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  • Foto do escritorGilsom Castro Maia

A flor da pele – Emoções e sentimentos que influenciam os resultados do atleta de alto rendimento.

Atualizado: 22 de jun. de 2020

RESUMO

Objetivo: A interferência psicológica no rendimento dos atletas tem sido alvo de pesquisas, que identificam estados emocionais, uma forma importante de obter um resultado significativo no contexto esportivo. Este trabalho tem como objetivo descrever e discutir as emoções, sentimentos e os tipos de intervenção do psicólogo do esporte junto aos atletas de alto rendimento, checando a influência dos estados emocionais nos atletas de alto rendimento e suas possíveis interferências no rendimento esportivo, assim como ajudando-os a alcançar resultados favoráveis.

Resultado: O resultado inicial das bases de dados resultou no total de 50 artigos, sendo referentes a pesquisas realizadas no Brasil. Após as leituras, 30 artigos que não atendiam aos critérios de seleção foram eliminados como; metodologia de pesquisa, base de dados e pesquisa com base em estudos científicos. Ao longo da construção do presente trabalho, utilizamos 20 artigos no desenvolvimento da atual revisão.


Conclusão: Os resultados encontrados nos mostram que dentro do que foi pesquisado, existem fatores que interferem no rendimento esportivo da maioria dos atletas, afetando de maneira geral o rendimento individual do atleta, mas também o rendimento da equipe. Com isto identificamos que não basta dar atenção somente aos treinamentos físicos, táticos e técnicos, se faz necessário também dar uma atenção especial aos fatores psicológicos dos atletas, para que possam alcançar seu melhor rendimento nos treinos e competições.

Sugerimos aprofundar mais em pesquisas desta área, para que possamos compreender melhor as emoções e sentimentos dos atletas. Sugerimos também uma intervenção constante do trabalho do psicólogo do esporte atuando junto a equipe continuamente.

1. INTRODUÇÃO

O esporte moderno, a cada ano, se torna mais competitivo, movendo uma serie de interesses e, com o avança da tecnologia, os treinamentos técnico, tático e físico estão cada vez mais próximos, caracterizando-se pelo crescimento rápido dos seus resultados. Muitos técnicos buscam em seus atletas o rendimento máximo a qualquer custo, e não o rendimento ótimo, que teoricamente, e falando de atividade física e saúde, seria o mais recomendado.

Este crescimento e estes resultados acabam acarretando exigências elevadas do estado emocional (psíquico) dos esportistas. Os atletas devem ter o nível de saúde psíquica alto, para que apresentem resistência contra qualquer tipo de estresse, persistência elevada em alcançar o sucesso, autocontrole em situações inesperadas complexas e tomada de decisões adequadas nestas situações.

O assunto desta pesquisa é a preocupação com a saúde psíquica dos atletas. Saúde psíquica é o funcionamento perfeito do sistema nervoso central e sua capacidade de manter o equilíbrio emocional.

A saúde psíquica do atleta de rendimento é estabelecida pela sua eficiência psíquica nos eventos de maior importância e se determina pela perfeição de funcionamento do sistema nervoso central do atleta, baseada nas suas peculiaridades tipológicas básicas (DEA et al, 2011).

A relação existente entre a atividade física e a expressão de emoções vem sendo colocada em debate, há tempo. MIRANDA (1998 apud DEA et al, 2011) relata que qualquer atividade física nunca é puramente física, sempre implica em uma simultaneidade psíquica que nem sempre é levada em consideração por participantes ou pelos professores envolvidos.

Para a mesma autora existe uma forte relação entre atividade física, emoções e comportamento, relatando que um dos fatores mais explícitos nas atividades físicas e esportes de um modo geral, é o efeito emocional sobre o comportamento da pessoa diante de uma tarefa qualquer. Há uma clássica discussão a respeito das emoções no que se refere ao efeito perturbador e desorganizador sobre o comportamento (apud DEA et al, 2011, apud SCHNEIDER et al, 2007).

Conforme GAZZANIGA E HEATHERTON (2005 apud DEA et al, 2011), o humor ou estado de ânimo variam com as vivencias e exigências, proporcionadas pelo meio externo, podendo ser definido como o tônus afetivo do indivíduo, segundo os autores o estado de humor influencia a forma como o indivíduo irá perceber o que está a sua volta, aumentando ou reduzindo o impacto destes acontecimentos e determinando como irá agir.

De acordo com WEINECK (1990 apud DEA et al, 2011) para o bom desempenho de atletas é importante o bem-estar (aspectos determinantes relacionados com fatores fisiológicos, sociais e psicológicos, presentes na unicidade esportiva). JONES e HARDY (1990 apud DEA et al, 2011) estabelecem que a eficiência dos atletas está envolvida com as variáveis cognitivas e psicológicas do indivíduo, o que significa a associação de fatores biomecânicos, fisiológicos e principalmente psicológicos para o sucesso.

ROHLFS et al (2004 apud DEA et al, 2011) relatam que alterações psicológicas influenciam no rendimento esportivo são constantemente observadas em atletas e podem surgir por inúmeros motivos. As grandes exigências físicas e psicológicas dos treinos e competições, a incerteza da vitória, o medo da derrota, a insegurança quanto as suas capacidades e habilidades, são alguns dos muitos fatores que podem propiciar o desequilíbrio emocional no atleta.

VIEIRA et al (2008 apud DEA et al, 2011) comentam que o estado de humor é um fator que interfere diretamente no desempenho destas equipes de alto rendimento. Os autores dizem ainda que o esporte se apresenta como um dos ambientes que podem influenciar na estrutura da personalidade do atleta alterando os estados de humor deste. Quando o estado de humor se desestabiliza o atleta apresenta dificuldades em viver e funcionar no âmbito social, podendo fugir das normas, regras e comportamentos adequados no esporte, podendo prejudicar sua equipe.

Para MIRANDA & BARRA FILHO (1999 apud MODOLO, 2008), ao se comentar de estados psicológicos, temos os estados psicológicos de mobilização, chamados de modelo combativo ótimo. No modelo combativo, reunidos em condições ideais, temos os três componentes físicos, mentais e emocionais. Este modelo sugere que os três componentes atuem de forma simultânea, mantendo-a no melhor nível do início ao fim da competição (mobilização máxima). Seria o melhor estado que o atleta atinge para uma competição. Um atleta que se encontra fora destes estados, está fora do estado de mobilização e obviamente estará fora do estado combativo ótimo.

FERREIRA, LEITE E NASCIMENTO (2010 apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016), assim como WEINBERG E GOULD (2008) comentam que o alivio do estresse, da ansiedade, a melhoria da saúde física e a promoção do bem-estar psicológico estão, geralmente, associados a prática da atividade física. No entanto, o efeito pode ser inverso quando a prática de esportes envolve competição, provocando aumentos significativos nos níveis de estresse e de ansiedade.

BRANDÃO E MACHADO (2008), FERREIRA, LEITE E NASCIMENTO (2010), SAMULSKI (2009) E WEINBERG E GOULD (2008) sugerem que a exposição constante a situações de avaliação de desempenho, as características de treinamento e das competições assim como a auto cobrança e o manejo das emoções negativas durante os eventos competitivos, se a apresentam como importantes variáveis geradoras de estresse entre atletas de diferentes modalidades esportivas (apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016)

O atleta encontra-se sujeito a diversos fatores ansiogênicos, Além do estresse, a ansiedade esta intrinsicamente relacionada ao processo competitivo, mas é principalmente na fase pré competitiva e competitiva que os níveis de ansiedade se mostram mais elevados podendo comprometer consideravelmente sua performance. A exposição continua a eventos estressores de natureza física e psicológica pode ter efeitos significativos na qualidade de vida de atletas de alto nível, o que reforça a importância de estudos que proponham estratégias alternativas no manejo do estresse e da ansiedade. (FERREIRA et al., 2010; SAMULSKI, 2009; WEINBERG E GOULD, 2008 apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016).


2. PROCESSO DE EXCITAÇÃO E MOBILIDADE – SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)

PAVLOV (1938 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000) estudou nos seus laboratórios e descobriu a força do sistema nervoso e foi considerada uma das peculiaridades básicas para a classificação dos tipos de atividade nervosa superior.

A força é uma das peculiaridades básicas do sistema nervoso segundo PETROVSKI (1985 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000), ela caracteriza o limite da capacidade de trabalho das células nervosas do córtex e do encéfalo, ou seja, a sua capacidade de suportar sem entrar no estado de inibição a excitação muito forte, embora não muito forte, mas com ação prolongada.

O mesmo autor relata quê o que caracteriza a intensidade de desenvolvimento dos processos de excitação a própria força dos processos de excitação. A excitação é a propriedade dos seres vivos e é a resposta ativa do tecido excitável sobre alguma irritação ou ativação. É uma função básica do sistema nervoso, onde as células que formam o sistema nervoso, tem a capacidade de conduzir a excitação do setor em que ela apareceu até os outros setores e as próximas células nervosas. Mediante esta capacidade as células nervosas adquiriram a capacidade de transmitir os sinais de uma estrutura do organismo até as outras. Devido este fator, a excitação torna-se a portadora da informação sobre as propriedades das ativações internas e externas, se tornando o regulador da atividade de todos os organismos e seus sistemas, junto com a inibição (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

O processo da excitação surge com um nível determinado do estimulo externo, no qual prevalece o limiar absoluto de excitação. Os processos de excitação junto com os processos de inibição formam a base da atividade nervosa superior dos seres vivos, visto que, a força dos processos de excitação, caracteriza a força do sistema nervoso, sendo uma peculiaridade de cada órgão do organismo. (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

A sensibilidade dos analisadores, onde o sistema nervoso mais fraco é mais sensível, caracteriza também a força do sistema nervoso; por isso, a sensibilidade dos analisadores é capaz de reagir sobre os estímulos de intensidade mais baixa do que o sistema nervoso forte. Pode-se dizer, do ponto de vista biológico, que cada tipo de sistema nervoso tem seu lado positivo e negativo, visto que a força do sistema nervoso está sendo caracterizada pela força dos processos de excitação. (TEPLOV E NEBILITHIN, 1996 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

