Antes de falar sobre o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é preciso definir o que é personalidade e seus transtornos. De uma forma simplificada, personalidade é um conjunto de traços psíquicos que constituem o total das características de uma pessoa, inatas (temperamento) e adquiridas (caráter) ao longo da vida. Essas características irão estabelecer e guiar um padrão de comportamento, que será a maneira do indivíduo pensar, perceber se relacionar. Já o transtorno de personalidade é um padrão mal adaptativo de experiências pessoais, disseminado, contínuo, inflexível e com comportamentos patológicos, cujo diagnóstico deve ser pensado após a adolescência ou início da vida adulta.
A prevalência média do Transtorno de Personalidade Borderline na população é estimada em 1,6%, embora possa chegar a 5,9%. Essa prevalência é de aproximadamente 6% em contextos de atenção primária, cerca de 10% entre pacientes de consultórios psiquiátricos e de ambulatórios de saúde mental e por volta de 20% em pacientes psiquiátricos internados. A prevalência do Transtorno de Personalidade Borderline pode diminuir nas faixas etárias mais altas (DSM-5).
O termo Transtorno de Personalidade Borderline foi usado pela primeira vez em 1884 e desde então passou por diversos conceitos ao longo dos anos. Originalmente o termo "borderline" se referia a um grupo de pacientes que vivia no limite da sanidade (daí o termo limítrofe), ou seja, na fronteira (borda, borderline) entre a neurose e a psicose. Alguns autores da época usavam esse diagnóstico quando havia sintomas neuróticos graves. Foi só na década de 1980 que o diagnóstico da doença se tornou mais preciso. Até então, muitos médicos acreditavam, equivocadamente, que a personalidade de uma pessoa era imutável.
O Transtorno de personalidade Borderline – TPB (também conhecido como “transtorno de personalidade emocionalmente instável”) manifesta-se essencialmente por um padrão de comportamento marcado pela impulsividade e instabilidade de afetos, relacionamentos interpessoais e autoimagem. Este padrão ocorre em uma variedade de situações e contextos, mesmo quando a situação pareça bastante desproporcional à resposta afetiva.
O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição mental grave e complexa cujos sintomas instáveis podem invadir o indivíduo de modo súbito, caótico, avassalador e desenfreado. Segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013), o Transtorno de Personalidade Borderline envolve um padrão de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos.
Outros sintomas comuns (critérios do DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais), para que o paciente seja diagnosticado com a doença:
· Enorme medo e esforço desesperado para evitar o abandono (real ou imaginário);
· Um padrão de relações interpessoais intensas e instáveis (familiares e amigos), muitas vezes passando por alternância de extrema proximidade e amor (idealização) a extrema raiva (desvalorização);
· Perturbação da identidade: Autoimagem ou sensação de si mesmo distorcida e instável;
· Comportamentos impulsivos, como gastar dinheiro demais, sexo inseguro, abuso de substâncias, direção imprudente e compulsão alimentar;
· Comportamentos, gestos ou ameaças suicidas recorrentes ou comportamentos de automutilação, como cortes;
· Humor altamente variável, mudando dentro de algumas horas a alguns dias (disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa);
· Sentimentos crônicos de vazio;
· Raiva inapropriada, intensa ou desproporcional, com dificuldade de controla-la (frequentes irritações, raiva constante, brigas físicas recorrentes);
· Tende a ter pensamentos paranoicos (de perseguição) quando estressadas;
· Sintomas dissociativos, como sentir-se fora do corpo ou perder contato com a realidade.
A impulsividade, aliás, afeta diversas áreas da vida. “Eles passam a gastar muito dinheiro, usam drogas ou álcool ou desenvolvem compulsão alimentar como uma forma de aliviar o sofrimento”.
Em casos mais graves, a integridade física é colocada em risco. Pode-se chegar ao ponto automutilação e até suicídio.
