ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DO AUTISMO
As manifestações do TEA (Transtorno do Espectro Autista) são, basicamente, comportamentais e qualitativas, relacionadas à dificuldade na interação social e na comunicação, além de se evidenciarem padrões de comportamento repetitivos e estereotipados.
Existem dois grupos de sintomas característicos:
1. Déficits na comunicação e interações sociais.
2. Comportamentos repetitivos e estereotipados
ESCALAS DE DIAGNÓSTICO E RASTREIO DO TEA
· Children Autism Rating Scale (Escala de Avaliação de Autismo Infantil);
· Autism Diagnostic Observation Schedule (16 a 35 meses) (Cronograma de Observação e Diagnóstico do Autismo);
· Checklist for Autism in Toddlers (Lista de verificação para Autismo em Crianças - que estão começando a andar);
· Autism Behavior Checklist (Lista de Verificação do Comportamento Autista);
· Autism Screening Questionnaire (Questionário de Rastreio do Autismo).
Se faz necessário uma visão multidisciplinar e interdisciplinar para o diagnostico do TEA, e requer uma diferenciação das várias formas com que a criança utiliza a linguagem, a comunicação simbólica e a atividade imaginativa, já nos seus primeiros três anos de vida.
As alterações precoces do âmbito da socialização são consideradas o elemento central do TEA, tendo enorme impacto na vida dos indivíduos afetados, levando a existência de dificuldades na adaptação social, no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal e no comportamento.
A adaptação com meio em que o indivíduo com TEA está inserido, na perspectiva da neuropsicologia, é associado à cognição social.
Processos cognitivos como atenção, memória, linguagem e funções executivas são necessárias para a cognição social, apesar de serem construtos diferentes e usarem sistemas de processamento independentes.
Tanto os prejuízos na cognição social como aqueles que afetam os processos cognitivos têm sido considerados elementos centrais na compreensão dos sintomas e da funcionalidade das pessoas com TEA.
A neuropsicologia permite um refinamento na avaliação das alterações da linguagem, na função executiva e na cognição social, que pode auxiliar o diagnóstico precoce e dar subsídios neurobiológicos e comportamentais para o planejamento das intervenções mais efetivas, assim como possibilitar a capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir das informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico a cognição social.
COGNIÇÃO SOCIAL
É como as pessoas processam informações no contexto social, o que envolve a percepção do outro, atribuições causais de si e dos outros, julgamento social para a tomada de decisões e outros elementos.
As possibilidades de dividir experiências com outras pessoas, compartilhar a atenção, compreender o que o outro está sentindo (empatia) e reconhecer expressões faciais constituem expressões da cognição social. Inclui, ainda, as funções relacionadas à percepção social, como teoria da mente, reconhecimento de emoções e coerência central.
OS MODELOS DA COGNIÇÃO SOCIAL
Modelo de processamento interativo: proposto a partir de uma base neural dividida em dois sistemas: um reflexivo (relacionados a processos automáticos modulados por estruturas límbicas mais filogeneticamente primitivas, como a amígdala).
Modelo de processamento refletivo: processos voluntários mais recentes que envolvem áreas neocorticais como o lobo pré-frontal e circuitos executivos relacionados.
Modelo Conceitual: Dividido em 4 habilidades
1. Percepção emocional;
2. Percepção social;
3. Teoria da mente;
4. Estilo de atribuição.
As habilidades de cognição social podem ser verificadas com base:
· Escala de Comportamento Adaptativo (entrevista semiestruturada que verifica habilidades de 4 domínios (AVD (atividade da vida diária) e autonomia, comunicação, socialização e motricidade)) na faixa dos 0 a 18 anos.
· Subteste de compreensão das escalas Wechsler de inteligência, que avalia situações em que o indivíduo precisa fazer uma leitura dos sinais fornecidos pelo ambiente social e observar padrões comportamentais. Dificuldades para compreender senso comum, juízo social e provérbios podem ser inferidos por meio desta tarefa.
· Inventários de habilidades sociais podem ser utilizados.
TEORIA DA MENTE
Capacidade de inferir e compreender estados mentais dos outros.