A força do sistema nervoso e a força dos processos de excitação do sistema nervoso humano, são peculiaridades do sistema nervoso que influem em todas as outras peculiaridades e, são fatores determinantes no processo de desenvolvimento do comportamento humano (MERLIN, 1963 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

Alto nível de força dos processos de excitação do sistema nervoso forte, se forma, na maioria dos casos, pessoas corajosas, ativas, extrovertidas e autoconfiantes. Por outro lado, baixo nível de força dos processos de excitação do sistema nervoso fraco, como regra, se forma pessoas introvertidas, melindrosas, pouco ativas e pouco autoconfiantes (MERLIN, 1973; KELININE e GIACOMINI, 1998 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

A força dos processos de inibição caracteriza a intensidade de desenvolvimento dos processos de inibição, onde inibição é um processo ativo indissoluvelmente, ligado com a excitação, provocando retenção da atividade dos centros nervosos ou dos órgãos de trabalho. A inibição quando ligada aos centros nervosos chama-se inibição central e quando ligada com os órgãos de trabalho é denominada de inibição periférica. (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

Segundo PAVLOV (1938) e PETROVISKI (1985), os processos de inibição junto com os processos de excitação asseguram a adaptação do organismo para o ambiente, que está em constante mudança. A força dos processos de inibição do sistema nervoso influi no comportamento do ser humano e caracteriza a sua capacidade de ser discreto em emoções, condutas, ações e relações. A inibição é um componente necessário na atividade integral e de coordenação do sistema nervoso. (apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

A mobilidade, descrita e estudada por Pavlov (1938), é uma das propriedades do sistema nervoso, que consiste na capacidade de reagir rapidamente as mudanças do ambiente. Esta peculiaridade foi diagnosticada através de metodologias básicas, elaboradas por PAVLOV (1938). E se basearam na revelação da velocidade e facilidade da troca de processos nervosos para outros da mesma ação ou ação inversa, e na revelação da velocidade do surgimento e da extinção destes processos. (PETROVSKI, 1985 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

O nível de mobilidade dos processos de excitação e inibição caracteriza a facilidade para passar de uma atividade para outra e a velocidade de adaptação as novas condições, que ocorrem no sistema nervoso. (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000)

Para PETROVSKI (1985 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000), o equilíbrio dos processos de excitação e inibição é uma peculiaridade que ocorrem no sistema nervoso do homem, e que se revela, pela proporção entre os processos da excitação e dos processos da inibição.

A noção de equilíbrio dos processos nervosos foi introduzida por PAVLOV (1938 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000), que com outras peculiaridades do sistema nervoso (força e mobilidade do sistema nervoso) forma um conjunto do tipo de atividade nervosa superior.

Para SCHIMIDT (1993 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000), o tempo de reação, considerado uma peculiaridade tipológica, é uma medida importante de performance, que indica a velocidade e eficácia da tomada de decisão. O tempo de reação representa a velocidade de tomada de decisão e de início das ações, também, é considerado um componente de muitas outras atividades. Esta peculiaridade do ser humano caracteriza sua agilidade e rapidez, devendo ser bem desenvolvida nos atletas de alto rendimento.


2.1 TIPOS DE TEMPERAMENTOS

A construção de uma identidade no processo de formação do atleta garante que a psicologia esportiva seja levada em consideração. Assim sendo, consideramos que os aspectos sobre esta temática são necessários, contribuindo e sendo agregado durante a periodização do treinamento esportivo, seja na aprendizagem ou no desempenho esportivo, visando resultados superiores ao treinamento. (HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012)

WEINECK (2003 apud HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012) afirma: “A capacidade de desempenho esportivo é, devido a sua composição multifatorial, de difícil treinamento, somente o desenvolvimento harmônico de todos os fatores determinantes do desempenho possibilita que se obtenha um alto desempenho individual”. Cada indivíduo pode se predispor a avaliar o meio em que está inserido e gerar uma determinada resposta para a tarefa a ser realizada.

Os fatores estáveis da personalidade, como os determinantes situacionais do comportamento da realização, convergem para o comportamento de realização em situação especifica, vindo a depender do desempenho do ser humano em uma determinada tarefa, demonstrando um resultado. (HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012)

O tipo de sistema nervoso central, segundo PAVLOV (1938), influência significativamente nas peculiaridades dinâmicas do comportamento do ser humano. Para o mesmo autor, o sistema nervoso central apresenta três peculiaridades básicas: força, equilíbrio e mobilidade dos processos de excitação e inibição. Existindo quatro tipos básicos que compõem a atividade nervosa superior:

- Sanguíneo - Forte, equilibrado, móvel.

- Fleumático - Forte, equilibrado, inerte.

- Colérico - Forte, desequilibrado (onde os processos de excitação predominam sobre os de inibição).

- Melancólico – Fraco.

SAMULSKI (1992) e KALININE (1994) comentam que os principais traços de temperamentos do sanguíneo, do fleumático, do colérico e do melancólico, são:

- Sanguíneo: alegre, sociável, persistente, energético e autoconfiante.

- Fleumático: passivo, calmo e de sangue frio, cuidadoso e controlado.

- Colérico: agressivo, impulsivo, inquieto, irritado e combatente.

- Melancólico: triste e mal-humorado, pessimista, reservado e insociável. (apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

No esporte os temperamentos citados se manifestam de maneiras diferentes:

- O sanguíneo:

- Possui um tipo de sistema nervoso forte, móvel e equilibrado;

- Tem preferência para modalidades esportivas que exijam coragem e ligadas com um alto nível de atividade e mobilidade;

- Se transfere com facilidade de uma atividade para outro tipo de atividade;

- O nível de assiduidade e de concentração são insuficientes, principalmente durante atividades monótonas;

- Aprendem rapidamente, podendo executar com facilidade na primeira tentativa, mas sem precisão;

- Não gostam de trabalhos monótonos e metódicos;

- São pessoas sociáveis, autoconfiantes e tem boa capacidade de trabalho;

- Os resultados esportivos são estáveis;

- Possuem maior rendimento nas competições do que nos treinos;

- Estão em estado de prontidão para combate no inicio de um jogo (VIATKIN, 1978 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

- O colérico:

- Possui o tipo de sistema nervoso forte, móvel, desequilibrado, onde os processos de excitação prevalecem sobre os processos de inibição;

- Tem preferência por modalidades esportivas com alto nível de emoção, como basquetebol, handebol, saltos, movimentos intensos e rápidos, etc.;

- Começam a praticar a modalidade esportiva escolhida, mas o entusiasmo logo desaparece;

- Executam a contragosto o trabalho prolongado exigido nos treinamentos, principalmente nos exercícios de força e resistência;

- Apresenta capacidade de repetir muitas vezes um exercício perigoso e difícil, se provocado o seu interesse;

- Seus resultados nas competições têm estabilidade insuficiente;

- Antes das competições podem estar em estado de hiperexcitação, o que frequentemente não os permite a realização plena de suas potencialidades nas competições (VIATKIN, 1978 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

- O fleumático:

- Apresenta sistema nervoso forte, equilibrado e inere, com reações lentas e com dificuldade de passar de uma atividade para outra;

- Os hábitos motores e seus desenvolvimentos, são aprendidos lentamente, mas aqueles hábitos já adquiridos de destacam pelo alto nível de solidez e conservadorismo;

- Apresentam um alto nível de capacidade de trabalho e alto nível de estabilidade contra estímulos externos;

- Preferem as modalidades esportivas que consistam de movimentos calmos, uniformes

- Apresentam a tendência para o desenvolvimento metódico das capacidades físicas e treinamento de movimentos esportivos de modo prolongado;

- São muito persistentes e perseverantes;

- Apresentam nível de sociabilidade neutro;

- Os resultados esportivos são estáveis;

- Antes da competição estes atletas já se mostram em estado de combate (VIATKIN, 1978 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

- O melancólico:

- Possui o tipo de sistema nervoso fraco;

- Caracteriza-se, em atividades esportivas, pela responsabilidade muito alta e alto nível de desenvolvimento dos analisadores cinestésicos e percepção tátil refinada;

- Tem uma capacidade de trabalho insuficiente;

- Apresenta pouca estabilidade contra estímulos externos e alto nível de ansiedade provocando falta de confiança em si mesmo;

- Preferem atividades esportivas individuais, que não são ligados ao combate imediato, como em equipes;

- Os resultados são instáveis, devido à alta angustia na véspera das competições, onde este estado provoca o desenvolvimento do estado de apatia no início da competição dificultando o alcance de resultados elevados (VIATKIN, 1978 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

Para KALININE e GIACOMINI (1997 apud VIATKIN, 1978) existe um quinto tipo, chamado de intermediário, no qual supõem-se que a maioria das pessoas se encontram nesta categoria, eles consideram este quinto tipo como sendo a mistura de todos os outros quatro tipos de temperamento (apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

Considerando tudo que foi descrito até o momento e, reconhecendo que o tipo de sistema nervoso do ser humano não se muda muito durante a vida, é indispensável o conhecimento do tipo de sistema nervoso do atleta para que possa fazer dele um atleta de rendimento (PAVLOV, 1951; TEPLOV, 1961; NEBYLISTHIN, 1966; MERLIN, 1973; VIATKIN, 1978 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).


3. EMOÇÃO

Os aspectos psicossociais e emocionais do ser humano, assim como outros aspectos, são fundamentais na relação do indivíduo com o mundo, assim como na determinação da qualidade de vida. O controle e a estimulação de determinadas emoções e sentimentos são de suma importância para o bem-estar do indivíduo ().

BOUTCHER (1991 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000) diz que a emoção é um fenômeno que pode ser observado por vários pontos de vista exercendo inúmeras influências sobre o funcionamento humano, define também que a emoção é um processo complexo que possui componentes cognitivos, psicológicos, comportamentais e experimentais. As consequentes reações impostas pela emoção acarretam em melhoria ou não na condição do indivíduo.