Os sintomas de Transtorno de Personalidade Borderline são, principalmente, uma grande instabilidade emocional, desregulação afetiva excessiva, sentimentos intensos e polarizados do tipo “tudo ótimo e tudo péssimo” ou “eu te adoro e eu te odeio”, angústia de abandono, percepção de invasão do self, entre outros. Não raro, isso leva a comportamentos impulsivos perigosos sendo comum a presença recorrente de atos autolesivos, tentativas de suicídio e sentimentos profundos de vazio e tédio. O início do transtorno pode ocorrer na adolescência ou na idade adulta e o uso dos recursos de saúde e saúde mental é expressivo nesses pacientes.
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer instante. Elas apresentam alterações súbitas e expressivas de humor e suas relações interpessoais são intensas e instáveis sendo muito difícil o convívio com elas.
Elas temem o abandono real ou temido, com frequência vivenciam sentimento crônico de vazio e reação pungente ao estresse, protagonizando sucessivas ameaças (ou tentativas) de suicídio e automutilação. O modus operandis desses pacientes traz um sofrimento enorme tanto para si próprios como para os que com eles convivem. Uma só palavra mal colocada, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração pode levar o borderline a um acesso de raiva e ódio que duram em média poucas horas. Outra característica importante é que o borderline nem sempre sabe lidar com o êxito. É comum que eles abandonem ou destruam seus alvos e metas justo quando a perspectiva de alcança-las é real e próxima.
Causas e fatores de risco:
As causas do TBP ainda não estão claras e, assim como em outros transtornos mentais, são complexas e não há consenso a seu respeito. Entretanto pesquisas sugerem que fatores genéticos, cerebrais, ambientais e sociais estão provavelmente presentes.
· Genética. O TPB tem uma chance 5 vezes maior de ocorrer se uma pessoa tiver um familiar próximo (parentes biológicos de primeiro grau) com o transtorno.
· Fatores ambientais e sociais. Muitas pessoas com TPB relatam experiências traumáticas, tais como abuso ou abandono durante a infância. Outros podem ter estado expostos a relacionamentos instáveis e conflitos hostis. No entanto, algumas pessoas não têm história de trauma. E, muitas pessoas com história de eventos traumáticos da vida também não têm TPB.
· Fatores neurobiológicos: estudos mostram alterações na estrutura e função de certas áreas do cérebro, especialmente as que controlam impulsos e regulação emocional.
Cerca de 10% dos pacientes apresentam depressão ou ansiedade, associados ao TBP.
Instabilidade familiar
Impacto do ambiente familiar no desenvolvimento da criança pode ser um fator importante entre as causas do borderline. Cerca de 80% dos pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline veem o casamento de seus pais como muito conflituoso. Muitos desses pacientes passaram por negligência e abusos físicos e sexuais dentro da família. Porém, há pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline com familiares absolutamente comuns, sem nada de anormal.
Também há aumento do risco de Transtorno de Personalidade Borderline quando existe na família, o pai e ou mãe com transtorno por uso de substância, Transtorno de personalidade antissocial e transtorno depressivo ou transtorno bipolar.
O Transtorno de Personalidade Borderline seria também a consequência de uma educação muito autoritária, em que pais rígidos sempre imporiam seus desejos. Com o tempo as tentativas de autoafirmação da criança sucumbiriam aos desejos dos pais e ela se habituaria a se submeter sempre aos pais, desenvolvendo dúvidas sobre a própria capacidade e vergonha pelos seus fracassos. Aos poucos a criança iria parando de tentar expressar as suas vontades podendo levar a falhas na clarificação psíquica de si e do outro.
Diagnóstico:
Infelizmente, BPD é muitas vezes sub ou mal diagnosticado. Um profissional de saúde mental (como um psiquiatra ou psicólogo) pode diagnosticar o TBP com base em uma entrevista completa, perguntando sobre sintomas e histórias médicas pessoais e familiares, incluindo qualquer história de doenças mentais. Esta informação pode ajudar o profissional de saúde mental a decidir sobre o melhor tratamento.
Muitos profissionais envolvem o paciente no seu próprio diagnóstico na medida em que vão mostrando a ele os critérios diagnósticos e perguntando quais deles os definem plenamente. Este método ajuda o paciente a aceitar melhor o diagnóstico.
Entretanto, há profissionais que preferem não dizer ao paciente o diagnóstico por conta do estigma e também porque antigamente o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline era tido como intratável.