O processo envolve um sistema de inferências sobre estados não diretamente observáveis, mas que podem ser usados para predizer o comportamento.
Existem quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental, sendo:
1. Detentor de intencionalidade: capacidade de interpretar determinado estímulo ou situação a partir do seu desejo para uma meta específica.
2. Direção do olhar: detecção do olhar do outro em direção ao estímulo/objeto ou ao indivíduo, incluindo a interpretação de que o que o primeiro vê é o mesmo que o segundo vê
3. Atenção compartilhada: a partir dos módulos anteriores, as informações são captadas e enviadas para este. Percepção da relação de si, do outro e do estímulo (olharia para um objeto e depois para a outra pessoa, inter-relacionando-os).
4. Integração: das informações anteriores, obtendo a percepção do desejo, intenção e crença do outro e originando assim um aparato teórico coerente.
A partir da integração desses módulos, o indivíduo forma sua capacidade para compreender o comportamento do outro em um contexto específico e, com essas informações, pode definir e direcionar o seu próprio comportamento.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA MENTE
· Teste de Sally-Ann (situação da cesta/caixa): crianças com TEA têm dificuldades para compreender o que a personagem pensava e antecipar o seu comportamento com base no seu pensamento.
· NEPSY-II (32 subtestes e 4 tarefas tardias que avaliam funções como atenção, memória, aprendizagem, linguagem, processamento visuoespecial, habilidade sensório-motora, função executiva e percepção social).
· O subteste de teoria da mente através de duas tarefas:
1- Verbal (compreensão e percepção da intenção de si e dos outros, decepção, crenças, emoções e imitação);
2- Contextual (habilidade de relacionar uma situação com a emoção em um determinado contexto social).
· O subteste de compreensão de metáforas da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação.
As respostas do TEA tendem a ser concretas
CAPACIDADE DE INTEGRAR FONTES DE INFORMAÇÕES PARA ESTABELECER SIGNIFICADO EM UM CONTEXTO COM COERÊNCIA.
COERÊNCIA CENTRAL
Capacidade de perceber o todo da informação tanto verbal como visual.
São evidenciadas, no TEA, alterações no processamento gestáltico das informações, privilegiando-se partes ao invés do todo.
Podem ser reveladas na execução tardia da Figura Complexa de Rey (medida de construção visuo-espacial e memória não verbal), uma vez que o foco da atenção recai nos detalhes da figura, e não na percepção do todo.
Dificuldades em tarefas verbais de integração de sentenças em um parágrafo ou de identificação de figuras fragmentadas.
As emoções são percebidas por meio de mudanças faciais sutis e, também, na modulação/entonação da voz, que dão ênfase à emoção específica expressa em determinado contexto social.
RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
Já nos primeiros meses os bebês respondem às expressões faciais maternas; com 2 anos, as crianças mostram maior capacidade para nomear as emoções; aos 3 já relatam experiências emocionais; e aos 4 já percebem que as reações emocionais podem variar de pessoa para pessoa.
No TEA apresenta alterações da identificação, processamento e prosódia (características da emissão dos sons) afetiva de emoções. Dificuldade na identificação de emoções primárias de medo, raiva, surpresa e nojo.
INSTRUMENTOS PARA RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
· Subteste de reconhecimento de emoções da bateria NEPSY-II (reconhecer emoções em faces de crianças).
· Teste de conhecimento emocional (medida CE). 3 a 6 anos. Importante ferramenta na abordagem precoce.
· Coeficiente de empatia e sistematização para crianças.
· Teste dos olhos
LINGUAGEM
Capacidade para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação.
No TEA, déficits na linguagem tendem a ser globais e em geral são percebidos logo nos primeiros anos de vida, quando são esperadas as respostas imediatas aos chamados, bem como as expressões iniciais de comunicação oral e, com o tempo, das capacidades de abstração e narrativa.
Apresenta um impacto nas relações sociais, comunicação, expressão e compreensão de intenções, crenças e desejos do outro.
Dificuldades de abstração verbal e de narrativa podem ser inferidas por meio dos subtestes de Semelhança e Vocabulário das escalas Wechsler bem como tarefas qualitativas como contar uma história (capacidade de sequenciar).