De acordo com MACHADO e CALABRESI (2003 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000) uma função relevante da emoção é o seu efeito regulador sobre o comportamento. Estes autores ainda abordam que. As emoções são provocadas por estímulos externos e influenciam nossas ações como reação e estimulo desencadeantes da ação, e as emoções provocam ações com objetivos de diminuição da tensão emocional.

LELORD e ANDRÉ (2002 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000) entendem a emoção como uma reação súbita de todo nosso organismo, com componentes fisiológicos, cognitivos e comportamentais.

Para THOMAS (1983 apud KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000) as emoções atuam regulando, dirigindo, modificando e influenciando a ação. As emoções podem determinar de forma positiva, ativando e dirigindo as atividades da ação para se alcançar o objetivo, porem também podem abalar ou inibir a ação.

Dessa forma, o controle emocional é essencial para a vida. Saber expressar tanto as emoções positivas quanto negativas auxilia o convívio do indivíduo com seu meio social. A repressão de emoções, principalmente negativas, pode tornar o sujeito mais pessimista, depressivo, inseguro, dificultando seus relacionamentos interpessoais e podendo até influenciar no rendimento esportivo de um atleta (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).

O atleta pode ser influenciado mais diretamente por alguns tipos de estados emocionais, como o medo que ante um perigo eminente desencadeia uma reação emocional no sistema nervoso central, gerando uma resposta intelectual de alerta, voluntária e controlada. É uma desorganização psíquica que está presente em quase todos os estados de ansiedade, apatia, alta intensidade emocional e etc., antes, durante e depois da competição. O medo chega a ser considerado uma das emoções mais negativas do esportista, podendo, em alguns casos gerar um desequilíbrio na sua harmonia.

A fobia é apresentada por manifestações orgânicas, um medo intenso e específico que entre elas apresenta-se vertigens, pânico, palpitações, distúrbios gastrointestinais, sudorese e até perda da consciência. Essas reações ocorrem quando o indivíduo se depara com o objeto ou situação fóbica. O medo é totalmente infundado e sua intensidade absurdamente exagerada, porém os temores não cedem a argumentações sejam elas sensatas e ou lógicas.

A vergonha é o sentimento de desonra humilhante, sentimento penoso de desonra, humilhação, rebaixamento, sentimento de insegurança provocado pelo medo do ridículo, embaraço, indignidade, um sentimento de desconforto e impropriedade de si mesmo, de modo a comprometer o relacionamento social ou equilíbrio interior, uma queda original, não porque tenha cometido uma falta, mas simplesmente pelo fato de que se cai frente aos outros. Darwin dizia que o enrubescer era a mais especial e mais humana de todas as emoções.

O fato é que as emoções estão presentes diariamente nas nossas vidas e desempenham um papel importante no nosso comportamento (KALININE, GIACOMINI E AUGUSTI, 2000).


3.1 STRESS

O esporte competitivo é um evento potencialmente provocador de “stress” porque exige do atleta um desempenho próximo do ideal e que, muitas vezes, encontram circunstâncias como pressões externas (tempo de jogo, torcida, resultado da partida, ação dos adversários, etc.), pressões internas (autoconceito, autoafirmação, responsabilidade, etc.) e outros fatores que podem desencadear o processo de “stress” (JONES E HARDY, 1990; MADDEN, SUMMERS E BROWNS, 1990 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996).

De acordo com DE ROSE JUNIOR (1996 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996), o termo “stress” pode representar tanto estimulo ou evento que provoca determinadas reações ou respostas do organismo como estar cansado, mal estar, exaustão, entre outros, quanto a resposta desse organismo a um dado estimulo ou demanda. No esporte, o treinamento intensivo, a situação competitiva, mau desempenho, maior nível de agressividade e etc., seriam um desses fatores.

As teorias mais modernas não consideram o “stress” como um fator isolado, seja ele, estimulo ou reação, mas como um processo que pode ser resumido como um produto da integração entre estimulo e resposta e que depende da percepção que o indivíduo tem das situações causadoras do processo em si (PEREZ-RAMOS, 1992 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996).

Para JONES E HARDY (1990 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996) o conceito do esporte ser um causador de “stress” pode ser enriquecido pela ideia de que não é somente um produto de fatores fisiológicos e biomecânicos, mas também, de fatores psicológicos que terão uma influência fundamental no desempenho dos atletas.

O esporte de alto rendimento é assestado para a obtenção do melhor resultado para que se expresse em uma qualidade superior, constituindo-se num intervalo de tempo, que é o expoente máximo do movimento esportivo. Segundo ARAÚJO (1991 apud FERNANDES, MONTEIRO E ARAUJO, 1991 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996).

Para DE ROSE JUNIOR (1996 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996) competir indica a busca de um determinado objetivo, implicando em confronto individual ou entre equipes, visando o melhor resultado, seja uma vitória, que pode ser representada por uma marca pessoal, um “record” ou a superação de um adversário.

MARTENS, VEALLEY E BURTON (1990 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996) colocam a competição como um processo complexo composto de situações objetiva, situações subjetivas, respostas consequências, como por exemplo espaço físico, adversários, arbitragem, preparação, etc. (situações objetivas), interpretação que o atleta faz das situações anteriores (situações subjetivas), reações somáticas, emocionais, cognitivas e sociais (respostas) e manutenção da atividade, abandono, etc. (consequências). Todos esses aspectos conforme os autores citados acima são articulados por fatores pessoais, envolvendo muitos aspectos psicológicos, tais como: níveis de “stress” e ansiedade, motivação, além de outros fatores como a experiencia e condição individual, etc.

Para DE ROSE JUNIOR (1996 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996) as situações objetivas podem estar diretas ou indiretamente relacionadas com a competição. Entre as situações objetivas diretas estão as situações comuns de um jogo ou prova, como exemplo errar lances livres em momentos decisivos, problemas com arbitragem, jogar em más condições físicas, locais inadequados, condições inadequadas de preparação, etc.

As situações objetivas indiretamente relacionadas com a competição são aquelas que acontecem fora do ambiente competitivo, mas que podem trazer influências diretas no desempenho do atleta: problemas familiares, escolares, financeiros, além de doenças, etc. (DE ROSE JUNIOR, 1996; MILLER et al, 1990 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996).

Para LAZARUS E FOLKMAN (1984 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996) essas situações geram interpretações diferenciadas por parte dos atletas, determinando o nível de resposta e a consequência. Nesta interpretação, ainda afirmam que a pessoa analisa suas chances de sucesso e escolhe a melhor maneira de lidar com a tarefa apresentada.

Neste momento, torna-se muito importante que algumas características do atleta sejam conhecidas e, de certa forma, dominadas para que ele possa tirar o melhor proveito das situações e obter uma resposta mais adequada, em seu desempenho (DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA, 1996).


3.2 PADRÃO DO COMPORTAMENTO DO “STRESS”

Para DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA (1996) existem formas pessoais e especificas de reação aos estímulos provocadores de “stress” ou ás situações de “stress” que podem até mesmo ser interpretadas como pertencentes a estrutura de personalidade de uma pessoa e no caso deste estudo, dos atletas. Trata-se, porém, de padrões de comportamento e não propriamente de fatores de personalidade.

Conforme DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA (1996) a personalidade é uma estrutura com características relativamente estáveis e, até certo ponto, imutáveis. Nesse caso há a influência de dois fatores distintos o temperamento e a personalidade – determinando o comportamento.

Para HARDY, MACMURRAY E ROBERTS (1989 apud DE ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES E MEDALHA 1996) quando se fala de comportamento de “stress”, ou de reações de “stress”, nos limitamos a chamá-los de padrões de comportamento. Esses padrões são classificados em Tipo A e Tipo B. Os mesmos autores, citados acima, definem:

- O padrão de comportamento Tipo A: um complexo de ação-emoção que pode ser observado em qualquer pessoa envolvida numa necessidade crônica em conseguir mais em menos tempo, contra esforços opostos de outras situações ou pessoas. Caracterizando-se por uma extrema agressividade e hostilidade, um senso de urgência de tempo e excessiva necessidade de realização.

- O padrão de comportamento Tipo B: a ausência relativa de características do Padrão Tipo A.

Podemos encontrar reações do Tipo A, tanto quanto do Tipo B em atletas e esta condição não está, necessariamente, relacionada com o tipo de esporte praticado, mas sim as características pessoais do atleta. Sendo assim, em um mesmo esporte, podemos encontrar atletas com diferentes padrões de comportamento. (De ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES, MEDALHA, 1996)

Em situações de extremo “stress”, alguns atletas, reagem com calma e frieza, não discutem, não se irritam e nem perdem o controle emocional durante a competição, preservando em todos os momentos uma postura de tranquilidade e segurança. Este seria o típico padrão Tipo B. (De ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES, MEDALHA, 1996)

Outros atletas podem ser considerados como Tipo A, pois suas reações são de irritação, agitação e nervosismo. (De ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES, MEDALHA, 1996)

FIEDMAN e ROSENMAN (1974) descreve que algumas pesquisas as características que incialmente foram descritas comprovam esses aspectos, atestando que não restam mais dúvidas sobre a relação significante e relevante entre esse padrão de comportamento e a elaboração psicofisiológica que determina o processo se “stress” no interior do indivíduo submetido a situações provocadoras de “stress” constantes (apud BRENGELMANN E MICHI, 1982; DE ROSE JUNIOR E VASCONCELOS, 1992; EYSENCK, 1983; IVANCEVICH E MATTESON, 1988; KRANTZ E RALZEN, 1988; LAZARUS E LAUNIER, 1978; VASCONCELOS, DE ROSE JUNIOR, BARRICA, RAMIREZ GARCIA, OLIVEIRA, MATOS E VASCONCELOS, 1995 apud De ROSE, VASCONCELOS, SIMÕES, MEDALHA, 1996).