De modo geral, falar com o paciente sobre o diagnóstico é a conduta preferível para a maioria dos especialistas. Questões que precisam ser perguntadas são sobre ideações suicidas, atos autolesivos e pensamentos sobre machucar os outros. O diagnóstico é clínico, baseado no relato do paciente e nas observações do médico.
É importante lembrar que hoje, o diagnóstico de TBP é feito pela presença de uma coleção de traços e não por um critério isolado. Assim, merece ser destacado no diagnóstico o esforço desesperado que o portador do transtorno faz para evitar o abandono real ou imaginário e a gravidade das alterações das relações interpessoais, na família, escola, trabalho e lazer e, posteriormente, também com os profissionais que se aproximam para oferecer tratamentos.
Mas todo o cuidado é pouco. O psiquiatra que se baseia somente nos sintomas do DSM pode errar. É comum a confusão do Transtorno de Personalidade Borderline com o transtorno bipolar, por exemplo. E além do diagnóstico ser às vezes difícil, o psiquiatra precisa saber lidar com o paciente.
Exame físico e testes de laboratório são recomendáveis para eliminar sintomas possíveis, como problemas de tireoide e abuso de substâncias. Exames de imagem são usados para afastar outras causas.
Normalmente o Transtorno de Personalidade Borderline demora a ser diagnosticado. Pode levar três, cinco, dez ou ainda mais anos até que seja descoberto. É muito importante que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível e que o tratamento seja logo iniciado. É extremamente importante que toda a família se trate, pois na grande maioria dos casos a dinâmica familiar se encontra dilapidada pelo sofrimento e por anos de busca por um diagnóstico correto.
O quadro sempre deve ser fechado pelo psiquiatra.
Buscando ajuda médica.
Sempre que o paciente com Transtorno de Personalidade Borderline apresentar sintomas muito angustiantes e ou reações que possam afetar ou machucar a si mesmos ou a outras pessoas, ele deve procurar o médico. Em casos de atos (auto) lesivos e compulsivos severos como jogo patológico, compulsão a compras, presença de comorbidades como doenças clínicas concomitantes, por exemplo.
O mesmo ocorre quando há intenção suicida ou mesmo tentativa. Nesses casos é muito importante que a família e principalmente os terapeutas tenham conhecimento desses pensamentos, pois eles podem ajudar. Por vezes tanto pacientes como familiares ficam muito assustados, mas os terapeutas compreendem bem essa situação e sabem como lidar.
Tratamentos:
O TPB sempre foi visto como um transtorno difícil de se tratar. No entanto, como uma melhor compreensão da doença e com um tratamento adequado, muitas pessoas apresentam melhora (diminuição da frequência e gravidade dos sintomas). Mesmo assim, não há milagres e, às vezes, muito tempo decorre entre o início do tratamento e a melhora clínica. Por isso é importante que as pessoas “borderline” e seus familiares tenham informação e noção da dificuldade de se tratar esse distúrbio. É importante ter em mente que pessoas com BPD podem se recuperar e viver muito melhor!
A psicoterapia é o principal tratamento para o TPB; ela pode aliviar alguns sintomas e o cliente irá aprender a entender melhor suas emoções e a interagir melhor com outras pessoas. Existem algumas linhas psicoterapêuticas mais eficientes no tratamento do TPB, como a Terapia comportamental cognitiva (TCC), Terapia dialética comportamental (DBT), a Terapia de esquemas, entre outras.
Nesse caso, o tratamento foca principalmente as questões do suicídio e da automutilação, além do aprendizado de novas habilidades, como consciência, eficácia interpessoal, cooperação adaptativa nas decepções e crises e na correta identificação e regulação de reações emocionais.
É importante confiar e ter afinidade com seu terapeuta, entretanto pela própria natureza do distúrbio, pode ser difícil para as pessoas com este transtorno desenvolver e manter um vínculo confortável e confiante com seu terapeuta.
Os atendimentos demandam muita energia do especialista, que têm que deixar sempre um canal aberto para o paciente, seja de dia ou de noite ou madrugada ou nos finais de semana e inclusive durante viagens e férias. O psiquiatra tem que estar à disposição 24 horas por dia. Muitos telefonemas são feitos por pacientes que estavam à beira de um suicídio ou se cortando. São situações que podem não esperar o dia amanhecer. Por isso é essencial que a família busque especialistas que tenham esse perfil e essa disponibilidade de tempo que o tratamento do portador de Transtorno de Personalidade Borderline exige mantendo-os por tempo indeterminado, caso a caso.