Ocorre alterações na prosódia (entonação monótona e robotizada), que pode ser identificada através do Subteste de prosódia emocional da bateria MAC.
FUNÇÕES EXECUTIVAS
É um conjunto de processos cognitivos que permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades socialmente relevantes, tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas previamente estabelecidas.
AS FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Abrange diversas habilidades: iniciar determinada ação, estabelecer metas, planejar e organizar os processos para seu cumprimento, inibir estímulos distratores e respostas automáticas, monitorar a eficiência das estratégias adotadas para resolução dos problemas e, quando necessária, criar, novos, esquemas de atuação.
• NO TEA, em relação as funções executivas, o indivíduo apresenta:
Dificuldades de planejamento, organização, flexibilidade mental, controle inibitório e fluência verbal e visual.
Na aplicação do Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin, os indivíduos com TEA: expressam pensamentos rígidos e dificuldades para avaliar novas estratégias diante de mudanças.
Respostas perserverativas em tarefas de fluência verbal fonológica e visual.
Problemas com a tarefa da Torre de Londres (demanda planejamento, flexibilidade e organização) demonstrando impulsividade e rigidez.
Baixo desempenho em testes de memória episódica que envolvem recordação serial (lista de rey – teste de aprendizagem áudio-verbal - RAVLT), evidenciam falha no controle inibitório.
Baixo desempenho nos subtestes de linguagem nas escalas Wechsler, mas têm escores médio nos de habilidades visuoconstrutivas e de memória.
Instrumentos que priorizam inteligência não-verbal são indicados para indivíduos não-verbais.
SÍNDROME DE ASPERGER
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico enquadrado dentro da categoria Transtornos do Neurodesenvolvimento.
A Síndrome de Asperger afeta a forma como as pessoas percebem o mundo e interagem com outras pessoas. Trata-se de um dos perfis do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Pessoas com Asperger vêem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente de outras pessoas. Se você tem síndrome de Asperger, você tem um quadro para a vida – não é uma doença e, portanto, não pode ser curada, mas tratada. Muitas vezes, as pessoas sentem que a Síndrome de Asperger é um traço fundamental da sua identidade.
ESPECTRO DO AUTISMO
O autismo é uma condição de espectro. Todas as pessoas autistas compartilham certas dificuldades, mas ser autista tem implicações particulares e únicas em cada indivíduo. Algumas pessoas com síndrome de Asperger podem apresentar problemas de saúde mental ou outras condições, o que significa que as pessoas precisam de diferentes níveis e tipos de apoio.
Pessoas com Síndrome de Asperger possuem inteligência média ou acima da média. Eles geralmente não têm dificuldades de aprendizagem que muitas pessoas autistas têm, mas podem ter dificuldades específicas de aprendizagem. Eles têm menos problemas com a fala, mas ainda podem ter dificuldades em entender e processar a linguagem.
Com o tipo certo de apoio, todos podem ser ajudados a viver uma vida mais gratificante de sua própria escolha.
O AUTISMO, incluindo a SÍNDROME DE ASPERGER, é muito mais comum do que a maioria das pessoas pensam.
De acordo com o jornal El País, cerca de 1% da população mundial tem algum tipo de TEA, segundo dados dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos. E segundo a revista especializada Jama Pediatrics, mais de 3,5 milhões de norte-americanos têm autismo, enquanto no Reino Unido 604.000 pessoas são classificadas dentro desse espectro.
Estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 2 milhões de autistas. Aproximadamente 407 mil pessoas somente no estado de São Paulo. As pessoas com síndrome de Asperger vêm de todas as nacionalidades e contextos culturais, religiosos e sociais, embora pareça afetar mais homens do que mulheres.
Algumas pessoas com Síndrome de Asperger afirmam sentir o mundo de forma esmagadora como entender e se relacionar com outras pessoas, participar de toda a vida familiar, escolar, laboral e social pode ser mais difícil e isso pode causar grande ansiedade.
Pessoas com Síndrome de Asperger podem se perguntar por que são “diferentes” e sentir que suas diferenças sociais significam que as pessoas não as entendem. Já outras pessoas parecem saber, intuitivamente, como se comunicarem e interagirem uns com os outros, porém podem apresentar dificuldades para construir um relacionamento com pessoas com Síndrome de Asperger.