Para De ROSE JR., VASCONCELOS, SIMÕES, MEDALHA (1996), dentro deste processo quatro aspectos devem ser salientados:

a) Todo atleta tem uma estrutura biológica que determina a forma, a velocidade e a especificidade neurotransmissora de sua reação comportamental. Isto é denominado temperamento;

b) No decorrer do desenvolvimento psicossocial as pessoas aprendem formas de autocontrole que são internalizadas com a finalidade de modelarem o comportamento intuitivo, espontâneo, impulsivo, original, transformando-o em comportamento social adequado. Essa estrutura internalizada de caráter social é denominada personalidade;

c) Quanto ao seu temperamento os atletas podem ser divididos em hiperativos (Tipo A) ou hiporreativos (Tipo B). O atleta do tipo A apresenta uma característica de impaciência, inquietação e despende muita energia para a realização de suas tarefas. Citando o economista Roberto Campos, que se referindo ao comportamento do mercado financeiro, chamou os movimentos inúteis, desnecessários e inquietos de “cabritologia” pode-se fazer uma analogia deste mesmo tipo de comportamento em atletas do Tipo A;

d) Não se tem discutido na literatura se essa reação exacerbada do Tipo A deva ser interpretada como reação de “stress” ou de “coping”. Nesse último caso, dever-se-ia tentar entender e conceber que, todo esse gasto energético expressado no comportamento do atleta Tipo A, estaria muito mais em função de um autocontrole de seu “stress” interior, do que na manifestação do mesmo.


4. IMPORTÂNCIA DO TÉCNICO E DO CAPITÃO, COMO LÍDER, NO EMOCIONAL DO ATLETA.

Mediante a atuação do técnico e sua influência sobre os atletas, é desejável que ele tenha um bom grau de instrução e saiba transmitir as informações e abrir espaços para diálogos com seus atletas, transformando o ambiente em participativo e não em um ambiente de obediência , comando ou uso restrito de palavras; sendo que a prudência fará com que o técnico deixe bem claro o objetivo do que os atletas estão fazendo, facilitando assim para os atletas os entendimento do caminho e rumo que estão sendo traçados (MODOLO, 2008).

Para SAMULSKI (2009), os conceitos de liderança vão da mais elementar relação de submissão e coação, que normalmente envolve grupos com pouca maturidade, até a relação que o líder assume essa função pelo reconhecimento de sua competência por parte do grupo. O processo de liderança depende essencialmente do comportamento humano dos envolvidos, uma vez que um “líder” tenha a difícil tarefa de extrair o melhor de cada membro do grupo para alcançar seus objetivos.

O capitão e o técnico devem conhecer os traços de personalidade dos componentes da equipe e a forma que reagem em determinadas situações, as necessidades de seus “subordinados” para melhor adaptar seu estilo, para assim atingir a meta mensurada, (SAMULSKI, 2009). Por isso, continua o autor, que durante o processo de tomada de decisão, uma das qualidades essenciais dos líderes é “empatia”; conhecer a equipe e ter a capacidade de perceber as emoções da equipe e de cada membro, isto ajuda a aumentar significativamente, as possibilidades de sucesso do líder.

A liderança é específica para cada situação ou tarefa, pode ser esperado que equipes maiores demandem mais exigências aos técnicos e capitães, e, que tanto em equipes maiores quanto menores, os lideres possuam certas características que o diferenciam. (HEMPHILL apud SINGER, 1977 apud MODOLO, 2008).

SAMULSKI (2009), comenta que um grande aliado a liderança é a motivação, que é um componente subjetivo da ação. O indivíduo pode ter inúmeras habilidades que o qualifique para executar bem uma tarefa, porém, será o seu nível de motivação que determinará o seu grau de envolvimento, interesse, assim como, também a qualidade da execução da tarefa a ser cumprida.

Quando a confiança é adquirida, ela acaba resultando no que chamamos de autoridade, uma habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você que por causa de sua influência pessoal. Quando o líder adquiri essas características a equipe passa a possuir um o rendimento muito melhor, por isso é muito importante que o capitão e o técnico saibam se comunicar com os atletas (MODOLO, 2008).

Mediante a capacidade que o técnico tem em influenciar, é desejável que o mesmo tenha um bom grau de instrução e saiba dialogar com seus atletas, transformando o ambiente em participativo e não em um ambiente de obediência, comando ou uso restrito de palavras; sendo que a prudência fara com que o técnico deixe bem claro o objetivo do que os atletas estão fazendo, facilitando assim o entendimento do caminho e rumo que estão sendo traçados (MODOLO, 2009).

Segundo Singer (1986), em toda equipe ou grupo notamos a presença de um líder mais discreto ou mais imponente. “Á liderança é uma relação entre a personalidade do indivíduo e a situação”, uma vez que toda situação seja ela mais ou menos importante requer-se talentos especiais para tomada de decisão e ou resolução. (apud MODOLO, 2008)

Para Samulski (2009), os conceitos de liderança vão da mais elementar relação de submissão e coação, que normalmente envolve grupos com pouca maturidade, até a relação que o líder assume essa função pelo reconhecimento de sua competência por parte do grupo. O processo de liderança depende essencialmente do comportamento humano dos envolvidos, uma vez que um “líder tenha a difícil tarefa de extrair o melhor de cada membro da equipe para alcançar seus objetivos”. Podemos notar em uma equipe diversas lideranças tais como a liderança do técnico e das lideranças espontâneas e impostas.

Segundo SALMUSKI (2009), o capitão e técnico devem conhecer os traços de personalidade dos componentes da equipe, a forma como reagem em determinadas situações e as suas necessidades para melhorar e adaptar seus estilos, e assim atingir a meta proposta, e, que a empatia é uma qualidade essencial aos líderes; conhecer a equipe e ter a capacidade de perceber as emoções de cada membro durante o processo de tomada de decisão aumenta significativamente as possibilidades de sucesso do líder.

Segundo SINGER (1997), é mais provável que um grupo escolha seu capitão entre os bons lançadores do que os maus. Um dos atributos do líder é a capacidade de desempenhar bem a tarefa ou saber mais acerca da tarefa do grupo (apud MODOLO, 2008).

Através da minha vivencia como capitão e líder, sei que o líder tem que ser uma indivíduo que se relacione muito bem com os outros atletas da equipe e, principalmente, com o técnico, pois umas das funções do capitão é passar as informações do técnico para os atletas dentro de quadra, além disso, ele precisa ter a confiança de todos para quando for necessário chamar uma jogada, por exemplo, todos os outros companheiros do time atenderem a esse pedido.

Segundo Hunter (2007), a confiança quando adquirida, acaba resultando no que chamamos de autoridade o que é diferente de poder, pois, poder é a capacidade de forçar ou coagir alguém a agir contra a sua própria vontade, por causa de sua posição ou força. E autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal (apud MODOLO, 2008).

Para MODOLO (2008), quando o capitão e o técnico da equipe possuem essas características, citadas acima, com certeza a equipe apresentará um rendimento muito melhor, mas se o líder for dominado somente pelo poder e usa desse poder para conseguir algo, os seus companheiros vão parar de ouvi-lo e não vão mais atender aos seus pedidos, neste momento se faz necessário a mudança do líder para não piorar o rendimento da equipe. Por isso é muito importante também a forma de comunicação que o capitão ou líder deve ter com os atletas e com o técnico, isso é, não deixar, mais uma vez ser “dominado” pelo poder não gritando com ninguém e nem agindo de uma maneira que possa ofender alguém e lembrando, sempre, que existe uma hierarquia e o técnico está acima dele.


5. PRIVAÇÃO DO SONO E EXERCÍCIO FÍSICO E COMPORTAMENTO EMOCIONAL

Aspectos como treinamento excessivo, sobrecarga do exercício e aspectos psicológicos como ansiedade e medo, principalmente em períodos competitivos, podem alterar os padrões de sono que são fundamentais para a restauração física e mental dos atletas (JURGENSEN, 2010).

Segundo MARTINS et al. (2001), existe uma relação em forma de “U” invertido (efeito de Yerkis -Dodson) entre a fadiga induzida pelo exercício e a qualidade do sono (Figura 1). Exercícios demasiadamente intensos e de longa duração podem levar a um período inadequado de recuperação. Existem evidencias de que a síndrome de overtraining manifesta-se no padrão de sono e em outros parâmetros fisiológicos (apud JURGENSEN, 2010).

O sono de má qualidade e o exercício em excesso podem prejudicar o rendimento de atletas durante os treinamentos e competições. Sendo assim, o volume do exercício e a intensidade são extremamente importantes, pois quando a sobrecarga é aumentada até o nível ideal, existe uma melhoria na resposta da qualidade do sono e quando esta sobrecarga é demasiadamente alta, ocorre uma influência negativa sobre a qualidade do sono (JURGENSEN, 2010).

O sono na recuperação e de um sono adequado para a restauração corporal, entre sessões de treinamento torna-se evidente e importante, em vista da associação entre a secreção de hormônios de crescimento (GH) e o sono de ondas lentas (JURGENSEN, 2010).

Vários estudos analisaram o desempenho físico de atletas após a restrição de sono e muitos atletas acreditam que a perda ou interrupção do sono contribui para o fracasso no esporte. (ANTUNES et al. ,2008 apud JURGENSEN, 2010).

Outros estudos também citados por Antunes et al. (2008) não encontraram efeitos da privação de sono no desempenho aeróbico, porém, é importante ressaltar que, durante a privação de sono, ocorre um aumento significativo na percepção de esforço e uma redução do tempo para a exaustão, sendo que esses parâmetros afetam o desempenho (apud JURGENSEN, 2010).

Segundo o mesmo autor, os prejuízos provocados pelo sono no desempenho esportivo são conflitantes, percebendo que esses conflitos podem ser explicados pelos diferentes tipos, frequência, intensidade e duração dos exercícios, assim como pelo tempo de privação do sono e idade dos indivíduos estudados (ANTUNES et al. ,2008 apud JURGENSEN, 2010).

ALMONDES E ARAÚJO (2003), comentam que existem outros estudos que apontaram uma relação entre o sono e o comportamento emocional, entre o sono e a ansiedade, mais precisamente. relacionando os valores do padrão do ciclo sono-vigília, foi percebido que o traço de ansiedade, como característica de personalidade do indivíduo, influência o padrão do ciclo. As maiores irregularidades do ciclo em resposta às demandas existentes no esporte e a outros estímulos sociais apresentaram também maior estado de ansiedade (apud JURGENSEN, 2010).