Pode ser feita terapia familiar também, pois em geral a família tende ou a abandonar o paciente ou a se tornar super protetora. Na maioria dos casos, familiares, amigos e leigos não compreendem como o sofrimento pode levar um indivíduo com Transtorno de Personalidade Borderline a querer se matar. Já os pacientes relatam que a automutilação e o suicídio são maneiras que eles encontraram de extravasar um sofrimento insuportável. Os pais se dizem impotentes e relatam sofrer tanto quanto o paciente.
Os medicamentos não devem ser utilizados como tratamento principal, mas podem ajudar a tratar sintomas específicos, como mudanças de humor, depressão ou outros distúrbios que podem ocorrer com o transtorno. O medicamento pode ser particularmente importante para lidar risco de suicídio e a automutilação.
No início, o tratamento pode aliviar alguns sintomas, principalmente aqueles que mais perturbam as pessoas, porém se pensarmos em desenvolvimento da personalidade, o tratamento deverá ser de médio em longo prazo. O objetivo é ir além dos sintomas, buscando o desenvolvimento duradouro das capacidades psíquicas do paciente. Os tratamentos devem considerar cada caso em sua particularidade. Podem ser breves com duração de 20 sessões ou de longo prazo, de dois a três anos. Pesquisas atuais têm apontado que tratamentos de longo prazo produzem resultados mais duradouros no decorrer da vida.
O Transtorno de Personalidade Borderline é considerado um transtorno fronteiriço ou limítrofe entre uma modalidade “não normal” da personalidade de se relacionar com o mundo e um estado que pode ser considerado francamente patológico. Assim sendo, os pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline devem ser considerados caso a caso.
Como você pode ajudar um amigo ou parente que tenha TPB?
Se você conhece alguém com TPB, isso também te afeta. A primeira e mais importante coisa que você pode fazer para ajudar é obter o diagnóstico e o tratamento corretos. Você pode precisar acompanhar o seu amigo ou familiar para ver o psiquiatra e o psicólogo. Incentive-o a permanecer em tratamento ou procurar tratamento diferente se os sintomas não parecerem melhorar com o tratamento atual.
O que fazer durante uma crise?
Nesse momento, a raiva e a impulsividade se sobressaem. Aí, é necessário ter apoio dos amigos e familiares.
Eles precisam acolher, ser compreensivos e incentivar a procura de ajuda profissional quanto antes. Dessa maneira, o paciente aprenderá a lidar com as crises e evitar que novas aconteçam.
Em uma emergência, a pessoa se sente desamparada. Ao conversar sobre o que está sentindo, a ansiedade é amenizada.
Complicações possíveis
A pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline tende a estar em constante estado de agitação. As complicações costumam ocorrer quando há separação, abandono percebido ou desaprovação de outra pessoa. O ambiente de trabalho pode proporcionar um fórum de turbulência nas relações com supervisores e colegas de trabalho.
Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em áreas potencialmente prejudiciais para si próprios, tais como nos esportes, nos jogos de azar, no consumo de tabaco, álcool e drogas. Eles podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de medicamentos, engajar-se em sexo inseguro e ou dirigir de forma imprudente.
As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline costumam apresentar comportamento, gestos e ou ameaças suicidas ou comportamento automutilante.
Não é raro nos deparamos com complicações decorrentes do Transtorno de Personalidade Borderline como distúrbios alimentares, obesidade mórbida, síndrome metabólica, promiscuidade, doenças sexualmente transmissíveis (DST’s), gravidez indesejada, problemas com a lei, dilapidação do patrimônio, graves acidentes, entre outros.
Caso haja comorbidades, ou seja, outros transtornos psiquiátricos associados com o Transtorno de Personalidade Borderline, certamente o curso do tratamento e prognóstico vão se complicar ainda mais. Gestos e comportamentos suicidas são as complicações mais graves, assim como provocar lesão em outras pessoas.