Alguns pais de crianças autistas dizem que outras pessoas simplesmente pensam que seu filho é levado, enquanto outros adultos (indivíduos) acham que eles são mal interpretados.
DIAGNÓSTICO
Geralmente é realizado por uma equipe de diagnóstico multidisciplinar e interdisciplinar, incluindo frequentemente um fonoaudiólogo, pediatra, psiquiatra e psicólogo. Como a Síndrome de Asperger varia muito de pessoa para pessoa, fazer um diagnóstico pode ser difícil. Pode ser diagnosticado tardiamente em crianças, quando comparado a outros espectros do autismo. Algumas dificuldades podem não ser reconhecidas e diagnosticadas até a idade adulta.
Algumas pessoas vêem um diagnóstico formal como um rótulo inútil. No entanto, obter uma avaliação e diagnóstico oportuna e completa pode ser útil porque:
Ajuda pessoas com Síndrome de Asperger (e suas famílias, parceiros, empregadores, colegas, professores e amigos) a entender como eles podem enfrentar certas dificuldades e o que podem fazer sobre elas;Permite que as pessoas tenham acesso a serviços e suporte
Obter um diagnóstico formal de autismo pode significar acesso ao suporte certo. Representa também uma explicação de porquê certas coisas são tão difíceis.
Se você deseja obter um diagnóstico assertivo, o primeiro passo é agendar uma consulta com um psicólogo ou neuropsicólogo. Profissionais especializados em transtornos de desenvolvimento podem ajudá-lo com as orientações sobre o tratamento mais adequado.
As características da Síndrome de Asperger variam de uma pessoa para outra. Para que um diagnóstico seja confirmado, o indivíduo provavelmente terá apresentado dificuldades persistentes com comunicação social, interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, atividades ou interesses desde a primeira infância. Esses padrões, em geral, “limitam e prejudicam o funcionamento cotidiano”.
O autismo é uma condição de espectro. Todas as pessoas autistas compartilham certas dificuldades, mas ser autista afetará cada indivíduo de maneira diferente. Essas diferenças, juntamente com as diferenças na abordagem diagnóstica, resultaram em uma variedade de termos usados para diagnosticar pessoas autistas. Os termos que foram usados incluem autismo, transtorno do espectro do autismo (TEA), condição do espectro do autismo, autismo atípico, autismo clássico, autismo Kanner, transtorno invasivo do desenvolvimento, autismo com alto funcionamento e Síndrome de Asperger.
Devido às mudanças recentes e futuras dos principais manuais de diagnóstico, o “transtorno do espectro do autismo” (TEA) provavelmente se tornará o termo diagnóstico mais comum. No entanto, os clínicos ainda usarão termos adicionais para ajudar a descrever o perfil de autismo particular apresentado por um indivíduo.
DIFICULDADES COM COMUNICAÇÃO SOCIAL E INTERAÇÃO SOCIAL
COMUNICAÇÃO SOCIAL
Pessoas autistas, incluindo aqueles com Síndrome de Asperger, têm dificuldade em interpretar linguagem verbal e não verbal como gestos ou tom de voz. Muitos têm uma compreensão muito literal da linguagem. Em geral, não conseguem compreender quando as pessoa utiliza uma palavra com segunda interpretação. Por exemplo, quando alguém utiliza a expressão “aquela mulher é uma gata”. É muito difícil compreender, que gata, nesse contexto, significa beleza e não o animal. Eles podem achar difícil usar ou entender:
Expressões faciais
Tom de voz
Piadas e sarcasmo
Imprecisão
Conceitos abstratos.
As pessoas com Síndrome de Asperger geralmente têm boas habilidades linguísticas. Porém, ainda podem achar difícil entender as expectativas dos outros dentro de conversas. Podem repetir o que a outra pessoa acabou de dizer (isto é chamado de ecolalia) ou conversar extensamente sobre seus próprios interesses.
É importante falar de forma clara e consistente e a dar tempo às pessoas para processar o que lhes foi dito.