6. ANSIEDADE

Conforme Moraes (1990), o termo ansiedade, refere-se a uma preocupação em relação aos acontecimentos futuros, durante certos períodos. Em situações de estresse, tais como em eventos competitivos ou em testes educacionais, muitos indivíduos poderão sentir-se ameaçados ou sem capacidade de desempenho devido a ansiedade (Barbosa, 2002). De Rose Junior e Vasconcelos (1997) definem a ansiedade como um sentimento subjetivo de preocupação e tensão que pode provocar medo, além de reações somáticas, psicológicas e sociais (apud CALGARD, SEABRA, BARBOSA, 2011).

Para MACHADO (1997), a ansiedade se apresenta como a resposta a um determinado acontecimento, que pode ser agradável, frustrante ou entristecedor, e cuja realização ou resultado depende não somente da própria pessoa. Ainda para o mesmo autor, a ansiedade é um estado afetivo, caracterizado por sentimento de preocupação, inquietude e mal-estar difusos. As pessoas com ansiedade frequentemente sentem medo de um perigo vago e desconhecido, mas visto por elas como inevitável (apud CALGARD, SEABRA, BARBOSA, 2011)).

Para o atleta obter um bom desempenho, ele deve ter um nível ótimo de ansiedade. Se o nível de ansiedade não estiver apropriado, não estará adequado para aquele momento, e poderá ocorrer reações cognitivas e somáticas. O rendimento de um atleta será abaixo do esperado para as possibilidades máximas dela, se o nível de ansiedade estiver muito baixo. A medida que a ansiedade cresce, também incrementa o rendimento, até chegar a um ponto máximo. Após este ponto, a performance diminui ao mesmo tempo em que a ansiedade continua a aumentar. Assim, existiria um nível ótimo de ansiedade para um máximo de rendimento, sendo que este nível ótimo de performance não se situa no mesmo ponto para todas as pessoas. (BARRA FILHO E MIRANDA, 1998; BECKER JR., 2000 apud CALGARD, SEABRA, BARBOSA, 2011)

A ansiedade e o estresse são processos individuais que englobam variáveis psicológicas inter-relacionadas e são diferentes para cada atleta. (apud CALGARD, SEABRA, BARBOSA, 2011)

A ansiedade no campo desportivo é considerada um fator de extrema importância para um atleta, seja qual for a modalidade esportiva praticada (AQUINO, DA SILVA, 2013).

Conforme DAVIDOFF (2001) a ansiedade é caracterizada por sentimentos subjetivos de emoção, como preocupação e tensão, provocando no individuo um medo geral, pressentimento e sofrimento por antecipação. Essa carga emocional pode ser favorável ou desfavorável em determinadas situações. Numa competição essa carga emocional pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota, pois um atleta com o emocional mais equilibrado, que consegue suportar a mistura de sentimentos que uma competição pode provocar tem um grande passo à frente dos adversários.

Segundo SPIELBERGER (apud DE ROSE JUNIOR, 1985), a ansiedade pode ser classificada como:

- Ansiedade traço, que é a predisposição de uma pessoa perceber certas situações como ameaçadoras ou não, respondendo a elas com níveis variados de ansiedade estado.

- Ansiedade estado, como um estado emocional imediato, caracterizado por um sentimento de medo, apreensão e tensão, associado com a ativação do sistema nervoso autônomo (apud AQUINO, DA SILVA, 2013).

O atleta, antes da competição, encontra-se em um estado de intensa carga psíquica, (estresse psíquico), que tem sido denominado de “ansiedade traço pré competitiva”. Cada atleta reage de maneira diferenciada a esse estado de ansiedade, alguns suportam de uma maneira mais tranquila as tensões pré competitivas, enquanto outros atletas manifestam comportamentos com maior ansiedade. Utilizando esse pensamento é visível em um atleta antes do seu jogo um nível de ansiedade baixo, pois o mesmo se encontra bastante calmo e concentrado para a partida que vai jogar em contrapartida temos outros atletas que estão bastante tensos, inquietos e bem agitados mostrando um nível de ansiedade muito alto. Com esses dois exemplos não pode se ter certeza de quem terá o melhor desempenho ou vencerá a partida, pois esses níveis são totalmente individuais não sabendo se ajudará ou prejudicará o seu rendimento na partida (SAMULSKI, 2009).

Para BARRA FILHO E MIRANDA (1998), a maioria dos esportistas sofrem pressão, medo e ansiedade causada pela obrigação de vencer, algo muito característico em uma sociedade que exalta a emoção da vitória e o sofrimento da derrota (apud AQUINO, DA SILVA, 2013).

O aumento da ansiedade apresenta diferentes causas que possibilitam o aumento do nível de ansiedade pré competitivas, que são os temores do fracasso, da vitória, da rejeição do técnico, das agressões, dos danos físicos, as pressões da sociedade, bem como o sarcasmo dos familiares (CRATTY, 1984)

Para WEINBERG E COMAR (1984), o treinamento das habilidades psicológicas, é a prática e execução de forma sistemática das habilidades mentais, as quais devem ser treinadas como se fossem as partes técnicas e táticas de um treinamento. No entanto, muitos técnicos deixam de lado o treinamento das habilidades mentais, pois acreditam que para uma equipe jogar bem é fundamental estar bem fisicamente, tecnicamente e taticamente. Porém, vários estudos provam que a habilidades psicológicas (emocionais) aumentam o desempenho de um atleta (apud AQUINO, DA SILVA, 2013).

Outros estudos fazem uma comparação entre atletas profissionais e atletas amadores, mostrando que os atletas profissionais apresentavam melhor concentração durante suas partidas, elevado nível de autoconfiança e baixos níveis de ansiedade e estresse, quando comparado com os atletas amadores (EKLUND E JACKSON, 1992 apud AQUINO, DA SILVA, 2013).

Analisando outros estudos podemos colocar a psicologia do esporte que refere aos fundamentos psicológicos, aos processos e as consequências da regulação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou de mais pessoas praticantes dos mesmos, onde o foco de estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana, ou seja, afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório motora. (BECKER, 2000).

Para BARROS et al. (2003), a ansiedade é propulsora do desempenho, e é considerada um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que faz parte das experiencias humanas. O termo ansiedade, do grego “anshien”, significa oprimir, sufocar, e está relacionada a angustia, exprimindo a experiencia subjetiva e estando sempre associando a manifestações de sintomas corporais (apud JURGENSEN, 2010)

JURGENSEN (2010), comenta que o sentimento de ansiedade acompanha a maior parte das pessoas durante a sua vida, apresentando-se em qualquer situação real ou imaginária. No entanto, quando este sentimento é desproporcional a situação que o desencadeia, ou quando não existe um objeto específico causador da ansiedade, passa a ser considerado patológico.

ANDRADE e GORENSTEIN (1998), comenta que entre os transtornos psiquiátricos mais frequentes na população os transtornos de ansiedade são geralmente aos mais presentes, somando 12,5% os que apresentam os sintomas ao longo da vida (apud JURGENSEN, 2010).

De acordo com ANDRADE e GORENSTEIN (1998), a ansiedade é percebida como um estado emocional, com a experiencia subjetiva de medo ou outra emoção relacionada, como terror, horror, alarme e pânico; é desagradável, podendo ser uma sensação de morte ou colapso iminente; é direcionada em relação ao futuro; está implícita a sensação de perigo iminente, não há um risco real, ou , se houver, a emoção é desproporcionalmente mais intensa; e há desconforto corporal subjetivo durante o estado de ansiedade, sensação de aperto no peito, na garganta, dificuldade para respirar, fraqueza nas pernas e outras sensações subjetivas (apud JUGENSEN, 2010).

Segundo Barros et al. (2003), os sentimentos de ansiedade podem ser percebidos através de perturbações somáticas como as cardiorrespiratórias, a sensação de ter “nós no estomago e na garganta”, além de um estado geral de contração muscular. Além disso ANDRADE e GORENSTEIN (1998) comenta que existem, também outros tipos de manifestações corporais, além das citadas acima, como secura na boca, sudorese, arrepios, tremor, vômitos, palpitação, dores abdominais e outras alterações biológicas e bioquímicas (apud JURGENSEN, 2010).

HIROTA et al. (2012), comenta em seu trabalho que a ansiedade situacional, que é ter a tendência de se tornar ansioso em certas situações definidas, deve ser diferenciada da ansiedade generalizada, que é a ansiedade autonômica de flutuação livre, ataques de pânico e observação do indivíduo que parece estar tenso, preocupado ou apreensivo.

Os componentes autonômicos da ansiedade de flutuação livre podem ser percebidos como, rubor facial, “frio na barriga”, falta de ar, tontura, boca seca, sudorese, tremores, elevação da pressão arterial, incluindo também aspectos parassimpáticos como náusea, diarreia e frequência urinária (HIROTA et al., 2012).

Para BUCKWORTH E DISHMAN (2002), ansiedade é um estado de preocupação, ou tensão que ocorre frequentemente na falta da realidade ou perigo eminente (apud HIROTA et al., 2012).

BUCKWORTH E DISHMAN (2002), comentam sobre uma classificação da ansiedade em estados de ansiedade estado e estado de ansiedade traço, sendo que a ansiedade-estado é a condição de estar ansioso em um momento específico em uma provável reação a determinada circunstância provocadora. A ansiedade traço, por sua vez, é uma tendência duradoura de reagir aos acontecimentos com um grau excessivo de ansiedade (apud HIROTA et al., 2012).

Em relação aos atletas ansiedade nem sempre é prejudicial, , pois para se obter um bom desempenho se faz necessário um nível baixo de ansiedade, se o atleta está demasiadamente ansioso, é possível que se desempenho seja muito abaixo do pretendido. O nível de ansiedade muito baixo faz com que o atleta fique apático e desinteressado, já um nível de ansiedade adequado o mantém mais concentrado e atento (CRATTY, 1984).

