PINTO, J. O ensino do futebol. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. Porto: Universidade do Porto, 1998. p. 95-136.

GRAEFF, FG. Ansiedade. In: Neurobiologia das doenças mentais. GRAEFF, FG; BRANDÃO, ML. São Paulo: Lemos Editorial,1999.

HERNANDEZ, J. A. E. ; GOMES, M. de M. Coesão Grupal, Ansiedade, Pré Competitiva e o Resultado dos Jogos em Equipes de Futsal. Revista Brasileira de Ciência e Esporte. Campinas, v. 24, n. 1, p. 139 – 150. 2002.

KEEDWELL, P; SNAITH, R. P. What do Anxiety Scales Measure? Acta Psychiatrica Scandinavica, 1996, 177-180.

KROLL, W. Psychological Scaling of AIAW Code-of-Ethics for Players. The Research Quarterly, v. 47, n. 1, 1976. 158 p.

KUSNETZOFF, J. C. Introdução à psicopatologia psicanalítica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

LINDGREEN, H.D. Ansiedade: a doença do século. Porto Alegre: 1965. P. 228.

LEWIS, A. Problems Presented by the Ambigous Word "Anxiety" as Used in Psychopathology. In: The Later Papers of Sir Aubrey Lewis. Oxford Universuty Press, 1979.

MAY, R. O homem a procura de si mesmo. Rio de Janeiro: Vozes, 1977. 248 p.

MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte: Temas Emergentes I. Jundiaí: Ápice, 1997.

MARQUES, M. G. Estudo descritivo sobre como adolescentes atletas de futebol e tênis de porto alegre, percebem a psicologiado esporte. 2000. 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.

MARTENS, R. VEALEY, R. BURTON, D. Ansiedade competitiva no esporte. Champaign, In: Human Kinetics, 1990.

MARTI, J. Enciclopédia de Psicologia. Oceano. Volume III e IV. Espanha. Versão traduzida por Liarte. Lisboa 2000.

MELO, S. I. L. A. Ansiedade e desempenho no atletismo: estudo de efeitos da ansiedade sobre o desempenho, usando como critério performances em competições e em testes ergométricos submáximos. Santa Maria: UFSM, 1984. 125 p. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) Universidade Federal de Santa Maria, 1984.

NEVILL, M. A.; HOLDER R. L. Vantagem de jogar em casa no Desporto: Uma Visão Geral dos estudos sobre a vantagem de jogar em casa. Sports Med., 28 (4), 221-236. 1999. Disponível em: <www.ativo.com/matérias. Acesso em abr. 2010.

OPPERMANN, P. R. V. Medicina Esportiva. Psicologia: ansiedade pré-competitiva. São Paulo, outubro de 2004. Disponível em: <www.ativo.com/matérias>. Acesso em mai. 2010.

PARFITT, C. G.; JONES, J. G.; HARDY, L. Multidimensional anxiety and performance. In JONES, J. G; HARDY, L. (Ed.). Stress and performance in sport. Chichester, UK: Wiley. 1990, p. 43–80.

PARFITT, C. G, HARDY, L. A catastrophe model of anxiety and performance. British Journal of Psychology, v. 82, n. 2, p. 163-178, 1991.

PISETTA, M. A. A. M A falta da falta e o objeto da angústia=The lack of lack and the object of anguish. Estudos de Psicologia, Campinas, SP, v.26, n.1, p.101 107, mar. 2009.

RUBIO, K. Da psicologia do esporte que temos à psicologia do esporte que queremos. Revista brasileira de psicologia do esporte, dez 2007, vol.1, no.1, p.01-13. ISSN. Disponível em: <http:// www.pepsic.bvs-psi.org.br. Acesso em fev. 2010.

RUBIO, K. Psicologia do esporte aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. 246 p.

RUBIO, K. O atleta e o mito do herói. O imaginário esportivo contemporâneo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. 186 p.

RUBIO, K. Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. 170 p.

SCALAN, T. K. (1984). Competitive stress and the child athlete. In J. Silva and R. Weinberg (Eds.), Psychological Foundations of Sport. Champaign, III: Human Kinetics.

SAMULSKI, D. M. Suporte psicológico aos atletas brasileiros durante as Olimpíadas de Atenas 2004. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v. 20, set. 2006. p.165-67.

SAMULSKI, D. M. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. 2. ed. Barueri: Manole, 2009.

SAMULSKI, D.M. Psicologia do esporte: Manual para a Educação Física, Psicologia e Fisioterapia. São Paulo: Manole, 2002.

SAMULSKI, D. Psicologia do esporte. Belo Horizonte, UFMG, 1995.

SINGER, R. N. Psicologia dos Esportes: mitos e verdades. 2 ed. São Paulo: Harbra 1997.

SPIELBERGER, C. D. et al. Inventário de ansiedade traço-estado – IDATE. Rio de Janeiro: Centro Editor de Psicologia Aplicada, 1979.

SPIELBERGER, C. D. Measuring anxiety in sports, perspectives and problems. Nova York: Hemisphere P.C. Hackfort, 1989. 128 p.

STEFANELLO, J. M. F. Ansiedade competitiva e os fatores de personalidade de adolescentes que praticam voleibol: um estudo causal comparativo. Santa Maria. Kinesis, v. 6, n. 2, p. 203-24, 1990.

TILLICH, P. A coragem de ser. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

VIANA, M. Competição, ansiedade e auto-confiança: implicações na preparação do jovem desportista para a competição. Treino Desportivo. Lisboa: 1989.

VOSER, R. C. Futsal: Princípios Técnicos e Táticos. 2ºed. Canoas. Ulbra. 2003. 190 p.

WEINBERG, R. S.; GOULD. D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2.ed São Paulo: Artmed, 2001.

WOODMAN, T.; HARDY, L. Stress and anxiety. In: SINGER, R.; HAUSENBLAS H. A.; JANELLE, C. M. Handbook of research on sport psychology. 2. ed. New York: Wiley, 2001. p. 290-318.

ZENG, H. Z. A diferença entre ansiedade e auto-confiança entre esporte de equipe e individual de atletas universitários. Jornal Internacional de Esportes, Winter, 2003.

Revista do Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida - CPAqv – n.1, v. 1, 2009 (WEINBERG E COMAR, 1994).

Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.24, n.3, p.331-42, jul./set. 2010 (EKLUND E JACKSON, 1992).

43 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page