INTERAÇÃO SOCIAL
As pessoas com Síndrome de Asperger têm dificuldade em reconhecer ou entender os sentimentos e intenções das outras pessoas e expressar suas próprias emoções. Torna-se muito difícil para eles a interação no mundo social. Eles podem:
Parecer ser insensíveis;
Procurar tempo sozinho quando sobrecarregado por outras pessoas;
Não procurar o conforto e carinho de outras pessoas;
Se comportar “estranhamente” ou de uma maneira considerada, por outros, como socialmente inapropriada.
Pode ser difícil criar amizades. Alguns podem desejar interagir com outras pessoas e fazer amigos, mas podem não ter certeza de como realizar isso.
COMPORTAMENTO REPETITIVO E ROTINAS
O mundo pode parecer um lugar muito imprevisível e confuso para pessoas com Síndrome de Asperger. Indivíduos com Asperger, muitas vezes preferem ter uma rotina diária para que eles saibam o que acontecerá todos os dias. Eles costumam seguir o mesmo trajeto para a escola ou trabalho. Gostam de comer exatamente o mesmo alimento para no café da manhã, por exemplo.
O uso de regras também pode ser importante. Pode ser difícil para alguém com Asperger ter uma abordagem diferente para algo, uma vez que eles tenham sido ensinados a maneira “certa” de fazê-lo. Podem não se sentir confortáveis com a ideia de mudança, mas podem ser capazes de lidar melhor se puderem preparar as mudanças com antecedência.
INTERESSES ALTAMENTE FOCADOS
Muitas pessoas com Síndrome de Asperger têm interesses intensos e altamente focados. Estes interesses podem mudar ao longo do tempo ou manter-se inalterados ao longo da vida, como artes, música, gosto por carros ou computadores. Um interesse às vezes pode ser incomum.
Muitos canalizam seu interesse para estudos, trabalho, voluntariado ou outra ocupação significativa. Pessoas com Síndrome de Asperger relatam frequentemente que a busca de tais interesses é fundamental para seu bem-estar e felicidade.
SENSIBILIDADE SENSORIAL
Pessoas com Síndrome de Asperger também podem experimentar maior ou menor sensibilidade a sons, toques, gostos, cheiros, luz, cores, temperaturas ou dor. Por exemplo, eles podem encontrar certos sons de fundo, que outras pessoas ignoram ou bloqueiam, insuportavelmente alto ou distrativo. Isso pode causar ansiedade ou até mesmo dor física. Ou eles podem estar fascinados por luzes ou objetos giratórios.
A CAUSA DA SÍNDROME DE ASPERGER
A causa exata do autismo (incluindo a Síndrome de Asperger) ainda está sendo investigada. Pesquisas sugerem que uma combinação de fatores – genéticos e ambientais – podem explicar diferenças no desenvolvimento. Não é causada pela educação de uma pessoa, suas circunstâncias sociais e não é culpa do indivíduo com a condição.
Não há “cura” para a síndrome de Asperger. No entanto, há uma série de estratégias e abordagens úteis para melhorar a condições de vida.
Você pode ajudar pessoas com síndrome de Asperger e suas famílias da seguinte forma:
Divulgando sua compreensão sobre autismo
Realizando doações para entidades que apoiam a causa, como a Associação Amigos do Autista (AMA) - https://www.ama.org.br/. Voluntariando-se em instituições como a Aampara (Associação de Atendimento e Apoio ao Autista) - https://www.aamparaautismo.org.br/
FAMOSOS COM SÍNDROME DE ASPERGER
Bill GatesVicent
Van Gogh
Albert Einstein
Isaac Newton
Nikola Tesla
Steven Spielberg
Tim Burton
Woody Allen
Keanu Reeves
Lionel Messi
Michael Phelps
Ludwig VanBeethoven
(Texto traduzido e adaptado do artigo em inglês Asperger Syndrome)
AUTISMO
Autismo é um transtorno de desenvolvimento grave, que prejudica a capacidade de um indivíduo se comunicar e interagir com outras pessoas.