Em jovens de 12 a 19 anos que permanecem no esporte e aprendem a lidar melhor com a ansiedade situacional, conforme vão se passando os anos, ocorre um decréscimo na ansiedade estado. Os jovens que não o conseguem, tendem a abandonar o esporte (CRATTY, 1984).

Para CRATTY (1984) conforme a tarefa ou atividade os níveis de ansiedade aumentam ou diminuem, essa continuidade da elevação ou diminuição dos níveis de ansiedade, mesmo após o termino da competição, mostra a importância de um profissional ligado à área esportiva (psicólogo, técnico, etc.) para auxiliar os atletas a colocarem a vitória ou derrota na perspectiva adequada (apud HIROTA et al., 2012).

Em MACHADO (1997) existem dados que comentam que os níveis de intensidade da ansiedade e suas consequências para o desempenho do atleta tem sido demonstrado em diferentes contextos. As tarefas de coordenação motora fina realizadas em ambientes fechados exigem que o atleta tenha níveis baixos de ansiedade, enquanto em modalidades realizadas em ambientes abertos que requeiram um alto nível de esforço, o atleta necessita de níveis mais elevados de ansiedade (apud HIROTA et al., 2012).


7. ANSIEDADE-TRAÇO E ANSIEDADE-ESTADO

Para CALGARD, SEABRA e BARBOSA (2011), o conceito de ansiedade tem passado por diversas mudanças teóricos, em relação a sua caracterização quanto aos instrumentos desenvolvidos para medi-la. Uma destas mudanças se refere a diferença entre ansiedade como um traço e a ansiedade como um estado, esta diferenciação foi formalizada por Spielberg (1996).

Sendo assim a ansiedade traço refere-se a uma tendência que predispõe o indivíduo a perceber uma grande variedade de situações não perigosas como ameaçadoras e a responder a estas situações com a ansiedade desproporcional ao perigo real. Por outro lado, a ansiedade-estado é considerada um estado ansioso que varia de momento para momento e flutua proporcionalmente com o quanto a situação imediata é percebida como uma ameaça (CALGARD, SEABRA e BARBOSA, 2011).

A ansiedade-estado é a qualidade de estar ansioso agora, em um determinado momento. Correspondendo ao estado emocional imediato, que se caracteriza por um sentimento de apreensão, tensão e medo, que pode ser acompanhado pela ativação do sistema nervoso autônomo (DE ROSE JUNIOR E VASCONCELOS, 1997; BECKER JR. 2000 apud CALGARD, SEABRA e BARBOSA, 2011).

Para WEINBERG E GOULD (2001), a ansiedade-traço faz parte da personalidade e é a predisposição de uma pessoa perceber certas situações como ameaçadoras ou não, respondendo com níveis variados de ansiedade-estado (apud CALGARD, SEABRA e BARBOSA, 2011).

A ansiedade-traço, portanto, é um componente estável e permanente, fazendo parte da personalidade da pessoa. É uma disposição adquirida que leva o sujeito a perceber as circunstâncias físicas ou psicológicas objetivamente não perigosas como ameaçadoras, reagindo com níveis de ansiedade-estado desproporcionais ao risco objetivo (BECKER JR., 2000).

Apesar de separadas, há uma correlação entre ansiedade-traço e ansiedade-estado, sendo que pessoas com alto índice de ansiedade-traço tendem a apresentar também, alto índice de ansiedade-estado (MANOEL, 1994 apud CALGARD, SEABRA e BARBOSA, 2011).

JURGENSEN (2010), comentou que a ansiedade pode exibir diferentes características, podendo ser: normal ou patológica (transtornos); leve ou grave; prejudicial ou benéfica; episódica ou persistente; ter uma causa física ou psicológica; ocorrer sozinha ou junto com outro transtorno (depressão); afetar ou não a percepção de memória.

Além de apresentar diferentes características, a ansiedade é classificada em dois conceitos distintos, a ansiedade-traço e a ansiedade-estado. De acordo com ANDRADE E GORENSTEIN (1998), o estado de ansiedade é conceituado como um estado emocional transitório ou como uma condição do organismo humano que é caracterizada por sentimentos desagradáveis de tensão e apreensão conscientemente percebidos e por aumento na atividade do sistema nervoso autônomo (apud JURGENSEN ,2010).

Ansiedade-estado refere-se as reações do indivíduo frente a situações especificas, e quando mais importante significar essa situação, maior será a probabilidade de o indivíduo exibir um nível de ansiedade elevado (JURGENSEN ,2010).

O traço de ansiedade refere-se a diferenças individuais relativamente estáveis na propensão a ansiedade, isto é, a diferença na tendência de reagir a situações percebidas como ameaçadoras com intensificação do estado de ansiedade (JURGENSEN ,2010).

Os comportamentos ou sintomas de ansiedade-traço são menos sensíveis a mudanças decorrentes de situações ambientais e permanecem relativamente constantes no tempo. Isso quer dizer que a ansiedade-traço representa uma característica ou uma propensão para o indivíduo sentir maior ou menor graus de ansiedade diante de cada situação, ou seja, é a disposição da personalidade de modo quase permanente (JURGENSEN ,2010).

Dentre as emoções proporcionadas pela prática esportiva, a ansiedade aparece com frequência em diversos contextos. Desde a iniciação esportiva pode-se observar a presença desse sentimento pelas mais variadas causas. A presença de torcida, pais ou amigos em competições ou jogos, a participação de peneiras ou o simples fato de ser ou não convocado para o jogo, até a obrigação da vitória, a pressão exercida por técnicos e patrocinadores, entre outras características do esporte rendimento, são contribuintes da aparição do sentimento ansioso (JURGENSEN ,2010).

CRATTY (1984), apresenta diferentes causas que possibilitam a elevação do nível de ansiedade em situações pré-competitivas. O temor do fracasso, o temor da vitória, o temor da rejeição do técnico, o temor das agressões, o temor dos danos físicos, as pressões da sociedade, bem como o sarcasmo dos familiares são citados como causadores de ansiedade na maioria dos atletas, que respondem a estas situações alterando fisiologicamente seu comportamento.

HERNANDEZ, VOSER E GOMES (2008), citam em seu artigo que existem muitas causas para surgimento da ansiedade pré-competição, porém elas se reduzem a dois fatores: a incerteza sobre o resultado e a importância que o resultado representa ao indivíduo (apud JURGENSEN, 2010).

A competição, por si só, é considerada uma condição altamente excitatória e provocadora de ansiedade, promovendo em alguns casos uma sensação de impotência e ineficiência, acompanhada de outros fatores como sudorese excessiva na palma das mãos, aumento da frequência cardíaca e tremores (JURGENSEN, 2010).

Segundo Cox, Marques e Morais (apud BERTUOL e VALENTINI, 2006), tanto a ansiedade-estado quanto a ansiedade-traço podem manifestar-se com aparição de insônia, suor excessivo, apetite exagerado, problemas digestivos, palidez facial, taquicardia, alterações respiratórias e de pressão arterial e tensão muscular, caracterizando os sintomas somáticos da ansiedade (apud JURGENSEN, 2010).

A ansiedade-estado cognitiva diz respeito ao grau em que o indivíduo se preocupa, ou tem pensamentos negativos (HIROTA et al, 2012).


8. ANSIEDADE COGNITIVA E SOMÁTICA

Manoel (1994), busca discriminar os componentes da ansiedade e avalia-los separadamente, sendo assim, surgiu a ansiedade enquanto fenômeno multidimensional, ou formado por vários componentes. Uma dessas perspectivas identificou pelos menos dois componentes, o cognitivo e o somático (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Segundo MORRIS (1981), a ansiedade-cognitiva refere-se aos elementos cognitivos da experiencia da ansiedade, como por exemplo, expectativas negativas e preocupações consigo mesmo. Já MANOEL (1994), comenta que no esporte, a ansiedade-cognitiva é expressa por meio de expectativas negativas e avaliações negativas com relação a performance, e que resultam em preocupações e/ou imagens de fracasso. Por outro lado, a ansiedade somática é representada pelas manifestações físicas e fisiológicas (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Para BECKER JR. (2000), a ansiedade está diretamente relacionada a ativação fisiológica, causando respostas como taquicardia, dor no estômago, boca seca, sudorese nas mãos, tensão muscular e aumento na frequência respiratória. JONES E HARDY (1990), comenta que a autoconfiança é definida como uma certeza de que o indivíduo pode executar com sucesso uma atividade específica, essa característica tem sido considerada uma importante variável para performance de esportistas (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Para STERNBERG (2000), a atenção é um aspecto importante da cognição e pode ser definida como o fenômeno pelo qual o ser humano processa ativamente uma quantidade limitada de informações do enorme montante de informações disponíveis através dos órgãos do sentido, memorias armazenadas e outros processos cognitivos, ajudando os indivíduos a monitorar as interações com o ambiente, mantendo a consciência adaptativa a situação na qual o indivíduo se depara, relacionando as memorias com a sensação e assim possibilitando a continuidade de experiencias, e, por fim, ajudando a controlar e planejar ações futuras (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Segundo MATLIN (2004), o termo atenção abrange diversos tipos de atividade mental, sendo assim a atenção, também, pode referir-se ao tipo de concentração em uma tarefa mental na qual selecionamos certos tipos de estímulos perceptivos pra processar posteriormente, enquanto procuramos excluir outros estímulos interferentes. Isto é fundamental visto que, normalmente, as pessoas dispõem de uma abundância de informações sensoriais, porem processam uma quantidade limitada destas informações, devendo, portanto, seleciona-las dentre as informações disponíveis (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

A atenção pode variar em relação ao tipo de processamento envolvido, entre atenção dividida, seletiva, sustentada e alternada. Assim, a atenção dividida refere-se à capacidade de dividir a atenção entre vários estímulos ao mesmo tempo. A atenção seletiva refere-se à capacidade de emitir respostas a um estimulo específico desconsiderando aqueles não relevantes. A atenção sustentada ou vigilância refere-se à capacidade de manter o foco de atenção em um estimulo e de detectar um sinal ou um estimulo-alvo de interesse e que exija imediata reação. Finalmente, a atenção alternada refere-se à capacidade de substituir um estimulo alvo da atenção por outro (MONTIEL, 2004; STERNBERG, 2000 apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Segundo MORAES (1990), existem diversos estudos relacionado a atenção e à ansiedade também no contexto do esporte. Pois um alto nível de ansiedade tende a reduzir a atenção e a concentração durante a execução de uma tarefa ou durante o jogo. Neste enfoque, BECKER JR. (2000) relata que antes e durante as competições, quando o nível de ansiedade dos atletas é aumentado, a atenção é reduzida e que, geralmente, a deficiência do jogador na atenção leva a redução no rendimento técnico, tático e psicossocial (apud CALGARD, SEABRA E BARBOSA, 2011).