Quais as pessoas mais afetadas?
O problema atinge mais as mulheres e a população jovem.
Qual a diferença entre o borderline e o transtorno bipolar?
Essas doenças não são a mesma coisa.
A bipolaridade não é um transtorno de personalidade, e sim de humor.
O paciente bipolar passa por episódios de 20 a 30 dias em depressão significativa. Após um tempo, ele melhora e tem um período de euforia. Esses comportamentos vão se intercalando, podendo cada um durar meses.
Já no caso do sujeito borderline, a oscilação de personalidade às vezes ocorre várias vezes durante o mesmo dia.
Transtorno de personalidade borderline tem cura?
Os conhecimentos mais recentes mostram que mesmo com toda a conturbação e sofrimento que o portador do Transtorno de Personalidade Borderline causa a si próprio e a seus familiares o curso do transtorno não é tão negativo como se pensava antes. Hoje sabemos que o risco maior de completar o suicídio no Transtorno de Personalidade Borderline é nos 5 a 7 anos do início da manifestação. Depois disto o risco cai muito. Sabemos também que 10% das pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline completam o suicídio.
Os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline melhoram com o passar do tempo através de acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico. Por volta dos 30, 35 anos, os pacientes apresentam uma melhora grande. Estatísticas sugerem que com o devido tratamento, portadores de TPB tendem a sofrer recessão dos sintomas em algum momento da fase adulta. Dos que procuram ajuda profissional de uma maneira geral, 75% sofrem remissão da maior parte dos sintomas entre os 35 e 40 anos de idade, 15% entre os 40 e 50 anos de idade e os 10% restantes podem não apresentar resultados satisfatórios ou podem cometer o suicídio. Os sintomas tendem a sumir depois dos 40 anos. Mas quando tratado adequadamente o paciente poderá se organizar e melhorar a qualidade de vida e as suas relações.
Prevenção
Intervenções sociais como prevenção do abuso infantil, da violência doméstica e do abuso de substâncias nessas famílias pode ajudar a diminuir a ocorrência não só de Transtorno de Personalidade Borderline como também de um número significativo de diferentes problemas de saúde mental.
Em contraste, a prevenção específica do Transtorno de Personalidade Borderline tende a se concentrar em reconhecer os traços da doença o mais cedo possível, seguido de tratamento intensivo dos mesmos.
Em outras palavras, especial atenção deve ser dada ao Transtorno de Personalidade Borderline, pois tais pacientes costumam provocar reações importantes naqueles que os cercam devido às mudanças abruptas no humor e sentimentos. Impulsividade, irritabilidade, dificuldade em expressar ou controlar a raiva adequadamente, sentimento de vazio, desespero, pânico, isolamento e sentimentos paranoides são frequentes. Esta configuração pode levá-los a maiores dificuldades em relações amorosas, de trabalho ou amizade. Por isso é importante que o parceiro e a família aprendam a lidar com o transtorno evitando assim mais sofrimento e a chance de novas crises no paciente.
Igualmente, incentivar esses pacientes a buscar profissionais experientes e que possam entendê-los é da maior importância, pois eles frequentemente relatam sentir angústia de abandono e separação. Ora o paciente se sente altamente invadido por aqueles que o cercam, ora abandonado, podendo ser isto realidade ou fantasia, porém sentido de forma intensa. Paralelamente, as pessoas que se relacionam com eles também se deparam com vivências muito intensas e ambivalentes – amor e ódio – no momento em que se dispõem a ajudá-los. Há uma linha tênue e muito delicada entre o amor e o ódio, e entre o abandono e a separação. Os cuidadores precisam se fortalecer para prevenir desdobramentos sombrios e perigosos por parte dos pacientes.
Referências
DSM-IV, American Psychiatric Association - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 4ª ed. Edit. Artes Médicas
DSM-V, American Psychiatric Association - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 5ªed. Edit. Artes Médicas
Sobrevivência Emocional: as feridas da infância revividas no drama adulto", de Rosa Cukier. Editora Ágora, 1998
The UK National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE) 2009 clinical guideline for the treatment and management of BPD
National Institute of Mental Health – Borderlline personality disorder
Associação Psiquiátrica Americana
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