O autismo faz parte de um espectro de condições que limitam habilidades, interações sociais, comportamentos, a fala e comunicação não-verbal. Trata-se de uma condição geral para um grupo de desordens no desenvolvimento cerebral.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) agrupou o autismo, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e a síndrome de Asperger, como quadros integrantes de um único diagnóstico chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA). O espectro agrupa desde um quadro mais leve (alta funcionalidade), com inteligência acima da média, a casos em que há deficiência intelectual (baixa funcionalidade).
Alguns estudiosos contestam o novo agrupamento feito pelo DSM-V. Alguns afirmam que os parâmetros atuais são vagos e por vezes, confusos. Em um mesmo grupo temos autistas gravemente incapacitados, que não conseguem nem falar. E, também, temos Albert Einstein e Bill Gates diagnosticados com Asperger.
AUTISMO: DESAFIOS E DIFERENCIAIS
Indivíduos com autismo enfrentam problemas no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social. No entanto, quando falamos de um “espectro”, falamos de uma ampla variação. Cada pessoa que recebe um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista é única. Importante ressaltar que o autismo se manifesta de várias maneiras e nunca é exatamente igual de uma pessoa para outra.
Muitas pessoas com autismo não falam, mas compreendem a linguagem plenamente. Apenas são incapazes de comunicar em palavras seus sentimentos em relação ao que estão ouvindo. Autistas podem ter dificuldade em interpretar sinais não verbais transmitidos por outras pessoas, em bater papo ou em compreender a linguagem corporal. Por outro lado, pessoas com autismo muitas vezes superam os outros em tarefas auditivas e visuais, e, também são melhores em testes de inteligência não verbais. Pessoas com autismo têm, frequentemente, memórias excepcionais, e podem se lembrar de informações que leram semanas atrás.
Os indivíduos com autismo podem possuir a habilidade de concentrar-se fortemente sobre uma só coisa. Isso lhes permite aprofundar-se muito naquilo que desperta seu interesse. Alguns indivíduos se tornam pianistas ou cantores incríveis, graças ao fato de possuírem uma capacidade espantosa de decorar canções e notas musicais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são autistas. De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, 150 mil novos casos de autismo são diagnosticados por ano no Brasil. Estima-se que o Brasil tenha hoje cerca de 2 milhões de autistas. Aproximadamente 407 mil pessoas somente no estado de São Paulo.
O transtorno do espectro autista afeta o sistema nervoso. O alcance e a gravidade dos sintomas podem variar amplamente. Os sintomas mais comuns incluem dificuldade de comunicação, dificuldade com interações sociais, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos. O critério de diagnóstico se baseia na funcionalidade, ou seja, na capacidade de um indivíduo realizar atividades simples.
Baixa funcionalidade: mal interagem. Em geral, vivem repetindo movimentos e apresentam retardo mental, o que exige tratamento pela vida toda.
Média funcionalidade: são os autistas clássicos. Têm dificuldade de se comunicar, não olham nos olhos dos outros e repetem comportamentos.
Alta funcionalidade: também chamados de asperger, têm os mesmos prejuízos, mas em grau leve. Conseguem estudar, trabalhar, formar família.
Síndrome de savant: cerca de 10% pertencem a essa categoria marcada por déficits psicológicos. Porém, são detentores de uma memória extraordinária.
Em matéria publicada pela Revista Saúde, em outubro de 2017, Temple Grandin prefere definir os autistas por afinidades e padrões de pensamento. Segundo ela, pessoas com autismo podem ser divididas em três grupo:
O primeiro grupo pensa por imagens e gosta de atividades manuais. Eles têm habilidade para desenhar, pintar, cozinhar, costurar… E podem seguir carreiras como ilustrador, fotógrafo, designer.
O segundo grupo de autistas pensa por palavras e fatos. Essa turma decora trechos de livros e diálogos de filmes com muita facilidade. E pode se dar bem fazendo curso de letras, história, jornalismo…
Um terceiro tipo de autista é o que pensa por padrões e se dá bem em música ou matemática. Na infância, adora brincar com peças de Lego. No futuro, rende um bom engenheiro, físico, programador de computador, músico…
Temple Grandin é autora dos livros Cérebro Autista, Thinking in Pictures (Pensando em imagens) e uma menina estranha, autobiografia que já virou filme.