Já os sintomas mentais como medo, preocupação, duvidas, pensamentos negativos, caracterizam a ansiedade cognitiva. A partir dessas reações, o atleta ansioso pode apresentar maior dispêndio de energia (devido ao aumento na tensão muscular), dificuldades na coordenação, mudanças na concentração e estreitamento do campo de atenção (JURGENSEN, 2010).

Estes mesmos autores descrevem as diferenças nos dias que antecedem e no tempo de duração de uma competição. A ansiedade cognitiva começa alta e permanece estável a medida que o evento se aproxima, já a ansiedade somática, geralmente é baixa até aproximadamente 24 horas antes da competição, os sintomas físicos tendem a desaparecer rapidamente, mas o componente mental da ansiedade flua por toda a competição (JURGENSEN, 2010).

Além disso, em períodos competitivos, quando as habilidades atléticas são testadas, avaliadas e julgadas, a pressão que o atleta suporta pode tornar-se um fator de influência negativa no desempenho. Essa pressão pode levar a manifestação de sintomas de fadiga, ansiedade, irritabilidade, insegurança, agressividade e apatia (BERTUOL e VALENTINI, 2006 apud (JURGENSEN, 2010).

Essas manifestações prejudicam o desempenho, provocando experiencias competitivas desagradáveis, afetando, muitas vezes, a auto estima, chegando, em algumas delas ao abandono total da atividade (JURGENSEN, 2010).

HERNANDEZ, VOSER E GOMES (2008), citam e descrevem, em seu artigo, que o sentimento ansioso aparece toda vez que o sujeito se preocupa com a sua atuação e com seu nível de rendimento em qualquer situação. E a influência provocada no rendimento varia em cada indivíduo (apud JURGENSEN, 2010).

BARROS et al. (2003) descreve que, com a presença da ansiedade, ocorre uma sensação de impotência e ineficácia diante do problema causador dessa sensação, aumentando a tensão em decorrência do impacto ao estimulo, acionando as respostas homeostáticas para a solução dos problemas. A partir daí o indivíduo tenta diminuir a tensão, porém, a falta de êxito e a permanência do estimulo elevam ainda mais a tensão, e um novo fracasso elevará ainda mais a ansiedade (apud JURGENSEN, 2010).

O indivíduo poderá redefinir o problema, mobilizando recursos internos e falseando a realidade vivenciada para que o problema fique no âmbito de alguma experiencia anterior, colocar de lado aspectos do problema que não consegue resolver ou renunciar a certas metas (JURGENSEN, 2010).

Dessa forma, o indivíduo tende a explorar os possíveis caminhos alternativos, utilizados anteriormente em outras situações provocadas de ansiedade. Assim, pode redefinir o problema ela renuncia os projetos ou pela distorção perceptual e, nesse caso, a tensão poderá ser diminuída a um limiar suportável (JURGENSEN, 2010).

MORAES (1990) cita o trabalho de LIEBER E MORRIS (1967), que separam a ansiedade em dois aspectos: preocupação (cognitiva) e emocionalidade (somática), com a preocupação sendo uma “perturbação (cognitiva) sobre as consequências de uma derrota” (“será que vou vencer? Será que vou conseguir?”) e a emocionalidade (somática) sendo “reações autônomas que tendem a ocorrer sob uma situação de estresse” ou ainda elementos afetivos-perturbantes-fisiológicos, reações autógenas, como por exemplo diarreia, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, bem como o nervosismo e a tensão, situações comuns no terreno esportivo (apud HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012).

MATENS et al., (1990), comenta que a ansiedade cognitiva é um componente mental da ansiedade, causado por expectativas negativas sobre o sucesso (mais comum no esporte) ou autoavaliação negativa. Já a ansiedade somática está nos componentes fisiológicos e afetivos da ansiedade, ou seja, respostas fisiológicas como aumento da frequência cardíaca, da tensão muscular e dispneia (apud HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012).


9. FATORES EXTERNOS QUE AFETAM O EMOCIONAL DO ATLETA

Existem várias influências que podem afetar o rendimento psicológico dos atletas durante uma competição, motivando ou criticando, cobrando e querendo resultados a qualquer jeito (MÓDOLO, 2008).

Existe uma forte interferência de fatores externos sobre os estados de humor. A qualidade dos relacionamentos com a família, amigos, escola e sua própria percepção de seu estado alteram em vários momentos de forma significativa as variáveis de humor (REBUSTINI, 2004 apud MÓDOLO, 2008).

Uma outra situação interessante é o contexto jogador titular e jogador reserva. A motivação, exigida ou esperada do atleta para continuar treinando forte pela posição, seja para continuar no time ou, para sair da reserva e ganhar a posição. A autoestima ou a auto eficácia desses jogadores, quer seja jogador titular absoluto, um titular com probabilidade de reserva, um reserva com probabilidade de ser titular ou um eterno reserva, devem sempre estar elevados, uma cobrança exaustiva psicologicamente (MÓDOLO, 2008).

Podemos citar também a eterna imagem polêmica do árbitro, que para muitos praticantes é considerado um membro neutro dentro do jogo, mas podendo ser muitas vezes um facilitador dentro da partida, ou também, um complicador de situações num determinado momento (MÓDOLO, 2008).

Os patrocinadores que apoiam o desenvolvimento da prática esportiva com incentivos materiais e financeiros, mas que em muitos casos podem se tornar uma cobrança, negativa, indesejada (MÓDOLO, 2008).

A imprensa e a mídia, sejam televisivas, de internet, radio ou imprensa, podem atuar de diferentes maneiras e posturas perante o esporte e as pessoas envolvidas no mesmo, como divulgadoras de críticas, de sensacionalismos, de incentivadoras de forma positiva ou negativa, enfim, pode representar diferentes papeis que serão encarados de diversas maneiras pelos praticantes do esporte (MÓDOLO, 2008).

Todas essas situações exemplificadas e muitas outras que não foram citadas, compõem uma esfera pertinente ao esporte, que sai do campo das habilidades motoras, mas que também merece destaque importante dentro do contexto esportivo, seja ele de alto rendimento ou no contexto escolar, podemos, também, apresentar uma configuração em que o esporte passa ser objeto de desejo e investimento, inclusive tornando-se medida comparativa entre nações, o que para muitos justificaria o investimento (MÓDOLO, 2008).

O ideal para uma competição esportiva seria a integração dos componentes físicos e emocionais (psicológicos) (MÓDOLO, 2008).

Para MIRANDA E BARRA FILHO (1999), ao tratar de estados psicológicos (emocionais), temos o estado psicológico da mobilização, que seria o melhor estado (estado combativo) que o atleta atinge para uma competição. Neste estado estão reunidos em condições ideais os componentes: físicos, mentais e emocionais. Este modelo sugere que estes três componentes atuem de forma simultâneas, mantendo o atleta no melhor nível do início ao fim da competição (mobilização máxima). Um atleta que se encontra fora destes estados, está fora do estado de mobilização e obviamente estará fora do estado combativo ótimo (apud MÓDOLO, 2008).

Podemos pensar que os atletas são os indivíduos mais saudáveis, em todos os aspectos, pois praticam uma atividade física, convivem em grupos sociais, e, portanto, possuem excelente qualidade de vida (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

No entanto, algumas características da atividade esportiva limitam essas afirmações. Entre essas características estão os fatores capazes de gerar ansiedade e estresse, os quais são parte da vida profissional de todos os atletas, podemos citar as pressões por resultados positivos, os confrontos contra adversários muitas vezes bem mais preparados, a pressão por parte do próprio grupo do qual faz parte, além das exigências de dirigentes, torcidas e, naturalmente, a cobrança pessoal por melhores rendimentos e melhores resultados (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

Na busca da superação desses limites, muitos atletas se deparam com outro fator inerente a prática esportiva: a lesão. A ocorrência da lesão é um dos fatores mais frustrantes para o atleta, pois este deixará a prática esportiva, será afastado dos seus companheiros e mudará sua conduta, saindo de uma posição ativa, no esporte praticado para uma posição passiva e dependente, no hospital, clínica ou em sua residência (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

Muitos trabalhos associam lesões e suas consequências psicológicas, focando sua atenção nos níveis de estresse, mas poucos desses trabalhos têm procurado relacionar as lesões a ansiedade, a depressão ou mudanças na qualidade de vida dos atletas (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

O estrese é um fator, importante, a ser levado em consideração no que tange as lesões esportivas. A situação competitiva é potencialmente estressante e, dependendo do atleta, aumenta o estado de ansiedade, fator que provoca uma variedade de mudanças no foco e na atenção, bem como na tensão muscular, podendo contribuir para ocorrências de lesões (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

WEINBERG; GOULD (2001) menciona que os psicólogos do esporte associam as lesões como uma resposta semelhantes à de indivíduos que experimentam uma doença muito grave que pode levar a morte iminente, composta pela resposta dos cinco estágios de negação, raiva, negociação, depressão e aceitação/reorganização (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

Conforme caminha o processo de reabilitação, vem à tona um sentimento de raiva e de irritabilidade, seguindo pelo aparecimento da depressão e por fim o atleta aceita a lesão e começa a ter esperança de poder voltar a competir (HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

WEINBERG; GOULD (2001), comentam que as respostas dos atletas com relação a lesão não são dadas de maneira fixa ou ordenada como os psicólogos do esporte pensavam e afirmam que os indivíduos lesionados podem exibir três categorias gerias de resposta.