Até o presente momento não existem causas conclusivas para o autismo. Alguns estudos e pesquisas levantam indícios de que o transtorno possa estar relacionado com alterações genéticas. Com o avanço da tecnologia e genética, neuropsicólogos e neurocientistas associam o autismo com mutações genéticas, doenças metabólicas e outros transtornos do desenvolvimento.
Mesmo as causas do autismo não sendo efetivamente conhecidas, cientistas e pesquisadores afirmam existirem fatores de risco:
Gênero: Crianças do sexo masculino são mais propensos a terem Autismo. Estima-se que para cada 8 meninos autistas, 1 menina também é.
Genética: Cerca de 20% das crianças que possuem Autismo também possuem outras condições genéticas, como Síndrome de Down, Síndrome do X frágil, esclerose tuberosa, entre outras.
Pais mais velhos: A ciência diz que, quanto mais velho alguém ter um filho, mais riscos as crianças têm de desenvolver algum tipo de problema. E com o Autismo não é diferente.
Parentes autistas: Caso a família já possua histórico de Autismo, as chances de alguém também possuir são maiores.
OS DIREITOS DE UMA PESSOA COM AUTISMO
Em matéria publicada em novembro de 2017, o jornal a Gazeta do Povo trouxe o autista como um sujeito de direitos. O jornal aborda os direitos nas áreas da saúde, educação, mercado de trabalho, transporte, previdência e segurança jurídica dos autistas.
A Lei 12.764
A Lei que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista é a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Esta lei estabelece algumas diretrizes e define, em seu parágrafo primeiro, um indivíduo com Transtorno do Espectro Autista como sendo portador de:
I – Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II – Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
A regulamentação prevê a atenção integral às necessidades da pessoa com transtorno do espectro autista. Os objetivos são o diagnóstico precoce, atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos. Tem como diretriz o estímulo à inserção da pessoa autista no mercado, observadas as peculiaridades da deficiência.
DIREITOS NA ÁREA DE SAÚDE
Em seu artigo terceiro, a lei assegura como direito o acesso a serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades, incluindo:
o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
o atendimento multiprofissional;
a nutrição adequada e a terapia nutricional;
os medicamentos;
informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento.
ACESSIBILIDADE
É direito do indivíduo com autismo ter acesso:
à educação e ao ensino profissionalizante;
à moradia, inclusive à residência protegida;
ao mercado de trabalho;
à previdência social e à assistência social.
De acordo com a lei, conforme a necessidade, a pessoa autista tem direito a acompanhante especializado em classes do ensino regular.
Tratamento
O autismo é um quadro para vida toda, portanto não há uma cura. Sendo assim, o reconhecimento precoce, assim como a psicoterapia, as terapias comportamentais, educacionais e familiares reduzem os sintomas e fornecem um pilar de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem.
Com o estímulo adequado e ajuda de uma equipe multidisciplinar uma criança com autismo pode conseguir atingir um ótimo desenvolvimento. Como equipe multidisciplinar entende-se um fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, neurologista, psicólogo e pediatra.
SUPORTE AOS PAIS
Recomenda-se também que os pais de crianças com autismo procurem a orientação de um psicólogo. É importante que os pais façam acompanhamento psicológico para compreender e lidar melhor com as questões que surgirão. A participação em grupos de apoio onde possam compartilhar experiências e vivências também é de grande valia.
Listamos abaixo algumas organizações que além de promover e incentivar pesquisas sobre autismo, oferecem apoio para pais e familiares de pessoas autistas.
AMA – Associação de Amigos do Autista – ama.org.br
Instituto Autismo é Vida – No site do Instituto Autismo é Vida existe uma lista com diversas instituições e grupos de Facebook que oferecem apoio gratuito a famílias de pessoas com autismo. www.autismoevida.org.br
ABRA – Associação Brasileira de Autismo – www.autismo.org.br
Autismo e Realidade – autismo.institutopensi.org.br
Casa da Esperança – autismobrasil.org
FADA – Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Autista. www.fada.org.br/program/
Instituto Ninar (Goiânia-GO) – institutoninar.com.br
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