- Processar a informação importante da lesão: o atleta volta a sua atenção para a lesão, para a dor física provocada pela lesão, sua extensão e como ela aconteceu, e percebe as consequências negativas (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

- Mudanças emocionais e comportamento reativo: o atleta percebe a extensão da lesão, e isto poderá torna-lo emocionalmente esgotado e agitado, promovendo o isolamento, separação, medo, descrença e negação (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

- Perspectiva positiva e controle: o atleta aceita o fato de estar lesionado e lida com isso, inicia esforços de controle positivo, exibindo boa atitude e otimismo, e fica aliviado ao notar o progresso do processo de reabilitação (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

WEINBERG; GOULD (2001) comentam que ainda existem outras reações psicológicas provocadas por uma lesão, como: medo e ansiedade. A ansiedade é uma emoção natural e necessária como parte da resposta orgânica ao estresse. Atletas lesionados experimentam altos índices de ansiedade e medo, pois se preocupam com sua recuperação, as possibilidades da ocorrência de uma nova lesão, sua possível substituição por outro atleta de maneira permanente na equipe da qual faz parte (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

VERARDI (2004) afirma que a partir dos aspectos emocionais se procura fazer uma relação entre a ação e a vivência, tanto esportiva, tanto no seu aspecto competitivo quanto na prática do esporte, presentes na experiência (apud HIROTA, TONDATO, KNIJNIK, 2012).

BECKER E SAMULSKI (1998), identificaram o medo do fracasso, o medo de determinadas competições ou adversários ou até mesmo lesões externas, como motivação negativa, eles também nos mostram que um dos aspectos de muita importância pratica é a técnica da visualização, podendo ajudar no incremento da motivação dos esportistas de elite, como também dos iniciantes e adolescentes que possuem pouquíssima habilidade.


10. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE E OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS ESTADOS EMOCIONAIS DO ATLETA.

A Psicologia, tento como prática profissional enquanto ciência, é hoje parte indispensável de qualquer ambiente esportivo, seja este aprendizado ou mesmo de alto desempenho e busca máxima de resultados. O esporte se firmou na sociedade contemporânea como uma das atividades mais difundidas, criando e recriando valores e difundindo condutas eminentemente humanas, de modo que a psicologia, que estuda e intervêm nessas condutas, é parte fundamental e essencial desse processo. Assim, repensar as práticas nos diversos contextos esportivos no sentido de incluir as dimensões psicológicas do saber e da atuação é necessidade imperiosa de um esporte que se queira formativo ou competitivo nos marcos da sociedade globalizada (HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012).

Frustrar-se significa não conseguir um determinado objetivo imediato, pode, contudo, ser a mola propulsora para a busca constante de melhores performances, sendo assim um fator-chave de motivação dentro do treinamento (HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012).

DE MARCO, (2000) nos esclarece que os obstáculos e ou entraves que o ser humano possa encontrar na pratica do esporte profissional não difere daqueles existentes nas demais profissões: vencer ou perder, sofrer pressões externas, estresse, interferências pessoais ou familiares são variáveis que podem ser experimentadas por qualquer pessoa em qualquer ramo de atividade. Assim, aspectos psicológicos das condutas humanas, como ansiedade, conflito, frustração e agressividade, são inerentes a espécie humana, independentemente da profissão em que estejamos inseridos (apud HIROTA, TONDATO E KNIJNIK, 2012).

Um dos instrumentos mais utilizados para mensurar o bem estar psicológico no meio esportivo atualmente é o Profile Mood States (POMS), utilizado para avaliar estados de humor em diversos estudos (Polman, Kaiseler e Borkoles, 2007; Audette et al, 2006; Berlon, Kop e Deuster, 2006; Scott, McNaughton e Polman, 2006; Galantino et al, 2005; Bartholomew, Morrison e Ciccolo, 2005; Ohta et al, 2005; Esposito et al, 2005; Annesi, 2005; Rietjens et al, 2005 apud DEA et al., 2011).

O POMS (Profile Mood States) foi um instrumento desenvolvido para avaliação psiquiátrica em sua forma original por MCNAIR, LOOR E DROPPLEMAN (1971). Posteriormente foi validado para aplicação esportiva, e adaptado para a língua portuguesa em versão reduzida por PELUSO (2003) (apud DEA et al., 2011).

Para a utilização do POMS no âmbito esportivo foi criado um modelo de estrutura mental que visa caracterizar o desempenho ótimo que se tornou um conceito clássico na psicologia do desporto denominado perfil iceberg (BELL E HOWE, 1986; MORGAN, 1980, 1985 apud DEA et al., 2011).

Este questionário apresenta uma forma de rápida e fácil aplicação e apresenta informações pertinentes para a preparação de atletas. Segundo VIANA, ALMEIDA E SANTOS (2001) permite avaliar precisamente 6 estados de humor:

1 – Tensão-ansiedade: indica aumento de tensão musculo esquelética e preocupação.

2 – Depressão-melancolia: apresenta um estado emocional de tristeza, desanimo, infelicidade e solidão.

3 – Hostilidade-ira: estado de humor de antipatia em relação aos outros.

4 – Vigor-atividade: relaciona-se com estado de energia e vigor físico e psicológico.

5 – Fadiga-inercia: apresenta um estado de cansaço e de baixa energia.

6 – Confusão-desorientação: caracteriza-se por um estado de confusão e baixa lucidez.

As pontuações de cada item obedecem a escala de Likert de 5 pontos: “nada” (0), “um pouco” (1), “mais ou menos” (2), “bastante” (3) e “extremamente” (4). Solicita-se ao avaliado que diga como tem se sentido nos últimos sete dias, considerando o dia da avaliação (VIANA, ALMEIDA E SANTOS, 2001 apud DEA et al., 2011).

Para análise dos gráficos é importante ter conhecimento que o valor percentil 50 foi estabelecido em estudos posteriores como a média dos valores da população não atleta e os valores 40 e 60 são considerados desvios padrões dessa população. Para uma população de atletas espera-se como ideal um valor maior do que 60 ou maior para o fator vigor e menor de 40 para os fatores negativos (tensão, depressão, hostilidade. Fadiga e confusão) (DEA et al., 2011).

Técnicas de Biofeedback proporcionam retorno imediato da frequência cardíaca, resposta galvânica da pele, tensão muscular, temperatura periférica, pressão arterial ou atividade cerebral, por exemplo o que auxilia o indivíduo a identificar processos fisiológicos de que não tem consciência ou tem dificuldade em controlar(MCKEE, 2008; STRUNK et al., 2009; HENRIQUES et al., 2011; NETO, 2011 apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016).

O treinamento em Biofeedback, por possibilitar o aprendizado do controle de respostas fisiológicas a partir da utilização de métodos de conscientização, permite o aprendizado da regulação voluntaria de determinadas emoções (MCKEE, 2008; CUTSHALL et al., 2011; PAUL e GRAG, 2012), podendo ser empregado tanto para a identificação e manejo do estresse e da ansiedade (STRUNK, SUTON E BURNS, 2009; HENRIQUES, KEFFER, ABRAHAMSON E HORST, 2011; LANTYER, VIANNA E PADOVANI, 2013) quanto para a indução do relaxamento (BHAT, 2010; STRUNK et al., 2009) (apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016.

Apesar dos estudos indicarem a importância do treinamento em Biofeedback como recurso terapêutico, essas técnicas ainda têm sido pouco utilizadas para no Brasil (LANTYER et al., 2013 apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016).

É importante deixar claro que embora a existam artigos que aponte a relevância do treinamento em Biofeedback como estratégia para otimizar a performance de atletas de alto rendimento (ISSURIN, 2013; PAUL E GRAG, 2012; PAUL, GRAG E SANDHU, 2012), até onde sabemos existem poucos estudos no Brasil que façam uso do treinamento em Biofeedback como recurso para otimizar desempenho de atletas (apud SILVA, PADOVANI E VIANA, 2016).


11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após desenvolver a pesquisa foi percebido, dentro do universo pesquisado, que existem alguns fatores que interferem o rendimento esportivo da maioria dos atletas, consequentemente afetando de maneira geral o seu rendimento.

Dessa maneira vejo que não basta apenas a atenção aos treinamentos físicos, técnicos e táticos, é necessário dar uma atenção especial aos fatores psicológicos dos atletas, para que em uma competição possam apresentar um melhor rendimento.

Outro fator importante a ser ressaltado com relação ao preparo psicológico é a atenção dada não somente as vésperas de um jogo, mas sim um trabalho continuo que enfoca a melhoria do bem-estar dos atletas, para que estes sintam-se capazes para treinar e desenvolver suas atividades junto ao grupo esportivo.

Por fim, faço a sugestão de pesquisas mais aprofundadas dentro dessa área para que possamos compreender e tomar as decisões acertadas com relação ao tema.

Sugiro também uma intervenção de trabalho de um psicólogo do esporte atuando junto a equipe desde a fase de definição de objetivos até as finais do campeonato. Com certeza a fala dos profissionais envolvidos no esporte, poderiam ser aprimoradas, bem como a atuação direta com os estados emocionais dos participantes, quer eles sejam atletas, pais, torcedores ou a própria comissão técnica.

Trazer à tona questionamentos como a influência que a psicologia pode ter, ajudando a melhorar a aprendizagem esportiva, além de dar continuidade durante todo o treinamento dos esportistas, faz visível a possibilidade de trabalharmos interdisciplinarmente a fim de melhorar a performance, mas além de tudo superar as possíveis frustrações que a aprendizagem esportiva possa trazer – pois, errar não é fracassar e nenhum atleta erra de propósito, este advém de uma tentativa de acerto.

A psicologia, como vimos acima, com seus conceitos, intervenções e pesquisas, é a ciência, dentro do escopo das ciências do esporte, que quando bem empregada, ajuda a revelar, ampliar e proteger o lado humano do esporte, para que ele sempre seja motivo de desenvolvimento pessoal e social, pois o esporte como, atividade humana, é uma ferramenta, que deve ser utilizada adequadamente.


12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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